sábado, 26 de dezembro de 2015

Abayomi

Assim que eu entrei como professora na Secretaria de Educação, eu me deparei com uma turminha “daquele jeito”. Muitos alunos difíceis, era um quarto ano da pesada mesmo.

Entre eles, havia uma aluna chamada Raquel (nome fictício). Ela era muito respondona, abusada que só. Eu brigava muito com ela, quase todo dia, pois ela sempre aprontava. Resumindo, sem medir as palavras: a gente se detestava. Essa era a verdade.

Mas teve um dia que foi feia a coisa. A gente discutiu mesmo, eu fiquei com tanta raiva que falei tudo o que não devia. Só não xinguei e falei palavrão, mas briguei muito, fiquei vermelha, chamei-a de abusada, disse que ela não tinha o menor respeito por ninguém, que ela não podia crescer assim, entre outras coisas. Quem é professora me entende, tem vezes que a gente sai do eixo. Expulsei Raquel de minha sala cuspindo fogo.

Na hora que eu me acalmei, eu pensei: Gente, o que foi que eu fiz? Ela é uma menina, eu sou uma adulta. Não é assim que eu resolverei as coisas. Nossa, que horror!

Enfim, naquele ano, eu dava aula de manhã e, em uma tarde, eu e meus colegas fomos a uma palestra muito bacana sobre o Dia da Consciência Negra. Lá, entre outras coisas, aprendemos a fazer uma bonequinha chamada Abayomi. Vou contar o que ela significa.

                                    
      Fonte: http://www.anniecicatelli.com/appel.htm


Segundo o site http://bit.ly/1SAx8Is (e o que eu aprendi no dia foi isso mesmo), elas era bonecas feitas pelas mulheres negras para acalmar seus filhos nas duras viagens nos navios negreiros, rumo a países onde seriam escravizados e levariam uma vida tão diferente da que estavam acostumados... Ela são feitas de pano, sem costura, apenas nós e muita criatividade. 

Mas o mais bacana é que, além de serem simples e muito lindas, elas tem um significado precioso. Quando você dá uma Abayomi a alguém, “esse gesto significa que você está oferecendo o que você tem de melhor para essa pessoa”. O nome Abayomi quer dizer “aquele que traz felicidade ou alegria”.

O mais legal é que ela é super fácil de fazer. Não creio nela como amuleto ou coisa do tipo, mas como símbolo de amizade. 

E, naquele dia, a palestrante propôs que oferecêssemos a Abayomi para alguém...

Então... Deus pôs no meu coração de dar a Abayomi a Raquel... Fiquei relutante, mas sabia que deveria fazê-lo. 

Cheguei no outro dia, chamei-a e dei a boneca, explicando seu significado. Disse que queria mudar e pedi perdão. Falei que não estava certo agirmos assim uma com a outra e que queria começar de novo com ela. E propus sermos amigas dali para frente.

Gente, impressionante! Eu mudei, ela mudou, e dali surgiu uma amizade até o final do ano. Conversávamos, ríamos juntas. No outro ano, ela mudou de escola, mas veio me visitar algumas vezes.

Só agradeço a Deus pelo privilégio de tê-la conhecido, ter participado de sua vida e por ela ter deixado marcas em mim! Hoje, não sei como ela anda. Mudei de escola, vim para mais perto de casa. Mas oro por ela... E espero que, onde quer que ela esteja, ela saiba que a amo muito e sou grata a Deus por ter permitido que nossas vidas se cruzassem. A Ele toda glória, sempre!

"Antes, sede uns para com os outros benignos, compassivos, perdoando-vos uns aos outros, como também, Deus, em Cristo vos perdoou." Efésios 4:32

sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

Festinha de despedida

Comecei a planejar a festinha de despedida com 2 semanas de antecedência... Anotei a programação que queria fazer e vi em minha agenda o dia de executar tudo.

Passei uma manhã toda de quarta preparando os bilhetes da festa e o cartão de despedida. No outro dia, fui ao Taguacenter comprar os caderninhos, descartáveis e caixas de bombom.

Passei o sábado cuidando disso: "revelei" as fotos, coloquei a manta magnética atrás, montei um por um e coloquei na embalagem de presente.



Na segunda, fiz as últimas encomendas e compras! Mandei o primeiro bilhete, para assim os pais se organizarem em relação ao que cada um iria contribuir! Faltavam 48 horas!

Na terça, outro bilhete para frisar. Pedi muito a eles que não faltassem, que seria inesquecível. Faltavam 24 horas...

Estava contando os segundos! Sonhei com a festa! Orei para que tudo saísse conforme o planejado!

No dia, quarta-feira (16-12), almocei correndo. Fui pra escola voando, arrumei a sala de forma diferente, subi com as mil coisas! Só faltou uma decoração mais bonitinha!

À medida que iam chegando, ia ficando cada vez mais surpresa: quase todos trouxeram alguma coisinha pra festa e só 2 faltaram! Que alegria!!!

Arrumamos tudo e a festa começou:

- Iniciei falando com era um privilégio ter ficado com eles esse ano todinho! Começamos nossa trajetória no dia 2 de março... E, depois de tantas aventuras, aqui estamos em pleno dezembro...

- Vimos as fotos e vídeos de alguns eventos que participamos ao longo do ano. Tivemos aulas sábado, fizemos murais, fomos a vários passeios, festas, alegrias... Acho que eu fiquei mais emocionada do que eles...

- Ouvimos a história do verdadeiro Natal. Afinal, sem Jesus, nada faz sentido.

- Aí comemos atééééé... Delícia!

- Depois, brincamos de bingo. Nossa, foi muito engraçado... Quase todos os números saíram e ninguém fechava a cartela. Quando minha aluna Rebeca trouxe a sua, conferi um por um e ela soltou um grito quando viu que era a campeã! Todos comemoraram, e ela nem sabia que ganharia uma caixa de bombom só para ela.

- Aí, foi a vez do teclado. Sentaram perto de mim e cantamos as músicas aprendidas durante aqueles 4 bimestres. Depois, foram eles: deixei-os tocar como mini-pianistas. Impagável os sorrisos!

- E chegou a hora de ir embora. Não sem antes a surpresa: a lembrancinha! Em poucos segundos, um filme passa em minha cabeça, em que eles são os protagonistas que enfeitaram cada um dos tantos dias letivos que tivemos. Minha inspiração para a maior parte de minhas publicações aqui no blog. Dias de raiva... De alegria... De vontade de desistir... E a força voltar após ver que ele aprendiam a ler e escrever...

Entreguei, não sem antes falar que sentiria muita falta deles. Eles esperaram ansiosamente todos receberem até eu dizer que podiam abrir! Viram o caderno e acharam lindo... Mas, ao virar a capa e abrir o envelope, um grande sorriso iluminou seus rostos: cada um ganhou uma foto da turma, uma lembrança eterna de seus colegas e da professora brigona, mas que os guarda no coração...



Pena que não posso mostrar seus rostos. Mas acreditem: são lindos!

Expliquei o porquê do caderno: seria um diário. O propósito era anotar tudo de bom que lhes acontecesse dali em diante ou fazer desenhos. Assim, daqui a alguns anos, poderiam reler e ver como sua infância, apesar de tantos obstáculos, foi incrível.

Saí grata a Deus:

1) Pelo privilégio de ter um emprego.
2) Por ter passado esse ano ao lado de criaturinhas que, às vezes tiram meu juízo, mas me fazem querer ir trabalhar todos os dias. Ficar do começo ao fim em uma turma é algo precioso e único, que espero vivenciar mais vezes.
3) Pelo presente de ver a alegria estampada em seus rostos. Realmente: “Mais bem-aventurado é dar que receber” Atos 20:35b.

Foi uma tarde preciosa... Nunca conseguirei explicar como meu coração saiu de lá, quase explodindo de alegria. Pena que palavras não expressem... Eles acham que eu ensinei algo a eles. Mal sabem que, na verdade, quem aprendeu pelo resto da vida fui eu...

sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

A família C e QU

Quando eu alfabetizo uma criança, gosto de usar o método fônico, que é baseado nos sons das letras.

Só que nossa língua é uma bênção: cada letra tem mil sons, usa som de outras letras, e isso confunde as crianças na hora de escrever.

Um dos sons que é um verdadeira briga é o da letra C, já que seu nome lembra muito o som do S e, ainda por cima, um dos sons que o C faz é igual o do S (quando forma CE e CI). Mas ele também faz outro som, o do K, formando CA, CO, CU. E tudo vira uma "lambança" até as crianças entenderem.

Então, por exemplo, a gente pergunta à criançada:

- Quando eu junto o C e o A, dá o que?

- SA!!!

E as professoras piram...

Então, gosto de inventar historinhas que ajudem meus alunos a gravar os fonemas de forma mais fácil.

Segue abaixo uma delas! Um beijo e bom final de semana!

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 Em um país chamado Lendescrevendo, na região da Letrolândia, ao sul de Fonemas e ao norte de Grafemas, bem na fronteira com Soletrando, vivia uma ditosa senhora: a Senhora C.

Ela era viúva e queria muito se casar de novo. Ela tinha 5 filhos: CA, CO, CU e CE e CI. Mas estes últimos sempre se sentiram um peixe fora d´água e resolveram ir morar com a tia S em outro país, chamado Sons Diferentes.

Mas o senhor QU também era viúvo e queria muito se casar de novo. Ele tinha 4 filhos: QUE, QUI e QUA e QUO. Esses últimos não se sentiam um peixe fora          d´água, mas queriam fazer um intercâmbio em Sons Diferentes.

E é aí que nossa história começa...

 Um dia, no trabalho, CE e CI, QUA e QUO começaram a conversar sobre seus pais e irmãos. E viram como a história deles era parecida. Resolveram marcar um encontro para tentar juntá-los, pois eles tinham tudo a ver. Era sonoramente visível e audível, escrito nas linhas e entrelinhas!

E foi um sucesso. Eles viram que tinham muito em comum e, após algumas frases e textos escritos juntos, resolveram se casar.

Que cerimônia! Que festa! Quanta coisa gostosa! O Alfabeto todo foi testemunha, todos sabiam que eles eram feitos um para o outro.

Mas, o melhor de tudo, era que agora, a família ficou completa:

C e QU e seus filhos CA, QUE, QUI, CO e CU,

todos falando a mesma língua, com mesmo som, sem confusão.

E, entre sons e risadinhas, viveram felizes para sempre!




sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

Da nova série: Aprendiz de Dona de Casa... A bateria

Desde que casei e virei dona de casa, muita coisa mudou. Antes, por exemplo, qualquer problema em meu carro era resolvido pelo meu pai. Eu não sabia nem qual o procedimento, se era sentar e chorar, gritar por socorro (que no meu caso vinha em forma de pai), ou fazer o óbvio: ligar pro seguro e aguardar atendimento.

Agora não, eu saí da casa dele. Constituí outra família e tive que aprender a ser independente. Logo, quem é que resolve as coisas? Quem? Quem?

Isso, mesmo, acertou! Meu marido! Hehehe

Brincadeiras à parte, ele é uma benção mesmo e resolve muita coisa. Mas eu já sou bem crescidinha e tenho que aprender a me virar sozinha, mesmo porque ele trabalha por escala... E se bem no dia em que ele está de serviço o carro der problema? E, lógico, foi exatamente isso que aconteceu...

