sexta-feira, 19 de maio de 2017

Situações fofas com crianças (parte 2)

Para quem perdeu a parte 1:  https://goo.gl/1jgpor
---


- Tia, meu final de semana foi muito legal. Eu fui ao círculo, vi os palhaços...

---

- Uiiiiii, a tia está de óculos de sol! Hmmmmmmm, uiiiiiiiiiiiiii.




---

- Vamos contar quantas letras tem o nome da Ester, nossa ajudante hoje? 1,2,3,4,5!

- Eita tia. E 5 também é meu ano!

---

- Tia?

- Oi!

- Me dá um abraço. Eu estava com saudades...
---

- Temos que economizar água, porque está acabando água no nosso planeta, né, professora?

O colega responde:

- Não, darrrr, está acabando água na Terra.

---

- Eiiii, não pode sair do parque para ir às casinhas. A tia não deixa.

- Ela deixou sim.

- Você deixou tia?

- Sim, Pedro, pode ir.

Ele pára, pensa, olha para o lado e diz, fazendo sinal de positivo com a mão:

- Valeu!
---

- Isabel, você faltou muito nesses dias. O que aconteceu?

- Eu estava dodói. 
---

Aí você chega a casa da sua irmã para dar um vale night, vestida com a blusa do Batman. Seu sobrinho olha e diz para o pai:

- Papai, quero trocar meu pijama. Quero dormir com a blusa do Superman.

---

- Vamos lá pessoal. O que vocês fizeram de bom no final de semana? Juliana.

- Eu fui para a casa da minha avó e tomei banho de piscina.

- Carlos.

- Eu joguei bola.

- David.

- Eu... É... Eu... É... Hmmmm.. Eu... Então, eu... Aí, eu... Ai, tia, não sei. 

---

- Olha, professora. Eu estou brincando de veterinário.

- E eu estou brincando de pai, professora.
---

- Vamos lá, meninos. Como fazemos o 19?

- O 1 e o 9. 

- E o 14?

- O 1 e o 14, professora.
---

- Professora, eu tenho uma surpresa para você amanhã.

- É? Eu também tenho uma para você.

- Não, tia, mas a minha é um ovinho de Páscoa para você.

---

Aí você está em um dia super turbulento e só consegue lanchar no final do turno. Coloca sua vasilhinha de peta lá fora para vigiá-los no parque, mas volta na sala para buscar sua tesoura. Sua aluna vai lá e pega uma peta:

- Carla, não pode pegar assim. Se você quiser, tem que falar com a tia e pedir, ok? Você é uma menina educada e é assim que meninas educadas fazem. 

Aí os outros: 

- Tia, me dá uma.

- Eu também quero.

- Eu também.

- Eu também, tia.

E assim você não aguenta, dá as petas, fica com fome, mas super feliz ao ver seus sorrisinhos.

---

- Gente, o encontro de pais é no sábado. Não deixem de vir e tragam quem vocês quiserem.

- Tia, pode trazer minha irmã?

- Pode.

- E meu primo Diogo?

- Pode. É quem vocês quiserem.

- E meu pai?

- Pode.

- E minha tia?

- Pode. Gente, tragam quem vocês quiserem, qualquer pessoa.

- Pode trazer minha avó?

E assim a conversa se estende por mais uns 15 minutos hehehe.

sexta-feira, 5 de maio de 2017

Carta aberta aos pais ou responsáveis





Carta a pais ou responsáveis que precisam entender melhor nosso trabalho. Se você já entende e nos ajuda a melhorar nossa atuação, essa carta não é para você.

Carta baseada na atuação de professores comprometidos. Se você é professor e é um “picareta”, dando motivo para pais ou responsáveis não gostarem de nossa categoria e generalizar achando que todos são assim, essa carta não te inclui.

Agora vamos começar...

Carta aberta aos pais ou responsáveis:

Sim, nós somos seres humanos. Fazemos o número 1 e o número 2, por isso saímos de sala alguns minutos. Sim, há dias em que estamos tristes, pois também temos problemas. Sim, há dias em que estamos muito doentes e vamos trabalhar, por isso não rendemos 100%. E sim, há dias em que estamos extremamente doentes e nem conseguimos ir trabalhar. Isso não faz de nós “vagabundos”, “desgraçados” ou “folgados”. Achou pesado? Mas já vi professor ser chamado assim. Ah, nós erramos. Acho que é bom lembrar. Em lugar nenhum está escrito que professor deve ser perfeito. Mesmo porque não existe.

