segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Registro para dias difíceis (parte 3)

Pessoal, aqui está a terceira e última parte! Espero que gostem! Beijos!



No dia 18 de maio, acordei 5 e meia da manhã! Estava super ansiosa! Toda hora atualizava a página para ver se o Diário Oficial do DF havia saído.

Tomei banho e voltei: estava lá. Passei página por página e não vi nada. Comecei a pensar: Que raiva! Se não ia ter convocação, por que colocaram no blog que teria? Ah não...

Mas tentei me acalmar e comecei a procurar de novo. Achei o nome de uma colega de trabalho e fiquei super feliz. Mas tinha um detalhe: a classificação dela era após a minha. Se ela tinha sido convocada, eu também tinha sido, né?

Quando olhei a página anterior, lá estava! Nossa . . . Nossa . . . Nem acreditei! Era verdade! Uhuuuuuuuuu

Comecei a pular! Liguei pra um monte de gente! Passei o dia mandando mensagem e recebendo ligações de parabéns!

Poxa, foi bom demais! Comecei a organizar minhas festas (isso mesmo, festas hehe) de aniversário, que seriam para celebrar mais um ano de vida e a vitória, após tanta espera, no concurso! Era uma forma de agradecer a Deus por tamanha bênção e também agradecer a todos que oraram por mim.

E aproveitei mesmo: fiz festa com os amigos, com a família, com as crianças do coral de minha igreja, fiz festa de despedida com as turma da manhã e da tarde na escola onde eu trabalhava. Nossa, estava feliz demais! Tinha que comemorar muito!

Aquela convocação era fruto de oração! Minha e de amigos e familiares! Uma irmã de minha igreja, Graça, um dia conversou comigo e disse que Deus faria o impossível se essa fosse sua vontade. Eu disse a ela que eles não chamavam por falta de verba. E ela replicou: então, vamos orar para que haja verba.

E não é que deu para chamar mais por que surgiu um aumento no orçamento? Deus é bom: fez até aparecer dinheiro para assim eu e muitos outros realizarem um sonho.

Eu parecia criança. Coisas simples me deixavam feliz:

Agora na minha folha de ponto está escrito professora;
Amo quando chamam: “Professora, telefone”, “Professora, reunião”, “Professora, quantos alunos hoje?";
Agora encho a boca para dizer MEUS ALUNOS;
Acho sensacional escrever “Professora Lívia” no cabeçalho;
Acho lindo ouvir que agora eles, MEUS ALUNOS, me chamam de professora!

Muitos planos dependiam de ser chamada. Agora, é só por em prática! E meu blog pode, verdadeiramente, ser chamado “Uma professora muito abençoadinha”. Yes!

Porém, não escrevi esse tanto de coisa a toa. É para te ajudar, sim, pois, se você está passando por algo semelhante a minha história, quem sabe esse Registro para dias difíceis não possa te ajudar, né?

Mas a verdade é que pensei primeiramente em mim. É fácil esquecermos a luta que passamos... Mas não podemos! Quis registrar para que eu nunca esqueça como me custou, quanto custou para que eu chegasse até aqui. E isso para que eu nunca deixe de dar valor...

O que acontece é que, mesmo depois de tudo isso que relatei, eu comecei a reclamar. Sabia que seria difícil, sabia que o trabalho e o cansaço aumentariam, o tempo livre diminuiria... Claro que eu sabia! Eu já trabalhava em escola pública.

Mas agora, eu sou a professora. A responsabilidade é toda minha. Agora convivo com os outros docentes, acompanho bem de perto suas reclamações e angústias. E comecei a me deixar contaminar por elas.

Comecei a reclamar, a falar mal dos meus alunos, da comunidade ao redor, das decisões da escola (ou da falta delas), das mudanças de data no cronograma escolar, das colegas de trabalho... Enfim, passava na minha frente e eu reclamava. Falava para mim mesma: vou fazer outro concurso. Ganhar mais, não ter de me estressar tanto.

Até que um dia, após participar de mais uma sessão de “Ganha quem falar as piores coisas de seus alunos”, entrei no carro e Deus começou a falar comigo: “Ué, Lívia, que história é essa? Você me pediu tanto isso, queria tanto ser professora, para agora ficar nessa, só criticando tudo?

Você está na sua escola para fazer a diferença. Você quis tanto! Sua postura tem de ser diferente. Se os outros criticam, você não pode fazer a mesma coisa. Você não pode simplesmente dizer que não gosta de alguém, ou que seus alunos são terríveis. Você é uma serva de Deus. E outra: você pediu, Eu te dei. Quer outro concurso? Quer que eu te abençoe e você consiga não trabalhar muito, e ganhar bem mais? E essas crianças? Quem fará diferença na vida delas? Eles são seu campo missionário. Difícil? É... e muito. Mas confie em mim, descanse em mim, renove suas forças em mim. Não se cobre além de suas forças e saiba que quem vai a sua frente sou Eu”.