Ele estava de serviço no domingo. No sábado, na hora da nossa devocional, orou pedindo a Deus que eu chegasse na hora à Escola Bíblica Dominical - EBD (na qual eu só chego atrasada todas as vezes, assim como em quase tudo na minha vida, vergonha!). Então, levantei cedo no domingo, tomei café e saí na hora certa! Uhuuuuuuuuuuuu Que orgulho! Já estava até pensando na selfie que ia tirar e mandar para ele, com o horário marcando antes das 9 e eu já na porta da igreja...

Ok, aí eu desci e liguei o carro. Ele engasgou e morreu... Bateria. De novo. 1 mês antes teve que fazer chupeta e agora mais uma vez. Todos os planos foram por água abaixo, porque eu ia ter que ligar pro seguro, esperar a boa vontade deles em me atenderem e resolver o problema, e lá se vão duas horas (na melhor das hipóteses). Na primeira EBD do ano em que eu chegaria na hora, qué qué qué qué qué...

Fiquei com muita raiva porque se tem uma coisa que eu odeio é quando planejo algo e dá errado. E Deus tem me ensinado muito nessas horas, do tipo: “Menina, baixa a bolinha porque quem manda aqui sou Eu e você vai fazer o que eu quiser na hora em que eu quiser, pois Eu é que sou soberano na sua vida e sei o que é melhor para você”. Tá certo, tem que me humilhar mesmo, porque só assim para eu aprender a glorificá-lo mais... “O coração do homem pode fazer planos, mas a resposta certa dos lábios vem do Senhor”. Provérbios 16:1. Versículo tão conhecido, tão esquecido por mim.

Ok, liguei, dei o endereço e fiquei esperando. O moço chega e eu desço para recebê-lo. Não gosto muito de dar chiliques, mas de vez em quando (ou de vez em muito) dou uns, especialmente quando as coisas não saem do jeito que eu queria, como nessa ocasião... Então, já desci orando pra me controlar e dar testemunho...

Aí, na hora em que encontro o mecânico, eu pergunto:

- Oi moço, o senhor vai entrar com o carro, né?

Ele responde bem nervosinho:

- Uai, eu tô querendo, vamos ver se o porteiro vai deixar, né? Porque ele nem quis abrir o portão. E outra: onde está o carro da senhora? Como é que eu vou fazer a chupeta nele?

Ah, meu amigo, a oração foi por água abaixo, porque aí eu emburrei. Comecei a reclamar do cara com o porteiro, que aquilo era um abuso, que não era jeito de falar, que óbvio que ele não deixou o moço entrar porque as coisas não são assim, que eu preciso autorizar e blá blá blá. E outra: eu é que sei como ele fará a chupeta? Se vira! Eu estou com problema, o seguro tem que resolvê-lo, e não eu dar a solução...

Missão: não cumprida. Testemunho: zero... :-( Que vergonha...

Mas, enfim, deu tudo certo, eu me entendi com o cara e ele ainda me deu algumas dicas:

1) Para um carro que tem ar, som, direção hidráulica, o ideal é uma bateria de 60 Amperes, que aguenta bem esse tanto de aparato do veículo. A minha é de 45, por isso estava dando problema. O melhor era trocar. E a bateria que ele tem de 60 amperes está num preço bom (eu joguei na Internet e estava o mesmo preço hehehe, mas ele divide em 3 vezes).

2) Depois da chupeta, o carro precisa ficar ligado por uns 20 minutos, de preferência andando (essa eu acho que já sabia, tenho uma vaga lembrança do meu pai me explicando isso).

Enfim, mais uma lição recebida como Aprendiz de Dona de Casa, dessa vez sobre carros e sobre como eu sou uma pecadora miserável.  :-(

Quando tudo acabou, só me veio este versículo: “A resposta branda desvia o furor, mas a palavra dura suscita a ira”. Provérbios 15:1

Tenho muito o que aprender... Mas sigamos firmes no caminho da santificação, para honra e glória de Deus!

Ps.: Parabéns a todas as mulheres e homens que entendem de mecânica, porque aquilo, para mim, é um mistério indecifrável. Vocês têm minha admiração!


sexta-feira, 27 de novembro de 2015

Sobre o texto da jornalista...

Esses dias, eu estava olhando o Facebook e me deparei com este texto que um colega compartilhou: A dura vida dos ateus em um Brasil cada vez mais evangélico.  (http://glo.bo/1j9hndS).

Ele é bem antigo, mas só li este ano. Me incomodou e eu me senti na, digamos assim, obrigação de esclarecer certos pontos que, por ela não entender muito o meio evangélico, se equivocou, em minha opinião.

1) Achei interessante ela se sentir prejudicada pela falta de respeito do taxista em relação a sua não-fé. Mas aí é que está: talvez, nesse dia, ela tenha entendido um pouco o que nós evangélicos enfrentamos todos os dias... Me usando como exemplo, quantas vezes eu não escutei piadinhas, sarcasmo, quando comentava que queria casar virgem? Ou quando eu defendia o criacionismo? Ou quando eu defendia meus valores? Isso para citar exemplos simples... Imagina o que meus irmãos de fé passam?

Agora, me permitam um desabafo que vai além do texto da jornalista. Poxa, sabe qual a impressão que eu tenho? Que todos podem ter uma opinião, menos os religiosos. Todos podem ter uma opinião, desde que não tenha nada a ver com a Bíblia. Todos podem ter opinião, desde que não tenha nada a ver com Deus. Ué, por que todos podem defender seu ponto de vista, menos eu?

O que ela fez foi generalizar. Não são todos os evangélicos que são intolerantes e não respeitam outra fé ou outra não-fé... Mas também queremos defender nossa opinião, nossos valores. Mas, se abrimos a boca e falamos da Bíblia, nos olham de cara feia, como se fôssemos pessoas sem cérebro. Ora, se você tem liberdade para acreditar (ou não) no que quiser, eu também tenho.

Mas não. Não posso ter opinião, pois senão sou tachada de homofóbica... Não posso ter opinião, pois sou chamada de burra por acreditar que Deus fez o universo. Cadê o respeito pela minha crença?

O que eu vejo é que a maioria dos ateus (não todos, não vou exagerar), odeiam Deus, em vez de não acreditar em sua existência. Agora, como odiar alguém que eles veementemente dizem não existir, é um paradoxo que não consigo explicar.

2) Bom, ela cita o fato de que o catolicismo “mantém uma relação de tolerância” com os ateus, porque, entre outras razões, é possível ser católico não praticante.

Bom, para mim, isso não existe. Quem não é praticante, não é seguidor da religião. Se você segue, tem que praticar.

Depois, ela escreve assim: “O fato de você não frequentar a igreja nem pagar o dízimo não chama maior atenção no Brasil católico nem condena ninguém ao inferno”.

Só que a Palavra de Deus diz: “Não deixemos de congregar-nos, como é costume de alguns”. Hebreus 10:25a

E: “Trazei todos os dízimos à casa do Tesouro, para que haja mantimento na minha casa”. Malaquias 3:10a.

Logo, dar o dízimo e ir a casa de Deus são ordens e tem que ser obedecidas.

Agora, quanto a outras afirmações: “Por que os ateus são uma ameaça às novas denominações evangélicas? Porque as neopentecostais – e não falo aqui nenhuma novidade – são constituídas no modo capitalista. Regidas, portanto, pelas leis de mercado.” E: “É preciso que os fiéis estejam dentro das igrejas – e elas estão sempre de portas abertas – para consumir um dos muitos produtos milagrosos ou para serem consumidos por doações em dinheiro ou em espécie. O templo é um shopping da fé, com as vantagens e as desvantagens que isso implica.”

Precisamos ter cuidado... Não podemos generalizar. Sei que há igrejas que fazem isso e elas estão erradas, pois a Bíblia não respalda essas atitudes. Mas, em muitas outras, não é assim. As pessoas frequentam a igreja porque essa é uma ordenança dada por Deus (como escrito acima) e dão o dízimo porque também é ordem de Deus para se manter Sua casa. Então, cuidado ao afirmar que as igrejas são capitalistas e vendem produtos milagrosos. Da mesma forma que não podemos dizer que ateus são uma espécie de Satanás, não podemos generalizar que todas as igrejas neopentecostais estão cheias de fiéis por causa disso.

3) Outro comentário que me incomodou foi esse: “Mas, depois que Sarah Sheeva, uma das filhas de Pepeu Gomes e Baby do Brasil, passou a pastorear mulheres virgens – ou com vontade de voltar a ser – em busca de príncipes encantados, na 'Igreja Celular Internacional', nada mais me surpreende”.

Para uma pessoa que, aparentemente, é tão tolerante, muito me espanta a crítica feita à Sarah Sheeva. O que é que tem ela ter esse ministério com meninas virgens? Não sei como foi o passado dela, mas, a partir do momento em que ela se converteu, tudo de podre que ela fez foi jogado no mar do esquecimento e ela se tornou outra pessoa.

Eu e ela somos de igrejas bem diferentes. A dela possui uma doutrina que eu não concordo em vários pontos, mas, o que eu vejo, é que ela tem sido usada por Deus sim e feito a diferença para honra e glória dEle. Achei um comentário bem intolerante para alguém que prega que todos podem acreditar (ou não) no que bem entender.

4) Eu não sei, mas eu sempre sinto um certo tom de ironia quando ateus se referem a alguém que tem religião, pois acham meio “ridículo” acreditarmos em coisas que para eles são absurdas. Sabe, há certas coisas estão na Bíblia que não sabemos explicar ainda... Há fatos que permanecerão um mistério até Deus revelá-las quando bem entender.

Mas os ateus também não têm resposta para muitas perguntas nossas. Como você explica uma pessoa que estava com uma doença terrível e foi curada, de uma hora para outra? Como você explica uma pessoa que tinha uma conduta reprovável, péssimo marido, péssimo pai, e, de repente, conhece Jesus, se arrepende dos pecados e tem sua vida transformada, mudando completamente de atitude? Como explicar? Enfim, só quero deixar a pulga atrás da orelha, pois sei que esse debate é muito profundo...

5) Outro ponto foi este: “Me arriscaria a dizer que a liberdade de credo – e, portanto, também de não credo – determinada pela Constituição está sendo solapada na prática do dia a dia.” Olha, neste ponto eu concordo. Mas não são só agnósticos que sofrem com isso. Como dito acima, muitas vezes nós evangélicos sofremos também, e na maioria por ateus.

Mas eu só quero acrescentar mais um desabafo, extrapolando o texto da jornalista mais uma vez. Muitos que criticam a religião é porque olham para pessoas e não para Deus. Galera, se vocês olharem pra gente, é complicado. Tentamos seguir o que a Palavra de Deus diz, mas somos falhos e pecadores... Não olhem para nós esperando perfeição, olhem para Deus, pois Ele é perfeito. Se tem gente que não respeita a sua não-fé, a sua fé, se tem gente que prega uma coisa e faz outra, enfim, é porque somos falhos.

Não quero justificar, está errado e pronto. Mas o ponto é que muitos ateus ou pessoas de outras religiões pegam nossas falhas e expõem querendo criticar Deus, como se Ele fosse imperfeito por nossa causa. Sendo que a crítica deveria ser somente a nós, que erramos ao não cumprir o que Ele disse. Cuidado, é preciso separar as coisas. Se há pessoas que distorcem a Bíblia (por interesse de enganar ou por falta de interpretá-la corretamente), isso é erro dele e não da Bíblia...