Tirar atestado ou licença é um direito nosso. Mas saibam que, entre trabalhar ou ficar doente ou nos ausentar por outro motivo (que normalmente é um motivo ruim), preferimos trabalhar.

Não fique com raiva se não demos atenção direito na porta quando você veio conversar conosco. Temos que olhar os alunos, que são a prioridade. E falar com outros pais. E resolver problemas. E pegar o bilhete que nos entregaram na mesma hora em que você estava lá. E socorrer os que estão brigando. E ouvir o que aquele aluno quietinho quer nos dizer. E tudo isto ao mesmo tempo.

E, se a chateação continuar, converse conosco e não com a direção. Somos adultos e podemos nos entender, dialogar. Quem não consegue resolver conflitos são crianças. Elas é que precisam de um intermediador.

Nós só temos 2 olhos. E eles ficam na parte da frente da cabeça. E nós piscamos. Logo, se algo acontecer quando nos virarmos de costas por poucos segundos ou quando piscarmos, não é culpa nossa. Acidentes acontecem. Mas acredite: tentamos ficar o mais alerta possível.

Por favor, não pense que só porque ganhamos menos do que outras profissões somos burros. Há muitos professores extremamente inteligentes, que abriram mão de várias coisas de status em prol do magistério. Ou que têm outro concurso mais “polpudo” e “interessante” e também dão aula. Ou falam outras línguas, estudam... Enfim, não nos vejam apenas por meio do contracheque. Mas é com ele que pagamos nossas contas com honestidade, enquanto muitos que nos olham com desdém não o fazem.

Não diga que a culpa de um aluno que não está bem no conteúdo  é só nossa. Para uma criança ir bem na escola, ela depende de vários fatores: família, políticas públicas, comunidade, projetos, e também de um bom professor. A última parte garantimos, as outras não dependem de nós. Não coloque essa responsabilidade toda em nossos ombros, não somos super-heróis.

Cuidado com o que falam de nós para outros pais. Temos sentimentos e palavras também nos machucam. Somos seres humanos, não custa reiterar.

Não ache ruim quando te chamamos para reclamar do seu filho por algo que ele fez. Por vezes nos falta sabedoria nestes momentos? Talvez... Mas se fazemos isso, é porque nos preocupamos com ele.

Sei que é difícil, mas sim, é necessário decorar nosso nome e o número da sala que seu filho estuda, pelo menos nos anos iniciais. Desculpa a franqueza, mas isso é o mínimo. Sabemos que é complicado... Mas você está falando com aqueles que têm de decorar no mínimo 20 nomes por ano, e mais o dos seus pais. Logo, acredite, vocês conseguem.

Tenham paciência, por favor. Não saberemos seus nomes, dos avós, e dos outros parentes no primeiro dia de aula. Levará um certo tempo, mas iremos nos esforçar. Também não guardaremos todas as informações de alimentação, quem leva e quem busca, quem é o pai de quem , tudo de primeira. Levaremos alguns dias e precisaremos que vocês repitam. Vocês são muitos, nós somos apenas um, mas seremos cuidadosos com cada informação.

Não, não te vemos como nossos inimigos. Te vemos como parceiros. Amamos seus filhos e queremos o crescimento deles, assim como vocês. Isso inclui broncas? Sim. Isso inclui eles se chatearem com a gente porque não faremos o que eles querem? Sim. Mas faz parte do processo. Dizer "não" é essencial. Isso faz com que saibam que irão se frustrar na vida, que o universo não gira em torno deles e que não terão tudo que querem. A frustração é o que nos faz ficar fortes em meio às lutas da vida. Vocês sabem muito bem disso. Só conquistaram o que têm hoje porque levaram vários  "nãos", correram atrás e conseguiram o que queriam.

A carta, por hora se encerra aqui. Perdão pela forma direta de falar, mas espero de coração que ela nos faça refletir sobre as atitudes que temos tido para com aqueles que suam sangue na camisa em prol de seus bens mais preciosos. Obrigada!