Logo, me senti reanimada. Passei a orar antes e depois de minhas aulas. Tento reclamar menos. É difícil. Há dias em que dá vontade de desistir. De jogar tudo para o alto.

Mas aí eu me lembro do quanto foi difícil chegar até aqui. O quanto eu esperei, o quanto eu pedi. Não posso dar para trás, pois isso seria me trair, trair tudo o que eu sempre preguei. E, acima de tudo, seria menosprezar as crianças que Deus pôs em meu caminho.

Por isso, resolvi escrever contando minha história. Para que, por meio dela, essa trajetória não caia no esquecimento e eu caia no mundo das lamentações infinitas.

Espero que te ajude. Escreva a sua. Conte a sua. Assim, daremos mais valor e veremos que, em tudo que Deus faz, há um propósito. Estamos nos fortalecendo e melhorando como seres humanos, tudo para honra e glória dEle.

Agradeça a Deus por sua história! Ela é única! Faça a diferença, pois nós cristãos não podemos agir como os outros.

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Registro para dias difíceis (parte 2)

Bom, continuando minha história da semana passada...

Não, eu não fui convocada. Eles simplesmente não chamaram ninguém e nem deram explicações sobre isso. Se não fizeram isso no começo do ano, não fariam durante o ano... Era improvável...

Poxa, fiquei muito mal: continuaria sendo monitora? Não me leve a mal, eu gostava de ser ajudante, mas não era para isso que eu tinha me formado, afinal de contas. Esse emprego era para ser temporário, enquanto não virava professora, mas ter ficado nele mais tempo do que eu gostaria começou a me deixar bastante frustrada.  Quando passei, em 2010, nem tanto, mas depois, tanto em 2011 quanto neste ano, queria muito ser professora. Uma vontade muito forte mesmo. A espera foi algo angustiante, mas de muito aprendizado também.

Parecia que tudo me deixava pra baixo, até situações simples. Na escola em que trabalhava, tinha uma pasta de avisos e cursos. Cada um mais legal do que o outro. Mas eu sempre ficava triste, pois tudo era para professores...

O ser monitora era uma bênção. Aprendi muito! Mas tinha o lado ruim: não participava de decisões, tomavam decisões por mim; ficava 8 horas por dia em sala; pulava de sala em sala conforme a necessidade (e eu detestava isso, gostava de ficar na turma de sempre), e, de certa forma, nem podia dizer que as crianças eram MINHAS/MEUS ALUNAS (OS).

Eu ficava triste até quando olhava a agenda e via os bilhetes endereçados à professora da turma. Poxa, isso só confirmava: a turma não era minha e a minha turma parecia tão longe...

Mas essa espera só fez aumentar minha vontade de ser professora. No filme “Capitão América”, o personagem principal, antes de sua transformação, pergunta por que o tinham escolhido. E eles o respondem:

- Só os fracos sabem o valor da força.

Eu me via nessa definição. No dia em que fosse professora, saberia dar muito valor, pois, se tivesse sido fácil, a vitória teria outro gosto. Eu poderia até me achar se minha nota não tivesse caído no concurso, pois ela seria alta, ficaria entre os primeiros. Mas Deus disse:

- Não! Você será apenas uma das que vão entrar, e não a primeira colocada, a melhor.

Além disso, aprendi que minha convocação não dependia de mim. Muitos me deram certeza de que eu seria chamada em janeiro de 2011. Mas ninguém sabia de nada. Só Deus.

O tempo foi passando... As orações só aumentavam, mas a angústia também.

Em maio, uma luz no fim do túnel surgiu. Uma amiga da igreja, Suzana, que é professora, me disse que havia rumores de uma possível convocação naquele mês. Seriam 200. Não chegaria até minha classificação, mas já era um bom sinal.

No dia 17/5, recebi a notícia de que algumas pessoas que haviam ficado em classificações inferiores a minha entraram na justiça e conseguiram ser convocadas! Diante disso, o SINPRO (Sindicato dos Professores) se mobilizou para entrar com uma ação conjunta para que os outros aprovados também fossem chamados. Lembro-me de ligar para um amigo meu que é advogado e começar a separar os documentos necessários. Estava tão brava no telefone! Era tanta coisa! Poxa, chega desanimei... Só pensava assim: se eu tivesse entrado de primeira, não ia precisar disso.

Comecei a ler o blog no qual aquela notícia tinha sido publicada. Os advogados que haviam ganhado a causa diziam que, por haver esse precedente, seria provável que a justiça fosse favorável à ação conjunta do SINPRO. Mas as justificativas deveriam ser diferentes das que foram colocadas por eles e, de qualquer forma, até a decisão sair levariam alguns meses.