6) Mas em um ponto eu acho que nós, evangélicos, realmente precisamos mudar. Precisamos conhecer mais a Bíblia, saber pontos da Ciência que corroboram com o que está nela, orar mais, nos prepararmos mais para saber argumentar com pessoas que não acreditam no mesmo que nós, mas sempre com amor. Como está escrito em 1 Pedro 3:15: “antes, santificai a Cristo, como Senhor, em vosso coração, estando sempre preparados para responder a todo aquele que vos pedir razão da esperança que há em vós.”

Bom, no final do texto, a jornalista escreveu: “Se Deus existe, que nos livre de sermos obrigados a acreditar nele.”

Quero encerrar o meu dizendo o seguinte: esta jornalista está em minhas orações a partir do dia em que li este texto. Sei que isso pode não significar nada para ela, ou pode até aumentar uma possível raiva que já tenha em relação a seguidores praticantes (olha a redundância) de alguma religião.

Mas farei isso. E ouso dizer: Como Deus existe (porque para mim não há dúvida), espero que o Espírito Santo se revele a ela de forma sobrenatural, que ela sinta o amor de Deus inundando cada fibra do seu ser, e que, assim, não obrigada, mas convicta, caia de joelhos diante do Rei dos Reis e Senhor dos Senhores.

sexta-feira, 20 de novembro de 2015

Coloca com I

Mais um conto da menina Vitória...

Baseado em fatos reais...

- Manhêêêê, qual o nome do meu irmãozinho?

- Ué, Vitória. Como assim? Ele já tem quase um ano e até hoje não decorou, é? Yan.

- Com Y ou I?

- Y. Sempre achei mais bonito com Y!

- Não, mãe, por que você fez isso?

- Como assim?

- Mãe, toda professora, não importa de onde, faz tudo por ordem alfabética. Só escolhe ajudante assim, só entrega prova assim. Se eu já sou sempre a última, imagina meu irmão!!!!

- Ah, filha – disse seu pai – pensa pelo lado bom. Na hora de chamar para ver quem fez o dever de casa, dá tempo de você copiar de alguém até ser sua vez hahahaha.

- Pai, isso não tem graça.

- Ok, tá certa, desculpa.

- Mãe?

- Oi.

- Tem como mudar o nome dele?

- Não, claro que não.

- Não, mãe, coloca com I, por favor! A gente vai ao cartório e conversa com o moço.

- Hahahahaha não, filha.

- Ok, então. Quando eu crescer, vou trabalhar no Ministério da Educação. E vou lançar uma campanha: “O Ministério da Educação adverte: para evitar dores, mágoas, frustrações e sentimento de culpa, coloque o nome do seu filho com I, esqueça o Y, porque assim ele não será o último em tudo”. Vou ver se assim eu mudo a cabeça dessas mães. E tenho dito!


Após este episódio, a professora passou a fazer sua escala de ajudante de forma a contemplar os últimos alunos, começando por eles. Eles, por sua vez, ficaram felizes e menos traumatizados por terem seus nomes começados pelas últimas letras do alfabeto.

Yan hojé é uma criança inteligente, feliz e está se saindo bem em sua turma. Tem 8 anos e, quando tiver um filho, pretendo colocar qualquer nome que comece com A.

sexta-feira, 13 de novembro de 2015

Discurso de formatura

Olá gente! Ontem eu comemorei 5 anos de formada! Uhuuuu Nem acredito!

Bom, como no dia iriam se formar gente de tudo que era semestre, ficou difícil escolher um orador. Fizeram um sorteio e eu fui a contemplada! Fiquei super feliz e resolvi colocar abaixo o que eu li naquele 12 de novembro de 2010. Quando eu leio, eu relembro o compromisso que fiz e isso me dá mais gás! Um beijo e vamos lá!
                                                                           

 Queridos formandos, meus colegas de profissão, pedagogos e pedagogas, boa noite!

Primeiramente, meus parabéns! A vocês e seus familiares aqui presentes. Honrem esse diploma e o grau que vos foi outorgado, pois ele é fruto de um esforço seu, nosso. Logo, temos de dar o devido valor, certo?

Bom, pensei em começar esse discurso falando das tardes incríveis que passamos na UnB, em como foi divertido fazer trabalhos com vocês, e tudo mais. Mas a maioria de nós não é do mesmo semestre. Alguns são do sétimo, oitavo, nono e, aliás, em qual semestre estamos mesmo? Enfim, o fato é que nos conhecemos pouco. Infelizmente, não temos um passado em comum.

Mas, se for falar do que temos em comum, há algo que temos sim, mesmo sendo tantos e cada um com sua história: nossa área profissional, nosso futuro, A EDUCAÇÃO. Não sei em que área vocês irão, se para trabalhar com crianças, adultos, em hospitais ou empresas, mas quero deixar lembretes válidos pata todos os campos.

Número 1) Sempre agradeçam a família, da qual fazem parte parentes, amigos, educandos. Sem eles, nossa base, nada disso seria possível. Por falar nisso: Pais, mães, irmãs, irmãos, amigos, educandos, vocês nos ajudaram a chegar aqui e nos ajudarão adiante. Muito obrigada! Vocês são o melhor de Deus para nossas vidas!

Número 2) Em nossa profissão, nunca desistam! É difícil? Sim. Mas nós temos de acreditar. Você pode não ver os frutos, mas eles virão. Helen Keller, aos olhos dos outros, era apenas uma criança surda e cega. Como ela poderia aprender? Mas sua professora acreditou e ela chegou onde ninguém achava que ela iria, se formando, aprendendo línguas, entre outras vitórias. Mesmo que ninguém mais o faça, acredite!

Número 3) “Todos os vosso atos sejam feitos com amor” 1 Coríntios 10:14. Logo, dê sempre o seu melhor! Não se acomode, não se paute pelo desânimo e cansaço de outros. Mire-se nos entusiasmados (ainda que sejam poucos). Você pode fazer a diferença e vai fazer!

Número 4) Cada ser humano é único! Extraia o melhor dele, descubra suas potencialidades. Essa é a beleza de nosso curso: descobrir a riqueza de cada um e isso é um privilégio. Dê-se a oportunidade de conhecer a fundo seu educando, seu colega de trabalho, nunca menospreze ninguém. Essa pessoa foi colocada em sua vida por uma razão.

Número 5) Valorize seu potencial. Helen Keller disse, em uma de suas célebres frases, que “Quando sonhar em ser algo diferente, pense que sonhar com aquilo que gostaria de ser é desperdiçar aquilo que você é”. Confie sempre em você! E lembre-se: “Tudo posso naquele que me fortalece” Filipenses 4:13.

Número 6) Nossa família veio conosco até aqui. Nos acompanharam, viram o que passamos. Mas só nós sabemos realmente o que passamos, o que nos custou para chegar até aqui! Noites sem dormir, monografia, trabalhos e mais trabalhos, monografia, resumos e resenhas e, antes que eu me esqueça, monografia! Logo, faça essa noite e seu futuro valer a pena. Façam valer a pena!

Amigos, não tive o prazer de conhecê-los antes, mas desejo o melhor de Deus para vocês!
    
 Muitos aqui se viram pela primeira vez hoje, mas, se estamos aqui, juntos, é porque é propósito de Deus.

Valorizem a educação. Não tratem a Pedagogia como uma escolha dentre qualquer coisa. Trate a Pedagogia com o valor que ela merece. Se vocês não fizerem isso, quem fará? A educação nos levará a lugares incríveis, situações inusitadas, as quais não teríamos em outras profissões. Precisamos desfrutá-las ao máximo!

Mais uma vez: Parabéns! Que muitas vitórias venham! E claro: “Quem ensina, esmere-se no fazê-lo” Romanos 12:7. Marquem o mundo com sua presença!

Muito obrigada! Um grande abraço!

E arrasemmmmmmmm

sexta-feira, 6 de novembro de 2015

Sobre o vídeo do menino...

Pessoal, recentemente circulou pela Internet um vídeo de um garotinho quebrando coisas em uma escola. Não o colocarei aqui porque não quero escandalizar ninguém, pois alguns se chocaram e foram extremamente contra o compartilhamento dele.

A princípio, achei um absurdo. Já presenciei várias cenas assim e me solidarizei aos educadores daquela escola.

Mas, como o ser humano é bem diverso, outras opiniões surgiram e o que, para mim, tinha apenas um lado, começou a se tornar algo polêmico... Muitos defenderam a criança, surgiram comentários em blogs e uma mãe, que passou por algo semelhante com seu filho, gravou um vídeo bem tocante...

Bom, não mudei totalmente meu ponto de vista, mas confesso que foi bem interessante ler e ver outras opiniões! Foi enriquecedor e quero comentar alguns pontos que julguei mais interessantes.

Para escrever este texto, li este blog, o qual, apesar de discordar em vários pontos, é extremamente bem escrito e vale a pena ser lido:

http://www.cientistaqueviroumae.com.br/2015/10/como-voce-se-sente-violentando-criancas.html

O vídeo que eu mencionei acima, da mãe, é este aqui. Vale a pena ser visto também: https://www.youtube.com/watch?v=ea6_jgXScOI&feature=youtu.be.

Bom, agora vamos aos comentários. Ressalto que é apenas minha opinião, não sou dona da verdade e nem quero ser. E também não tenho solução. Farei muitas perguntas, porque eu também desejo a resposta e gostaria de ajuda nisso.

Ok, agora sim, vamos ao desabafo:

1) Muitos conhecidos meus criticaram a atuação dos adultos que estavam naquela sala, pois disseram que estava errado, que eles tinham que ter feito alguma coisa, não podiam tê-lo deixado simplesmente quebrar tudo. Ok, vamos lá.

Isso se chama contenção da criança, já que, pelo visto, falar e conversar não resolveria o caso. Acontece que contenção é algo difícil de fazer. Muitas vezes nos machucamos ao fazê-la (eu já saí roxa uma vez). E eu só fiz porque meu aluno estava fora de si e ou ele me machucava ou eram seus colegas. Escolhi a primeira opção para salvar meus alunos.

Só que isso é algo perigoso, pois eles se contorcem e se debatem. É um surto mesmo! E se numa contenção dessa eu o machucasse sem querer? Uma unha encostasse nele? Ah, queridos, eu estaria bem encrencada e não adiantaria explicar o porquê que isso aconteceu. Nós educadores ficamos de mãos atadas, pois, a impressão que eu tenho, é que nessas ocasiões todos estão contra nós...

E aí? O que fazer então? Boa pergunta! Se você tiver a resposta, eu gostaria de saber também. Em outros casos que eu presenciei, a solução foi esperar a criança se acalmar, mas não é a melhor saída, pois pode acontecer igual ao vídeo: a criança não se tranquiliza e quebra tudo. Os bombeiros e policiais também ficam de mãos atadas, pois, em nosso país, condenamos reações como essas... Imagina homens entrando em uma escola e segurando uma criança? Não é uma cena bonita de se ver, e nem todos interpretariam da forma correta. Se alguns condenam em bandidos, quando é necessária uma ação mais dura para contê-los, quanto mais em crianças!

Gente, não é fácil... Pais estão perdidos... Eles não educam e querem que o façamos... Eles não sabem o que fazer e querem uma solução de nós! E nós ficamos aqui, gritando por socorro, desesperadas, pois nada podemos fazer, a não ser, por exemplo, tirar o horário do parque ou não dar algum brinquedo na sala. E você querem saber? Nos condenam por isso também! Pois dizem que não podemos tirar estes momentos das crianças. Não tem quem nos ajude, só quem julgue. Todo mundo critica e aponta o que está errado. Estou cansada disso. Gostaria de menos críticas e mais soluções...

Meu Deus! Pais, acordem! Vocês é que tem que disciplinar e educar seus filhos! Eu acredito na Bíblia e ela diz que podemos usar a vara para isso! Não há lei que me proibirá de usá-la nos meus filhos quando eu os tiver, se Deus quiser. A Bíblia não aprova o espancamento, mas vocês devem usar a vara e conversas com sabedoria. Isso não é função minha como educadora, eu auxilio a concretizar o que vocês ensinam!

Se vocês não sabem educar, orem, peçam sabedoria a Deus, conversem e peguem dicas com pais mais experientes. Mas essa é sua função!

2) Outra coisa que ouvi foi que faltou amor, olho no olho, que os professores deveriam ter abaixado à vista dele e falado com carinho, faltou ajuda, julgaram sem ouvir, faltou dar limites com amor, não acolheram.. Mas será que isso não foi feito?

Olha, não sou a pessoa mais experiente do mundo na área de educação, mas, nestes quase oito anos de profissão, há algumas coisas que ouso dizer. Não acho que foi a primeira vez que isso aconteceu. Não acho que faltou amor, às vezes estes educadores já haviam tentado de tudo! Gente, eu sou otimista. Sei que há educadores terríveis por aí, mas eu creio que a maioria ainda é comprometida. Quantas vezes fazemos tudo ao nosso alcance (e mais um pouco): falamos com amor, falamos sem amor também (porque não somos de ferro e falta paciência), voltamos ao amor, chamamos a família, negociamos com eles em sala, pedimos socorro aos orientadores e psicólogos, mas não dá... É horrível dizer isto, mas há casos sem solução e nos sentimos péssimas, pois queremos ajudar, queremos resolver, mas não conseguimos. Não somos mulheres-maravilha, não somos perfeitas, e não somos as mães!

Não estou dizendo que aprovo o fato de terem filmado ou por, de certa forma, terem irritado ainda mais o menino com suas palavras.

Mas fico a imaginar o desespero deles... Quantas vezes enfrentaram isso? Quantas vezes se sentiram impotentes? Gente, me solidarizo a eles. Porque sei sua dor... Sei o que é passar por isso e ver colegas minhas adoecerem porque passaram por situações que só vendo para acreditar. Doi, gente. Doi ver que uma colega sua fantástica entrou de licença ou está tomando remédio controlado por consequência de enfrentar anos a fio com alunos assim... E parece que só piora com o tempo...

Sei que há casos como o da mãezinha do vídeo acima, em que ela fala de seu filho com transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade TDAH). Sei que há exceções como esta, mas são poucas. Precisamos de bom-senso para saber qual caso é o que estamos lidando. Digo bom-senso porque, às vezes, até desconfiamos de que a criança possa ter algo, mas, até este diagnóstico sair, o ano acabou, pois dependemos de várias esferas e, mais uma vez, estamos de mães atadas. Mas, na maioria dos casos, a meu ver, é falta de limites e disciplina por parte dos pais.

3) Agora, em relação a alguns pontos do texto do blog que mencionei acima:

- Não, as crianças não são inocentes à luz da Bíblia, na qual acredito ser minha regra de vida. Elas nascem pecadoras, não são puras, e necessitam desesperadamente da salvação em Cristo Jesus. Mas isso não significa que a infância deva ser combatida e anulada, nem que sua opinião não deva ser considerada. Isto não está na Bíblia. Muito pelo contrário: elas são amadas por Deus e suas vidas são extremamente preciosas para Ele. Mas, se na sua disciplina for necessário o uso da vara com sabedoria, ela deve ser utilizada.

- Não acho que a infância é pouco valorizada em nossos dias. Isso pode sim ter acontecido há muitos e muitos anos... Mas hoje, o que eu vejo é exatamente o contrário: crianças mimadas, sem limites, que podem fazer tudo a hora que quiserem, pais sem autoridade que dão tudo menos educação, ou aqueles negligentes que põem o filho no mundo e não querem ter trabalho, deixando a criança “se criar” sozinha. Elas são o centro de tudo e sua opinião é valorizada até demais! Aí vêm as consequências: falta de respeito quando contrariadas, não aceitam que pensem diferente delas, meninos (as) sem noção alguma de regras de convivência, surtam e até batem nos adultos a sua volta. Mais uma vez: não sei se é o caso do menino, mas... Será que não é?

Bom, essa é minha opinião. Todos tem direito a ter uma, por isso até quis colocar o texto e o vídeo que são diferentes da minha para que assim você formule a sua.

Não estou a favor do que a direção fez (se é que foi a direção, não sei, talvez foram professores)... Mas entendo que pode ter sido no desespero... Não sabemos o que está por trás desta história... Há muitas perguntas, quase todas sem resposta. Mas acho que, assim como muitos defenderam o não julgar o garotinho, que deveríamos respeitá-lo, também defendo o não julgar aqueles educadores e o respeito por eles. Nós não somos perfeitos, erramos e nos sentimos desesperadamente sozinhos diante de situações terríveis em que não vemos solução... E, pode acreditar: nos sentimos péssimos e emocionalmente abalados quando não conseguimos ajudar e temos que admitir a “derrota” (apesar de, na prática, a derrota não ser nossa, pois não somos os pais).

Aquele garoto precisa sim de ajuda, de amor, isso é óbvio, mas seus pais precisam de uma orientação bem grande (seja vinda da escola – que talvez até tentou dar, de pessoas próximas, enfim) e seus educadores são vítimas também, e não algozes.

Como disse, não vim propor solução (quem me dera se a tivesse!). Mas sim uma reflexão... Quem sabe juntos, com opiniões iguais ou não, possamos nos ajudar e encontrar um caminho? Eu estou disposta a tentar! Mas, sozinha, não consigo...

sexta-feira, 30 de outubro de 2015

Semana Nacional de Ciência e Tecnologia 2015

Na semana passada, eu e minha amiga Larissa fomos à Semana Nacional de Ciência e Tecnologia 2015. O tema era: Luz, Ciência e Vida.


Eu amei o slogan:


Como eu sou, eu fui! E aprendi coisas incríveis!

Fomos em um domo que contava a evolução da luz:

- O princípio: a descoberta do fogo e como isso deu aos humanos uma vida diferente dos animais, pois possibilitou luz na noite e fazer imagens na caverna;

- Aí ela foi evoluindo, passando pelas velas, até chegar em Thomas Edison, com suas mil tentativas (literalmente) até chegar à lâmpada...

- Até os dias de hoje com as novas tecnologias (laser e led) que podem descobrir e curar doenças.

Depois, passamos pelo stand dos peritos da Policia Federal, em que aprendemos sobre a luz forense, que descobrem marcas invisíveis a olho nu e que ajudam na investigação...

Aí fomos em um stand de estudantes bem novinhos da Universidade de Brasília (UnB) que fazem biodiesel a partir de óleo de cozinha usado... E assim temos uma nova fonte de energia renovável e que não vem do petróleo. Não é demais?

Vimos um menininho super fofo explicando como se forma o arco-íris e em quais cores a luz branca é dividida. Deu vontade de apertar e levar para ser meu aluno hehehe.

E, por último, passamos em um outro domo, um planetário móvel. Tinha um estudante de doutorado muito engraçado. Ele deu vários dados super legais, do tipo: a Terra cabe 109 vezes no Sol; há luzes de algumas galáxias que chegaram aqui, mas saíram de lá há mais de 2 milhões de anos-luz; os anéis de Saturno são mais fáceis de visualizar, mas ele não é o único planeta que tem anéis. Júpiter e algun outros planetas também têm!!!!

Aprendi e refleti muito:

1) Tudo é muito interessante, mas que pena que muitas dessas pessoas incríveis e cheias de ideias excelentes não ficarão aqui, porque o Brasil não as valoriza e não dá oportunidades que merecem...

2) Essa foi uma conclusão do doutorando do planetário, mas eu concordo completamente: nós não somos nada e temos que ser mais humildes. Se a Terra que é a Terra não é nada perto do Sol, que já não é nada comparado a outras estrelas muitos maiores do que ele, quem és tu? Quem somos nós? Nada... e temos que reconhecer isso.

3) Sabe... Aquelas ideias que eu vi são geniais, revolucionárias, criativas... E todos nós conhecemos gente que é tão inteligente que dá vontade de babar e despertam nossa admiração... Uau, fiquei encantada! Mas aí eu pensei: é, eles são demais. Falam bem, pesquisam, vão atrás, entendem o assunto a fundo... Mas imagina Deus, o dono da inteligência e quem deu uma pequenina porção dela a eles?

Gente, se esse povo é tão inteligente assim, imagina Deus, que tem todo o conhecimento! Não conseguimos nem mensurar a sabedoria de Deus, que criou tudo! Uau! Misericórdia, é inteligência demais da conta! Só tenho a dizer: “Tal conhecimento é maravilhoso demais para mim: é sobremodo elevado, não o posso atingir” e “Que preciosos para mim, ó Deus, são os teus pensamentos! E como é grande a soma deles!” Salmo 139: 6 e 17. E também: “Ó profundidade da riqueza, tanto da sabedoria como do conhecimento de Deus!” Romanos 11:33a

4) Ao ver onde a luz nos trouxe... Saímos do fogo e chegamos ao Led! Poxa, a luz mudou nossa vida!

Mas sabe quem transforma a nossa vida? Sabe quem é o dono desse universo todinho, imenso e cheio de coisas a serem descobertas? Deus! E o Filho dEle, nosso Salvador, é a verdadeira luz:

“De novo, lhes falava Jesus, dizendo: Eu sou a luz do mundo; quem me segue não andará em trevas; pelo contrário, terá a luz da vida”. João 8:12

O Led, laser, lâmpada, fogo, a luz, tudo é importante. Mas nada é tão essencial quanto Jesus, a luz do mundo!

sexta-feira, 23 de outubro de 2015

Canbiquiqui = ?

Gente, mexer com alfabetização é muito legal. Mas duas coisas acontecem quando ensinamos a ler e escrever:

1) A gente esquece completamente como se escreve certo! Como nossa língua é bem criativa e cada letra tem mil sons (ou pega o som de outra letra), é normal as crianças trocarem tudo no início. Nós acabamos vendo muito erro quando vamos corrigir seus textos e frases e não lembramos o que é correto. Por isso, o dicionário é nosso melhor amigo, porque só ele pra dizer se é com G ou J, L ou U, X ou CH, S ou Z etc. Viva a ortografia!

2) Nós viramos especialistas em decifrar o que eles querem dizer, porque, além de não dominarem a escrita correta (o que é compreensível, demora mesmo a consolidar), eles escrevem coisas bizarras, especialmente quando tentam fazer palavras do inglês que a gente usa (tipo shopping, wafer, video game), porque escrevem exatamente do jeito que falamos. Com o tempo, a gente pega o jeito, mas tem vezes que eles pegam a gente de jeito também...