Alguns meses... Aquilo soou na minha cabeça com a força de um soco. Mais tempo? Deveria esperar mais? Ah não...

Desanimada, retornei para a página inicial do blog. De repente, uma frase em letras gigantes chamou minha atenção:

ATENÇÃO APROVADOS: AMANHÃ GOVERNO DO DF IRÁ CONVOCAR 300 PROFESSSORES!

Opa, 300? Não eram 200? Se forem 300, eu entro! Será? Será que dessa vez iria acontecer?

Espere até a próxima postagem! : )

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Registro para dias difíceis (parte 1)

Pessoal, final de ano se aproxima, o cansaço aumenta, assim como o desânimo. Resolvi escrever um registro para vocês. Na verdade, ele conta minha história, mas, no final, traz uma mensagem de ânimo. Ele será dividido em 3 partes e colocarei uma por semana. Espero que essa palavra reavive o coração de vocês. Quem sabe não estão passando pela mesma angústia? Um abraço!


Sabe, preciso confessar algo. Já tenho esse blog há 1 ano e meio e ele sempre teve o mesmo título: Uma professora muito abençoadinha. Porém, não era professora durante a maior parte deste tempo.

Calma, calma. Não se revoltem. Vou contar a minha história e vocês entenderão...

Tudo começou há muito tempo... A história é longa, mas eu vou resumir. Um dia, contarei com detalhes, mas hoje esse não é o foco.

Eu sempre fui uma menina esforçada. Nunca peguei as coisas com facilidade, mas gostava de estudar e tirava boas notas. Desde pequena, dizia que queria ser médica. Pediatra, pois amava crianças. Como vocês sabem, é um curso extremamente difícil de passar no vestibular. Mas, fui em frente.

Porém, quando estava para acabar o Ensino Médio, cheguei à uma conclusão que me apavorava já havia certo tempo: eu não queria ser médica. Não gostava de Biologia, aqueles negócios de embriologia, fisiologia, credo! Sei que parece que foi fácil ao ler por aqui, mas, na época, foi uma decisão muito complicada.

Como gostava de matemática, e não queria ser professora de jeito nenhum (eita ironia), acabei colocando no vestibular Engenharia Elétrica. Sim, que loucura! Passei e fiz 2 anos.

Antes que você queira me internar, já explico: a mudança para Pedagogia foi uma das melhores coisas que fiz. O que aconteceu foi que, durante o tempo que fazia Elétrica, me sentia um verdadeiro peixe fora d’água. Achava aquilo tudo uma bobeira, sendo que a vida passava lá fora tão linda...

Enfim, nesse meio tempo, surgiu a oportunidade de dar aula na igreja e me apaixonei! Achava lindo sentar com meus alunos, aprender com eles, receber o carinho deles...

Aí, não deu outra: mudei para Pedagogia! Fui super criticada, super chamada de louca, super zoada. Mas fiz! E não me arrependo! Desde o terceiro semestre trabalho na área. Fui monitora por 6 meses e logo fui promovida para professora. Fiquei na mesma escola por um pouco mais de 2 anos.

Porém, Deus abriu uma porta para mim em um concurso público como monitora da Secretaria de Educação do DF, cargo em que fiquei por mais de 2 anos. E foi durante este período em que comecei o blog.

Sim, eu não era professora. Mas me considerava uma: ajudava muito as crianças, cuidava delas, como se fossem meus alunos. E eles eram de certa forma, poxa vida! Hehehehe

Pois bem, no ano de minha formatura (2010), eu prestei o concurso para Professora do mesmo órgão. E fui super bem! Mas tiveram muitos recursos e, com o gabarito definitivo, a minha nota caiu bastante e a classificação foi para mais de 200. Deus sabia o que estava fazendo...

Em janeiro do outro ano (2011), fui convocada! Eba! Mas fui logo desconvocada, pois a Secretaria de Educação alegou não ter verba suficiente. Fiquei o ano todo esperando, pois queria muito, muito mesmo ser chamada! Apenas aqueles que passaram exatamente dentro das vagas é que assumiram (entre os quais eu estaria se minha nota não tivesse caído).

Mas Deus me fez esperar e sei que foi o melhor para mim. Foi um tempo difícil, eu confesso, e de muita angústia, pois as notícias eram sempre ruins: falavam que o governo esperaria o concurso encerrar e não chamaria ninguém, para assim fazer outra prova. Sempre diziam que não sairiam mais convocações, pois a verba estava apertada... Os prognósticos eram sempre os piores possíveis.

Quando chegou janeiro de 2012, estava super empolgada e ansiosa: será que minha nomeação sairia? Será que finalmente seria chamada? Bom, na próxima postagem você saberá. : )