Um dia, na aula de produção de texto, eu pedi que escrevessem o que gostariam de ganhar de dia das crianças. Valia escrever tudo: brinquedo, passeios, viagens, loucuras... Queria que fossem criativos, sonhassem...

Aí minha aluna, MH, veio com essa pérola:


“Eu queria ganha uma maquina de fazer canbiquiqui”.

E eu: o que? What? Canbiquiqui? Pensei, pensei, pensei... E nada...

Tive que admitir minha derrota, porque a curiosidade foi maior. E perguntei: “Minha filha, o que é isto?”

Quando ela me respondeu, eu comecei a rir, tadinha, porque a resposta é muito fofa!

E, afinal de contas, sabe o que quer dizer Canbiquiqui? É...











Hehehehe O que você acha que é? Se você fosse a professora, qual seria o seu palpite? Coloque sua resposta e semana que vem, na próxima postagem, eu desvendo o mistério. Bom final de semana!

sexta-feira, 16 de outubro de 2015

Príncipes e princesas

Na minha escola, os coordenadores tiveram a ideia de um projeto baseado na história “O pequeno príncipe”. Ela é bem complexa, em minha opinião, mas eles queriam focar em valores (os quais estão faltando de montão na educação de vários alunos de lá).

Eles elaboraram algumas atividades. Em uma delas, era perguntado às crianças quais eram possíveis atitudes de príncipes e princesas.

Mas o que era para ser apenas uma atividade em folha se tornou uma ótima oportunidade de discutir algo de extrema relevância (e que tem me preocupado muito).

Nossa, o que tem acontecido com os homens de hoje? Gente, acabou a gentileza! Quantas vezes eu estou andando de um lado, o homem vem do mesmo lado e quem tem que trocar de posição sou eu! Ou estou dirigindo e peço passagem, o cara vê que eu sou mulher e acelera de propósito! Cadê a gentileza? Cadê os homens que esperam as mulheres entrarem e vão por último? Que abrem a porta do carro? Que carregam as malas? Que são cavalheiros?

Olha, percebo em meus alunos como estas coisas se perderam. Eles não estão nem aí para as meninas! Na hora de pegar o ônibus para casa (eles todos vão e voltam de Escolar do prédio onde fica a escola, é uma longa história...), eles saem correndo para chegar primeiro, se desse para puxá-las pelos cabelos e jogá-las no chão para isso, eles fariam! Que coisa horrorosa!

E as mulheres? Cadê aquelas princesas, que usam roupas decentes, não falam palavrões e não dão dedo, vivem a idade certa na hora certa, não se comportam como insanas fazendo qualquer coisa para conseguir um homem que não lhes dá valor algum?

Tivemos uma longa conversa sobre isso. Falei para os meninos que eles deveriam cuidar das meninas, sendo os últimos em tudo para ver se elas estão bem, se subiram direitinho no ônibus ou não caíram na escada. Se eles estão na fila para me mostrar o dever, não devem sair correndo, empurrá-las ou passar em sua frente para virem antes. Devem ceder o lugar, porque isso é gentileza. Não devem “brincar” de bater nelas, pois isso não é brincadeira.

Com as meninas, falei que elas tinham que se vestir decentemente, não mostrando o que não pode ser visto. Devem tomar cuidado com a forma como dançam, com o que falam... Na idade para namorar, disse que, em minha opinião, obviamente, uma princesa dá sinais de que gosta, mas não se joga em cima do rapaz e toma as atitudes.

Lógico que muito disso vale para os dois lados. Elas também não podem bater neles, eles também não podem falar palavrões e dar dedo.

Eu sei que muitas vezes eles não têm um exemplo em casa, não têm em quem se espelhar. Eles mesmo me relataram isso, dizendo que seus pais batem em suas mães, gritam, xingam, estão presos pelos mais variados motivos. E eu sei disso... Sei que muitas mães já tiveram vários relacionamentos, se vestem de forma inadequada e se comportam pior ainda...

É triste, mas eu disse a meus alunos: mirem-se em quem vale a pena então. Não é porque o pai ou a mãe erra que eles têm que seguir esse caminho. Eles podem agir diferente e devem!

Vocês, homens e mulheres que estão lendo, por favor! Vamos agir mais como príncipes e princesas do Senhor! Ensinem seus filhos a agir como tal! Nosso mundo está se perdendo, mas nós podemos fazer nossa parte! Nós podemos agir assim, ser o exemplo para nossos descendentes e quem está ao redor!

Tenho tentado reiterar, sempre que possível, essas “atitudes da realeza”. Não é fácil, é um trabalho de formiguinha, mas não podemos desistir!

Deus nos abençoe nessa tarefa, seja como professor, pai, mãe, ou como cristão-cristã. Que sejamos o padrão que o mundo precisa, sempre tendo como guia o Espírito Santo, pois, por nossas próprias forças, não tem jeito...

PS 1: Meu querido esposo, esse recado é para você: no meio de um mundo em que os homens de verdade estão escassos, eu casei com um grande servo do Senhor. Você é um Príncipe com P maiúsculo e sei que faz diferença na sua geração. Te amo!

PS 2: Uma colega de minha igreja nos indicou essa pregação, que por sinal é excelente e vem ao encontro do exposto acima, em especial para mães de meninOs. Não deixem de ver, o pastor Jader é uma bênção.

Segue o link: https://www.youtube.com/watch?v=0PaTmObZxNo. Ela se chama: A vulnerabilidade dos meninos em tempos pós-modernos.

sexta-feira, 9 de outubro de 2015

Mr. Brownie


Quando eu fui casar, a parte dos doces foi escolhida a dedo, porque eu amo!!! Mas não gosto de bem-casado... 

Foi quando a Mr. Brownie lançou uma promoção bem bacana (porque Deus é bom e abençoa as noivas). Eu amo o brownie de lá e encomendei todos na loja! Saiu tudo certinho! Eles foram super atenciosos, e, ainda por cima, colaram os adesivos que eu pedi e colocaram nas caixinhas (minha amiga maravilhosa Pri Ribeiro e sua mãe fofa que fizeram as 450 e minhas madrinhas e amigas lindas Quédma, Dani e Mary me ajudaram a por a fita. O povo de Deus é abençoado mesmo!)

       Foto: Diogo Perez

Enfim, deu tudo certo e o tempo passou...

Chegou o niver da minha mãe e fomos encomendar mais brownies de lá para dar como lembrancinha. Pedi a eles que fizessem a embalagem lisa, pois o adesivo seria um que eu havia mandado imprimir (igual fizeram no meu casamento).

No dia em que eu fui buscá-los, veio a surpresa... Todos estavam com adesivo, não tinha nenhum liso na loja (só dourados, e eu queria prata) e não dava para tirar... Fiquei super triste, porque não ia ficar do jeito que eu queria. A moça da loja me pediu mil desculpas, disse que o atendente havia anotado errado. Eu disse que tudo bem, mas saí de cabeça baixa (que drama, né?). Ela, então, me chamou: “Lívia, leva esses dourados, sem custo. Não é o que você queria, mas, às vezes, pode ajudar”. Eu agradeci e fui embora. Fiz as lembrancinhas e caso encerrado.

Mas qual não foi minha surpresa quando recebo uma ligação do dono da loja dias depois. 

Mas, antes, deixa eu contar uma coisa. Eles tinham feito uma promoção na qual os 100 primeiros clientes que fossem na inauguração da loja da Asa Sul iam ganhar um cartão vitalício de desconto (Clube da Gula). Fiquei maluca para ir, mas não consegui e fiquei mega triste (e morrendo de invejinha de quem conseguiu hehehe)...

Mas, voltando à ligação, o dono veio me pedir desculpas por todo o imprevisto. E disse: “Lívia, para você não deixar de ser nossa cliente, queríamos te oferecer nosso cartão fidelidade. Você aceita?”

Simmmmmmmmmmmmmmmmmmm, mil vezes sim!!!!!

Gente, quase pirei! Passei os dados, desliguei o telefone e comecei a fazer a dança da alegria! Cara. Que massaaaaaaaaaaaaaa!!!

Peguei o cartão um dia desses...



E essa história toda é só pra dizer: Mr. Brownie, vocês são demais! Muito obrigada! Achei mega fofo o que fizeram e o respeito pelo cliente. Só de terem ligado para pedir desculpas, já achei o máximo, mas ainda oferecer o cartão? Poxa, muito bacana! Obrigada de coração! Ainda não fui à loja, mas podem ter certeza que irei muitas vezes! Amei o cardápio (dei uma olhadinha quando fui pegar o cartão e fiquei com água na boca) e estou louca para experimentar tudo (ainda mais com desconto hehehe). Continuarei fazendo encomendas, mas não só porque ganhei o cartão, mas pela consideração demonstrada. Se já era fã, agora virei fã de carteirinha (literalmente hehe). 

Operação chocólatra, ativar!

sexta-feira, 25 de setembro de 2015

O aluno faz o professor!

Meu professor preferido se chamava Paulo. Ele dava aula de matemática no colégio Objetivo no ensino fundamental e ele era o cara. Essa sempre foi minha matéria preferida, mas ele me fez gostar dela ainda mais.

Ele era super didático, até quem tinha muita dificuldade aprendia, mas ele também sempre dava umas lições para a vida. Aprendi muito com este professor, mas duas coisas ficaram gravadas de forma especial.

A primeira é que a fórmula de Bhaskara é: hehehe, brincadeira, nada a ver. A primeira é que ele dizia que o aluno bom faz o que vale nota, mas o aluno excelente faz até aqueles deveres que o professor pede e não é parte da avaliação (aqueles que quase ninguém faz).

A segunda é que o aluno bom faz o que é lhe solicitado. Mas o aluno excelente faz além: lê o texto antes da aula ser dada, pesquisa sobre o assunto, traz artigos que têm a ver com o tema etc.

Um dia, comentei esta história com meus alunos. E, desde então, dois deles, o Y e o JVC (ai, que orgulho da tia!), começaram a colocar isso em prática. Eu dou um dever de casa e eles sempre dão um jeito de fazer algo a mais: se eu peço para escrevem os números até 100, eles vão até 200; se eu peço para fazem uma sequência de 5 em 5 do 0 ao 100, eles fazem essa e outras de 2 em 2, 3 em 3, 10 em 10; se o dever é de português, eles resolvem tudo e fazem um monte de frases.

Gente, é tão bonitinho! Tem vezes que eles escrevem umas 10 frases, cobrindo o outro lado todinho da folha da tarefa. E eu nem ouso reclamar, porque eles estão fazendo exatamente o que meu professor ensinou: sendo alunos excelentes! E isso me empolga e motiva mais.

Mas a questão é que eu também sou aluna. Eu faço francês há quase 5 anos. Infelizmente, sempre fui uma aluna relapsa. Mal fazia os deveres de casa, fazia só o que valia nota, estudava para as provas em cima da hora...

Só que Y e JVC me ensinaram uma preciosa lição. O interesse deles me incentivou a ser uma professora melhor. Então, eu pensei: gente, se eu for uma aluna melhor, eu posso motivar minha professora de francês também!

Pena que isso aconteceu justo no meu último ano... Mas antes tarde do que nunca. Quem me dera se eu tivesse sido sempre a aluna que eu tenho tentado ser hoje. Não, não pense que eu sou a melhor. Tenho muitas dificuldades, mas eu estou bem mais aplicada. Tento fazer todos os deveres que ela passa (valendo nota ou não); não falto e, se falto, peço o que ela deu para eu fazer depois; estudo durante a semana toda (nem que seja um pouquinho nos meus intervalos do trabalho); refaço as escutas da sala em casa; respondo os e-mails dela; leio os textos extras que ela manda... Porque penso que assim posso motivá-la a ser ainda melhor.

Sabe, dizem que o professor faz o aluno, no sentido de que um professor bom faz com que o aluno se interesse mais, vá além. E eu concordo! Minha professora de francês deste ano é ótima e com certeza o fato de eu ter melhorado como aluna não vem só da minha vontade de querer fazer bonito e motivá-la, a maior parte vem dela, pois ela é fera.

Mas uma outra verdade que poucos comentam é essa: um aluno também faz o professor.

Uma turma que só reclama, que não faz nada do que se pede, que só quer passar de ano ou semestre e se ver livre, poxa gente, isso desanima muito!

Mas, quando os pais são interessados; cobram os professores; os alunos, mesmo com dificuldades, estão ali; não faltam e, quando faltam, a justificativa é plausível; não chegam atrasados; não ficam na aula “viajando” ou olhando relógio; poxa, isso me faz buscar mais, estudar, trazer coisas novas e diferentes, e sei que isso acontece com outros colegas de profissão.

Se os alunos soubessem o poder que tem...

E nós cristãos temos que nos lembrar sempre de que nossa postura como aluno dá testemunho também. Eu ainda tenho que melhorar em diversos aspectos (a questão de chegar no horário é um pé no calo, meu marido que o diga), mas tenho tentado me mostrar mais participativa, porque eu ganho com isso, e sei que minha professora também. E o mais importante é que assim glorifico a Deus.

Fazendo isso, mostramos que somos luzes e influenciamos quem está ao nosso redor. Ou seja, cumprimos uma de nossas obrigações como cristãos. Não se esqueça: “Assim brilhe também a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai que está nos céus”. Mateus 5:16. A parada é séria, gente, a responsabilidade também.

Tenho vergonha quando olho para trás e vejo como fui uma aluna relaxada... Hoje, eu poderia estar bem melhor, escutando com mais clareza qualquer áudio em francês, entendendo melhor os textos que leio. Mas não: me sinto bem aquém, mesmo no nível avançado.

Mas o problema fui eu! Um péssimo testemunho! Quantos professores deixei de abençoar com minhas atitudes!

Querido, você que está lendo este texto hoje, se esforce para ser um aluno mais comprometido! Não faça como eu fiz, deixando para o último ano, quase no último semestre, para mudar. Você não sabe a diferença que isso fará na vida de seu professor e, quem sabe, até influenciará seus colegas! Como professora, acordei tarde para isso. Deveria ter sido sempre uma aluna melhor, fazendo com meus docentes o que eu gostaria que meus alunos fizessem comigo.

Seja um aluno excelente! Vá além, busque, se interesse mais, faça o que outros não fazem! E que Deus te abençoe para que sua luz brilhe, fazendo diferença na vida dos que o cercam, para honra e glória do Seu nome!

sexta-feira, 18 de setembro de 2015

Dever de casa

Sabe, passar dever de casa não é fácil. Temos que escolher um por dia, e ele tem que ter ligação com o conteúdo, não pode ser só passar por passar não.

E tem outro problema: algumas vezes os pais não os ajudam. Algumas vezes não! Gente, eles quase não ajudam!!!! E olha que eu mando os mais fáceis possíveis exatamente para não dar tanto trabalho extra. 

Além disso, eu explico (tipo umas 100 vezes), praticamente dou a resposta, mas eles chegam em casa, esquecem tudo o que falei, aí o pai não sabe explicar (quando eles se dispõem a isso), aí volta tudo sujo, amassado, rasgado, e todo errado. Ou sem fazer, para minha alegria (só que não). 

Mas eu não desisto. Não mesmo. O dever de casa cria rotina, revisa o conteúdo dado, faz com que eles tenham responsabilidade. Corrijo todos, individualmente e coletivamente. E mando bilhete quando não fazem, pedindo assinatura do responsável.

Porém, confesso que fujo de passar deveres difíceis, porque já sei o resultado. 

Mas, um dia, estava dando o capítulo sobre casa e escola, no livro de Geografia, do Projeto Buriti para o 2° ano, e me deparei com este dever:



Pensei, pensei, pensei, e resolvi mandar. 

Mas me arrependi mil vezes! Já sabia no que ia dar e que poucos iam fazer... E, depois, vem a parte social... Poxa, muitos alunos meus não têm nem casa direito, o que dirá de um quarto... E eu passo um dever desses? 

Mas aí já tinha ido...

No outro dia, já estava esperando a bomba. Mas, como é normal na Educação, eu me surpreendi bonito! Todos fizeram (ok, duas não fizeram, mas levaram bilhete na agenda e trouxeram depois). Fiz uma rodinha e fui corrigindo com eles, mostrando os desenhos. Alguns caprichados, coloridos, outros só com rabiscos, mas eu vi que ali eles tentaram fazer o seu melhor (e o melhor de cada um é diferente do outro). 

Fiquei ouvindo suas histórias e muitas me tiraram sorrisos:

1) Meu aluno que divide sua cama com os dois irmãos. Ele fez o desenho com os dois de um lado, e ele do outro. Em hora nenhuma ele mostrou vergonha, só alegria. Um desenho bem simples, mas cheio de conteúdo.



2) Minhas alunas que disseram que a cozinha era seu lugar preferido, pois ali suas mães faziam bolo de chocolate. Hmmm como eu queria provar!

3) Outras alunas que disseram que sua parte preferida era o terreiro e o quintal, porque ali podiam brincar. Que privilégio! Enquanto muitas crianças ficam confinadas em suas casas, elas podem ser livres e brincar de verdade!

Tirei duas boas lições disso:

1) Uau, como eu aprendo com meus alunos. Eles conseguem tirar riqueza em meio a tanta miséria a que estão sujeitos. Eu me orgulho deles e me inspiro também: são gratos, não reclamam, são felizes, apreciam o que têm ao máximo...

2) Não devemos evitar passar um dever para nossos alunos só porque o julgamos difícil. Eles nos surpreendem sempre, e com isso não seria diferente. Este, por exemplo, nos proporcionou momentos divertidos e um crescimento no aprendizado. Tente, tenha coragem! Muitas vezes nossas desculpas são uma forma de encobrir uma preguiça de fazer algo diferente (estou falando a começar de mim).

Eu gostei da experiência e espero repetir! Tentem e se surpreendam também! Deus é bom e ama nos surpreender!

sexta-feira, 11 de setembro de 2015

Perspectivas profissionais

Caramba! Nem acredito! Há 5 anos apresentei a "coisa" mais trabalhosa que fiz em minha vida: minha monografia. E, assim, concluí meu tão sonhado curso de Pedagogia.

No último capítulo, tinha de escrever minhas perspectivas profissionais. Ainda bem que minha orientadora era o máximo e me deu liberdade para rasgar o verbo... E resolvi por aqui.. É longo, mas eu preciso me relembrar todos os dias do que escrevi para seguir adiante sem desânimo...


  É difícil por em palavras tudo que aprendi como professora. Meus olhos se enchem de brilho (e lágrimas) ao pensar no que ainda irei aprender. Desde que pisei na FE (Faculdade de Educação, prédio da Universidade de Brasília no qual temos a maioria das nossas aulas), aliás, desde o momento em que decidi: Sim, eu quero Pedagogia, sempre tive a certeza do que queria ser. Cada matéria, cada debate, cada dia de trabalho, me levava mais a isso: sim, eu quero ser PROFESSORA! Uau, como é bom dizer isso! Mas vai muito além do que simplesmente ensinar.

Quando olho para trás, vejo como eu mudei, como cresci. E vou revelar aqui algo que nunca contei a ninguém. Apenas meu grande e poderoso Deus sabe. O maior aprendizado que obtive na Educação e sem dúvida a grande razão pelo meu grande amor por ela, o qual também é uma das grandes qualidades de Deus (a que mais admiro).

Não amo a Educação só porque nenhum dia é igual ao outro em uma escola, assim como não amo Deus só pelas bênçãos que ele me dá. Não amo a Educação só porque é lindo quando um aluno meu vê e corre para me abraçar, assim como não amo Deus só porque Ele me ama. Não amo a Educação só porque posso influenciar as crianças que alcanço e, quem sabe, fazê-las sonhar, nem amo Deus só porque  ele me ouve e se preocupa comigo. Não amo a Educação só porque adoro dar gargalhadas de chorar com minhas crianças em sala de aula, e também não amo Deus só porque Ele guia cada passo meu. Não que eu desmereça o que escrevi acima, mas é que amo Deus e a Educação por algo, que na minha opinião, é bem maior... Convido vocês a, mais uma vez, viajarem em uma história comigo. As palavras colocadas abaixo foram extraídas, como um sábio professor me disse certa vez que assim devemos fazer, do meu coração.

Há uma história bíblica da qual eu gosto bastante. O povo de Israel quis um rei e Deus lhe deu. Rei Saul. Porém, o grande desejo do povo acabou se tornando em pesadelo: Saul era um rei mau, perverso, enfim, nada do que os israelitas queriam. O povo pediu e Deus, mais uma vez, resolveu atender, mandando um rei bom, um homem segundo o Seu coração. Deus falou com Samuel, um profeta, um mensageiro Seu, para que, entre os filhos de Jessé, um israelita, ele abençoasse aquele que seria o futuro rei de seu povo. Deus lhe mostraria quem era.

E Samuel partiu,  rumo à casa de Jessé. Viu o primeiro filho dele. Fico a imaginar o que passou em sua mente. A Bíblia não relata suas características, mas deveria ser um homem bem formoso, bonito, forte, com cara e jeito de rei, pois logo que Samuel o viu pensou consigo: “Certamente, está perante o Senhor o seu ungido”(I Samuel 16:6). Mas a resposta dada por Deus a ele me faz estremecer: “Não atentes para a sua aparência, nem para a grandeza da sua estatura, porque o tenho rejeitado; porque o SENHOR não vê como vê o homem, pois o homem vê o que está diante dos olhos, porém o SENHOR olha para o coração” (I Samuel 16:7, grifo nosso).

Passaram diante de Samuel mais seis filhos de Jessé, e nenhum deles era o escolhido de Deus.  Mas eis que vem a pergunta de Samuel: “Acabaram-se os teus filhos?” (I Samuel 16:11). E Jessé respondeu: “Ainda falta o mais moço, que está apascentando as ovelhas” (I Samuel 16:11). Samuel mandou chamá-lo. Era Davi. Ele era o escolhido de Deus. Aos olhos humanos, possivelmente fraco, não tão cheio de porte quanto seus irmãos mais velhos. Mas, para Deus, um homem segundo o seu coração! Deus não é como nós, ele vê por dentro... Ele não vê somente o que vemos...

Eu não era assim. Eu só enxergava o que estava bem na minha frente. Julgava muito, comentava muito do que não sabia, compreendia pouco, não me colocava no lugar do outro. Não via além, não procurava esmiuçar a pessoa com quem eu me relacionava, apenas ficava no superficial, no visível. Se assim não era, não averiguava o que de bom o ser diante de mim poderia ter. Já estava descartado.

Até que entrei na Pedagogia. Até que comecei a trabalhar. Até que tive de escrever relatórios individuais para cada pai sobre seu filho. Até que percebi que tinha de achar qualidades, coisas únicas em cada criança. Até que vi que … Eu era cega. Completamente. Não conseguia ver nada além do que estava exposto, a não ser que... começasse a ver o coração. E foi aí que comecei a enxergar. Enxerguei a beleza de cada pequeno ser que estava sob minha responsabilidade. Enxerguei que cada criança, cada pessoa, tem um tesouro bem guardado que é só dela e nem sempre é visível. Está escondido no fundo, mas, se prestarmos mais atenção, tirarmos as lentes embaçadas do preconceito e do estereótipo e colocarmos as lentes de Deus, veremos algo belo e singular em cada um deles.

Então, comecei a trabalhar isso em minha vida. Tinha de me focar, buscar detalhes no dia-a-dia, para que meus relatórios trouxessem coisas agradáveis. E percebi que mesmo aqueles alunos que mordiam, batiam, desobedeciam quase uma aula toda, sim, até aquele que pensamos em desistir, sim, ele é um tesouro único. Tem características peculiares, sutilezas que são só dele. E isso foi além: saí dali da sala de aula e apliquei ao mundo. Comecei a observar melhor as pessoas e um milagre aconteceu: estou vendo tudo com mais nitidez! Ainda preciso melhorar, meu grau é alto e meus óculos ainda não são compatíveis, mas cada dia estou melhor. Parei de taxar. Isso é superficial demais para abarcar a grandeza que está dentro de cada um!

E sim, eu amo a Deus, muito, principalmente porque ele é o único que me vê como eu sou! Ele é o único que vê 100% o meu coração. É essa sua maior qualidade, em minha opinião: Ele não vê como vemos, ele vai além, vê meu interior. E sim, eu amo a Educação, principalmente porque ela foi o instrumento usado por Deus para me fazer ver, ver além do que está diante de meus olhos. Nunca serei como Ele, mas já não sou como antes.

Então, sobre minha perspectiva profissional, quero sim ser Professora. Uma professora que estude muito, cante com seus alunos, alegre o dia deles, se importe com suas vidas, ajude-os sempre, dê o seu melhor, que sempre pense neles, que faça-os sentir vontade de estudar, passe o conteúdo de maneira didática e divertida, sim, quero ser tudo isso. Mas, acima de tudo, não quero dizer daqui a trinta anos: “Graças a Deus me aposentei. Não aguentava mais. Mas deixei meu legado: passaram por mim mais de 700 alunos...”. Quero dizer: “É, hoje vou me aposentar. Estou feliz, mas já com saudades. Sentirei falta da Vitória e sua meiguice; do João e da sua energia; da Fran e sua vontade de aprender; do Fábio e sua sensibilidade; da Giovana e de sua responsabilidade...”e assim até chegar ao último. Quero me lembrar de cada um, das alegrias e tristezas que dividimos e de suas singularidades. Quero vê-los sem rótulo, quero vê-los por dentro, suas características mais profundas, o que faz com que sejam únicos.

Quero ser uma professora de sucesso, mas minha definição de sucesso é um pouco diferente. Gosto da que vi em um filme, chamado Fama: “Sucesso é acordar de manhã animado com o que tem para fazer a ponto de pular da cama. É trabalhar com pessoas de quem se gosta. Sucesso está relacionado com o mundo e fazer as pessoas sentirem. É conseguir unir gente que não tem nada em comum, exceto um sonho. É dormir à noite com a sensação de ter feito o melhor possível. Sucesso é alegria, liberdade e amizade. E sucesso é amor”. Quero sim formar grandes profissionais, mas, antes de um bom emprego, quero que eles aprendam a se valorizar, sabendo que são únicos, e vendo o que é único em cada pessoa.  Sei que pelas características de meus alunos eles poderão ser considerados populares, líderes, rejeitados, excluídos. Mas eu preciso ir além. Como poderei inserir uma criança que é ignorada pelas outras se eu mesma não vejo o que ela tem de bom? Ou, se não descobrir suas qualidades, como poderei ressaltá-las, para que assim os outros também vejam e olhem para ela com outros olhos?Como posso querer incentivar relações positivas entre meus alunos, se eu não ajudo meu aluno a se conhecer e, por consequência, ver o outro como alguém com quem tem o que aprender?

Pode parecer romantismo, mas eu creio nisso: cada aluno meu foi colocado em minha vida com um propósito. Ele tem uma série de características que cabe a mim investigar. E elas vão fazer uma enorme diferença em minha vida! Sem esse aprendizado que terei com ele, minha vida não será completa. Outra coisa em que acredito é na força da simplicidade. Muitas vezes, buscamos muitos cursos, graduações, especializações, e não que isso não seja importante, mas a resposta que buscamos para uma mudança na sala de aula pode ser tão simples. Singelas ações farão toda a diferença na vida deles. Um sorriso em um dia triste, um carinho, uma resposta branda no lugar do grito que a criança esperava ouvir, uma piada, uma conversa franca, uma música animada, amor.

Encerro aqui. Com outro segredo: tenho uma lista. Uma lista de atividades que quero realizar com meus alunos em sala de aula. Uma lista de pequenas e simples ações para ver suas singularidades, de como deve ser meu comportamento como professora que faz a diferença. Essa, não irei revelar aqui. Só digo isso: não vejo a hora de colocá-la em prática, não vejo a hora de conhecer meus futuros alunos, não vejo a hora de crescer mais e mais! Mas sempre com foco no coração...

sexta-feira, 4 de setembro de 2015

Contentamento x acomodação

Os trechos abaixo foram retirados de episódios em minha vida. Fiquem calmos, ao final vocês entenderão a lógica...

Sabe, quando eu passei na Secretaria de Educação para ser professora, uma senhora muito abençoada da minha igreja me disse:

- Lívia, parabéns! Mas não se acomode com isso! Continue estudando, faça mestrado, vá além!

Aí, eu tenho duas colegas no trabalho que eu admiro muito. Uma é a D. Ela tem um filho, cozinha, arruma sua casa, é professora (ou seja, trabalha o dia todo e cansa pra caramba), faz cursos para se especializar mais, fala inglês fluentemente e faz muitas traduções em vários lugares, dá aula de português para estrangeiros, é super criativa e sempre gosta de inovar na sala e, como se não bastasse, ela ainda faz Engenharia Civil à noite...

E tem a Y. Ela é uma baita alfabetizadora. Admiro-a demais como profissional. Ela faz parte de um grupo e está sempre estudando e aplicando as técnicas que aprende lá. Seus alunos saem quase todos lendo e escrevendo ao final do ano. Peguei vários deles em 2015 e posso dizer: ela é fera!!!

Mas, sabe, na minha área, as coisas não são muito fáceis. A gente reclama muito, sempre nos desanimamos... Muitas vezes, estamos cansadas e pensamos em desistir, buscar outra coisa, porque “a educação não dá futuro”. Eu passo por várias crises assim, sou desanimada de todos os lados e já disse muitas palavras não incentivadoras a várias pessoas. Eu gosto do que eu faço, mas tem dias que faltam forças.

O fato é que, em uma dessas muitas conversas de “Oh céus, vida cruel essa de professora”, estávamos falando que nos sentíamos acomodadas em nosso emprego, que queríamos outras coisas. Mas D escutou e entrou na conversa:

- Eu não me acomodei aqui na Secretaria...

Poxa, aquilo me fez ficar pensando... Muito...

Até que um dia recebi de um colega da igreja, no grupo da Mocidade de lá, este texto super legal! Segue o link e recomendo muito a leitura:

 http://rodrigobedritichuk.blogspot.com.br/

Em uma parte do texto, ele diz:

“Batalhar para melhorar de vida é louvável, o problema é quando essa batalha se torna uma luta incessante – e frustrante – para apanhar o vento. Ora, todos lidam com o conflito entre contentamento e acomodação – saber quando a boa aceitação de uma situação constitui um comodismo que impede de seguir em frente e quando constitui um modo feliz e agradecido de levar a vida. O que a geração dos concursos tem perdido é a capacidade de se contentar.”

Gente, fantástico!!!! Nossa, juntei isso com todas as histórias acima, aparentemente sem conexão, e fiz a ligação: sim, eu posso estar no meu emprego e não estar acomodada! Não é porque trabalho muito, não ganho o que eu acho que merecia, que não posso estar contente e feliz! Gostar de onde se está não é ser acomodado. Se eu estudar, sempre procurar me atualizar profissionalmente, pesquisar formas novas de ensinar conteúdos, ideias criativas, trocar conhecimentos com meus colegas, não só chegar em casa, deitar no sofá, ver novela e ver a vida passar, sim, eu posso me contentar sem me acomodar!

Minhas colegas são o exemplo disso! A frase de D é verdadeira: ela não se acomodou. Y não se acomodou. Estão estudando, buscando formas diferentes de “fazer milagre” e mudar a história de seus alunos. Fazem suas atividades, não pararam no tempo esperando a aposentadoria.

E a frase da senhora de minha igreja é válida. Na época, entendi que ela queria dizer que eu continuasse estudando para outros concursos. Mas, depois deste texto, eu entendi: não, não necessariamente. Eu posso me contentar onde estou, e não me acomodar.

Sei que passarei por outras crises... Mas, pelo menos, estou mais segura. Não me sinto pior por estar onde estou, parecendo que parei no tempo. Muitas vezes, estamos muito menos acomodadas do que muita gente em concursos considerados “top”.

Então, força! Coragem! Vamos tentar reclamar menos e nos incentivar mutuamente! A começar em mim! Deus, me ajuda!!!!

sábado, 29 de agosto de 2015

Post-it

Oi gente! Sabe, eu gosto muito de aprender com as pessoas. Aquele provérbio da Bíblia que diz “Como o ferro afia o próprio ferro, assim o homem ao seu amigo” (Pv 27:17) é algo realmente sensacional. Estar com outras pessoas (pessoas de boa influência, claro) nos faz melhores, nos faz ver coisas de forma diferente, enfim, nos faz enxergar além.

Sendo assim, eu vejo como elas fazem tudo, sua forma de se organizar, e vou tentando aplicar na minha vida. Aí junto isso com vlogs/ blogs legais que essas mesmas pessoas me indicam, e nos quais aprendo muito, e vou somando muitos aprendizados.

Como sou meio esquecida, eu anoto tudo na minha agenda. Meu esposo até ri de mim, porque sempre que chega o final do dia eu vou “ticando” o que eu fiz. Não, não adianta anotar no celular e apagar. Já comentei isso antes: comigo não funciona. Tem que escrever e passar o traço por cima.

E, quando eu digo que anoto tudo, é tudo mesmo. Minha agenda é algo que não posso perder. Já falei que tenho muito apreço por ela em outras crônicas. Ela está na minha bolsa o tempo todo e é consultada sempre.

Na parte de trás, eu anoto coisas que quero fazer em minha casinha a curto prazo ou atividades mais trabalhosas que deverão ser feitas em um dia que, por alguma razão, eu trabalhar menos, ou for feriado, ou sobrar algum tempinho na correria diária.

No dia a dia, eu escrevo as tarefinhas normais. Mas, colada ao lado, eu uso um Post-it bem grande com várias atividades mais básicas que, se possível, devem permear toda minha semana. Assim, eu não me esqueço de dar uma olhadinha e tentar cumpri-las. Como elas me ajudam muito, resolvi compartilhar. Escrevi com ajuda de todos que me cercam e, se te ajudar, ficarei feliz.

- Cursos. Coloco isso pra me lembrar de que, sempre que der, devo me atualizar profissionalmente, mesmo que sejam cursos rápidos a distância. Como eu trabalho na Secretaria de Educação, eles já fornecem todo ano cursos bem legais, aí é formação continuada, boa e de graça.

- Treinar piano e teclado. Tento pelo menos meia hora por dia. Não tenho facilidade, mas tento estudar e “fazer milagre” nesses 30 minutinhos diários.

- Estudar Francês e Inglês. Bom, como eu ainda faço francês, tento fazer meu deveres na hora do meu intervalo, pra assim ter mais tempo em casa. Mas uma dica que ouvi em um vídeo de um professor é tentar fazer isso no nosso “tempo morto”. Ou seja, enquanto faz a faxina, na ida e volta do trabalho, você aproveita e vai escutando algo nessas línguas. Tem me ajudado a desenvolver essa parte de compreensão oral, na qual eu sou terrível. É uma forma de utilizar bem o tempo.

- Ouvir pregações. Importante. Tem até um aplicativo que meu primo Carlos me falou e nele dá pra escutar sermões em outras línguas. Aí já junta o tópico de cima com este.

- Ler. Deixe o livro sempre na bolsa, porque, enquanto você espera na consulta, ou no intervalo no trabalho (durante não pode, viu?  Hehehe), ou em casa mesmo, você lê. Desliga a televisão, sai desse celular, porque ler é benção (lógico, quando o livro é de alguém que vale a pena e é recomendado, ok?  Pegue dicas! )

- Escrever no blog (ok, tenho falhado nisso desde o ano passado. Mas está escrito no Post-it, então pelo menos a consciência me incomoda hehehe).

- Tinha um tópico que era ver coisas para o casamento. Mas ele está riscado porque eu já casei. Eeeeeeeeee graças a Deus! Muito melhor ser esposa do que noiva! Organizar casamento é  lindo, fofo, maravilhoso, mas dá trabalhoooooo. Então, estou feliz porque passou...

- Ir a feira para comprar verduras, frutas e legumes, de preferência orgânicos. Ok, nunca fiz isso. Mas está aí, um dia criarei juízo e irei fazer e serei uma pessoa saudável. Só de ter escrito isso é um avanço para minha pessoa.

- Olhar os grupos no Facebook. Sim, eles tem dicas legais, reportagens e vídeos interessantes. Mas só faça isso bem pouquinho e só quando der mesmo. Há coisas mais importantes, em minha opinião.

- Olhar sites de compras. Eu nunca fiz, mas muita gente disse que vale a pena.

- Olhar dicas de passeios. Há muita coisa legal que acontece em nossa cidade e nem ficamos sabendo porque não pesquisamos. Eu gosto de olhar no site do Correioweb e CCBB toda semana.

- Olhar o site do seu órgao de trabalho. É importante acompanhar o que está acontecendo lá. Perdemos iniciativas e programas bons por não fazer isso (eu já perdi vários).

Enfim, essa é a minha listinha. Mas você pode acrescentar (se fizer isso, me conta, assim eu também faço e deixo a minha lista mais completa), tirar, mas acho legal tê-la sempre por perto, pois a correria nos faz esquecer tudo.

A todos os meus amigos, obrigada por, mesmo sem saber, terem me ajudado a fazer minha lista! Vocês são demais!

sábado, 22 de agosto de 2015

Pagar o preço

Calma pessoal cristão reformado! Esse título não é o que vocês estão pensando, não vou ensinar a barganhar com Deus! Eu irei explicar!

Há três semanas, tive a benção de voltar a fazer algo de que gosto muito: aprender música. Eu fazia piano, mas, com as despesas e falta de tempo decorrentes dos preparativos para meu casamento, tive de parar.

Aí vieram a casa e muitas outras contas. Resolvemos esperar um tempo para as coisas tomarem seu devido lugar. Mas continuei tocando, mesmo sem aula.

Então, Deus começou a colocar em meu coração o desejo de levar para a escola um tecladinho que tenho (na verdade, é da minha prima) e tocar com meus alunos. Comecei a procurar músicas e sempre esbarrava em um obstáculo: tudo o que eu achava eram cifras, quase nenhuma partitura.

Aí, veio a ideia: por que não fazer teclado? Já aprendi tudo que minha capacidade permite no piano hehehe, quem sabe aprendendo cifras não utilizo na escola e ajudo as crianças?

Conversei com meu esposo e ele super apoiou! Comecei a pesquisar e decidi fazer na Escola de Música da Igreja Batista Filadélfia.

Na aula experimental, eu e o professor estávamos conversando e eu contando que gosto muito de música, fiz alguns anos de piano, mas não tinha facilidade, que meu tempo era curto para treinar. Ele, que toca muitooooooo, começou a me contar a sua história:

- Lívia, para eu tocar desse jeito, eu treinei muito. Eu parava só para comer. Para ficar assim, eu tive que pagar o preço.

Nossa, saí de lá e fiquei pensando: caramba, é verdade! Quem aqui não tem uma vida corrida? Quem aqui não usa aquela famosa frase “Eu não tenho tempo!” o tempo todo?

Mas, se gostamos muito de algo, temos que pagar o preço para encaixá-lo na nossa vida. E veja bem: não estou falando de orar, ler a Bíblia, devocional com Deus. Isso é fundamental e tem que estar na nossa rotina como prioridade. Estou falando de coisas de nosso lazer, que muitas vezes protelamos, tipo: aprender um instrumento, fazer um curso online de astronomia (está na minha lista, uma das minhas paixões também), aprender a costurar e fazer crochê, a cozinhar, muay thay, enfim, há tanto a se fazer!

Se realmente queremos, é preciso pagar o preço: levantar mais cedo, dormir menos, se organizar melhor, dormir mais tarde, ver menos televisão, mexer menos no celular (ixi...).

Olha, não é fácil. Sei que não faço muitas coisas comparado a muitas mulheres por aí, verdadeiras mulheres-maravilha... Ainda tenho dificuldades em conciliar meu trabalho, afazeres de casa, de esposa, academia (tristeza) e outras tarefinhas que sempre surgem. Mas tenho orado pedindo a Deus que me ajude, me dando sabedoria para administrar meu tempo, menos preguiça, menos cansaço, menos sono.

Tento me mirar nos exemplos excelentes de pessoas com quem convivo na família, trabalho e igreja: mulheres que têm filhos educados, maridos felizes, casas arrumadas, são boas em seu trabalho, se arrumam bem, enfim, conciliam tudo com muita maestria! Elas, mesmo sem saber, são minhas maiores incentivadoras a pagar o preço e me dedicar mais aos meus treinos e aprendizados. Obrigada, Deus! O Senhor pôs pessoas extremamente especiais para “cruzar” meu caminho!

sexta-feira, 14 de agosto de 2015

O chinelo de Davi

Ele é um menino baixinho, de olhos grandes, muito bonitinho. Mas sou suspeita. Sempre acho meus alunos bonitos. Porém, não me lembro de um só dia em que ele foi para a aula sem ter o nariz escorrendo. Muito simples, com roupinhas sempre sujas e surradas, aquele tipo de criança que você tem certeza que terá dificuldades para aprender a ler e escrever. Mas, não... Ele teve uma baita super professora no ano passado, a qual eu admiro muito, e chegou para mim lendo algumas palavras e formando frases compreensíveis... Ou seja, já bem melhor do que a maioria de meus outros alunos.

Não falta aula de jeito nenhum. Era bem desorganizado, mas, após as broncas dessa professora que vos escreve, que é bem chata hehe, tem melhorado seu capricho. É uma criança doce, esforçada e com um sorriso lindo. Esse é Davi (nome fictício para um aluno bem real).

Um dia, fiz um ditado em sala (sim, sigo um ensino muito tradicional às vezes) e, para minha surpresa, devo admitir, Davi ganhou. Não pensei duas vezes: vou dar um conjunto de canetinhas como prêmio, das melhores. Ele merece! 

Passadas algumas semanas, um aluno o pergunta: 

- Davi, cade suas canetinhas?

- A minha irmã pegou...

Fiquei indignada! Como assim?  Elas eram dele! Que absurdo! E o coitado ainda levou mais uma bronca da tal professora que vos escreve, sem nem ser o culpado.

Mas, ao contar para minha mãe o ocorrido, ela disse: 

- Minha filha, eles devem ter vendido. E fizeram isso para assim ter o que comer em casa.

É... Infelizmente, isso é bem comum em comunidades carentes, como a que eu trabalho...

Vieram as férias, acabaram as férias, veio o terceiro bimestre... 

Eis que um dia lá vem Davi, com seu chinelinho na mão, dizendo que ele havia arrebentado no caminho para a escola. Peguei um clips e consertei, enquanto escutava o que os outros diziam a ele:

- Davi, a tia não gosta quando vem de chinelo pra escola. Tem que ser tênis ou sandália fechada...

- Não, Igor, mas ele não tem...

Olho para Davi e ele, com seus grandes olhos, me devolve o olhar:

- Davi, você tem outra sandália em casa?

- Não, professora.

E fiquei o observando no recreio. Sempre correndo com o chinelo preso com um clips, com um sorriso no rosto. Nada pararia sua brincadeira e nem sua alegria.

Fui para a sala e aí aconteceu... Deus me incomodou: 

- Vá e compre uma sandália para ele...

E eu: 

- O que?  De jeito nenhum! Povo folgado, vai é se acostumar pensando que eu tenho obrigação de dar. Não viu o que aconteceu com as canetinhas? Não dou e não dou mesmo!

Mas não teve jeito... Deus continuou a incomodar, me trouxe ao coração aquele versículo que “Mais bem-aventurado é dar que receber” (Atos 20:35). Saí da escola e passei na loja de calçados...

No outro dia, dei um jeito de entregar longe das outras crianças. Ele abriu, me olhou com aqueles grandes olhos, e disse: 

- Muito obrigada, professora!

 E eu falei: 

- Não deixa sua irmã pegar dessa vez, senão eu a chamarei aqui na escola e vai ter bronca!

Neste mesmo dia, íamos fazer um cartão de dia dos pais. Deixei-o escrever o que quisesse, e eu corrigiria com ele depois.  Ao ler, me emocionei. Ele escreveu o nome de todos as pessoas que moravam com ele (umas 10, todas na mesma casa). E acrescentou: Eu amo muito vocês!

Um garoto simples, que provavelmente vive uma vida perto do miserável, mas que não deixar de ter um amor sincero pelos entes que o cercam e não deixa de ter um sorriso no rosto, não importa se seu chinelo é do homem-aranha ou se é “amarrado” com um clips...

E nós?  Quantas vezes nosso coração não é ingrato, mesmo com tudo que temos e pelas pessoas que temos ao nosso redor? 

O chinelinho não sai mais de seu pé, já até mudou de cor hehe. E a lição de Davi também não sai mais de meu coração. 

A todos vocês, um bom final de semana! Que sejamos mais como Davi, afinal, já temos tudo, pois temos Cristo no coração e isso já deveria ser suficiente para deixar um sorrisão estampado... E, além disso, Deus nos presenteia, todos os dias, com muito, muito mais do que precisamos ou merecemos!