sexta-feira, 26 de agosto de 2016

Simplicidade

Eu amo ler coisas escritas para crianças, em especial quando dão explicações sobre algo. Claro que tem vezes que não dá para simplificar tanto assim. Mas muitas coisas é possível sim. Nós adultos que complicamos.

Meu sonho era assinar a revista Recreio, pois ela sempre tem curiosidades e explicações de coisas meio complicadinhas, as quais muitas vezes não achamos as palavras certas ao passar para eles.

E no âmbito da igreja a simplicidade também tem espaço. Esses dias, eu estava na EBD (Escola Bíblica Dominical) da minha congregação e minha professora fofa citou uma musiquinha super conhecida e cantada pelas crianças:

Leia a Bíblia e Faça oração
Faça oração, Faça oração

Leia a Bíblia e Faça oração
Se quiser crescer, se quiser crescer, se quiserrrrr crescerrrrrrrr

Leia a Bíblia e Faça oração
Se quiser crescer

Quem não ora e a Bíblia não lê
A Bíblia não lê, a Bíblia não lê

Quem não ora e a Bíblia não lê
Diminuirá, diminuirá, diminuirááááááá

Quem não ora e a Bíblia não lê
Diminuirá

Gente, tão simples, mas tão verdadeiro! Como precisamos aprender com as crianças e sempre relembrar o que vimos quando éramos uma.

Essencial, direto, significativo, a base para nossa vida cristã...

Então, fica a dica: cante essa musiquinha e pratique. Bom final de semana!

sexta-feira, 19 de agosto de 2016

Não estou sozinha!

Toda escola tem que seguir uma rotina. Não tem jeito. É importante para o aprendizado das crianças.

Mas, por mais paradoxal que possa ser, num local onde a rotina é tão essencial, você pode ter certeza de uma coisa: nenhum dia, absolutamente nenhum, é igual ao outro.

É bem corrente no meio docente a seguinte frase: Temos que matar um leão por dia. Ok, eu concordo, mas ontem foi um dia tão sinistro que eu acho que matei dois.

Começou assim: fui olhar minha conta no banco pelo aplicativo e vi um lançamento absurdo. Já fiquei estressada. Tinha que resolver o mais rápido possível. Olho no relógio: já era quase 1 da tarde. Iria chegar atrasada na escola.

Ligo para a vice-diretora, explico a situação, ela me libera. Passo no banco, querendo chorar de raiva durante o tempo que passei lá, e saio correndo para o trabalho.

Já chego à escola desestabilizada e chateada por chegar tarde resolvendo algo que nem era culpa minha, mas do bendito banco.

Enfim... Entro na sala e já recebo a notícia de todas as crianças: AJ está trancada no banheiro, dando “chilique”. Minha chefe me explica:

- Lívia, briguei com ela porque estava batendo em um colega. Ela deu escândalo e saiu da sala. Já chegou “atacada”. Me deu um chute que quase pegou no meu queixo e me unhou.

Comecei a orar... Deus, tem misericórdia dessa menina... Eu não sei o que fazer...

Pensei: já era. Desde o texto que escrevi sobre ela há algum tempo, ela deu alguns mini e grandes escândalos. O de ontem foi do último tipo. Era um “daqueles”.

Pedi para alguém ficar com ela enquanto eu dava aula...

 Mas seguiu-se uma longa tarde que parecia não acabar mais. Ela gritou pelo corredor, bateu na educadora social, minha colega foi defender e saiu com braços vermelhos e unhada. Desceram para o intervalo com meus alunos e eu fui vigiá-la. Mandei mensagem para meu marido:

- Ore por mim, estou com AJ. Ela “tá que tá”.

Ele já conhece as muitasss histórias que passei com ela...

Aí ela me deu dedo, me xingou, me deu olhares de fúria, me mandou tomar naquele lugar... Comecei a cantar, orando em pensamento...

- Cala a boca!
- Não, AJ. Você não manda em mim.
- Sai daqui, sua desgraçada, eu te odeio!
- AJ, nada do que você falar vai me mudar em relação a você. Você pode me odiar, mas eu não te odeio. Não fiz nada com você, não entendo o motivo dessa raiva. Eu não mereço essa raiva!

Ela correu pelas escadas e sentou no corredor.

Depois voltou para a sala, entrou sem bater, querendo seus cadernos.

- Só dou se disser por favor.

Ela se recusou. Não me deixou fechar a porta. Tranquei o armário. Continuei a aula.

Ela conseguiu enfiar a mão pela pequena abertura e puxou o caderno. Subiu na mesa e pegou o de cima do armário.

Não sabia se trancava a porta e não a deixava sair. Não sabia se puxava o caderno de sua mão. Se gritava, jogava tudo no chão... Não adianta, repetia para mim. Quando chega a este ponto, não adianta... Eu vou é sair da linha e eu que perco com isso...

Resolvi orar e continuar a aula. Ela saiu.

Todos da turma estavam com medo e me olhavam. Eu disse:

- Ela não é sempre assim. Vai voltar ao normal. Ninguém age assim sem motivo. Ela está machucada por dentro. Temos que cooperar.

Continuei orando...

Um tempo depois...

Não sei como Deus agiu, quem Ele usou, quem conversou com ela... Só sei que Ele ouviu e me atendeu. Só sei que ela voltou. Só sei que bateu na porta chorando. Quando olhei aquela menina, não sabia se sentia raiva ou pena. Quem é professor sabe como uma situação dessa tira nosso chão...

Pensei, orei de novo e disse:

- A porta ficará aberta. Você pode entrar se quiser.

Ela entrou. Ouviu a história da Chapeuzinho Vermelho com a luva de dedoches. Brincou com ela quando deixei que pegassem.

Comecei a escrever no quadro.

- Você lanchou, AJ?
- Não.
- Quer biscoito?
 - Sim.

Eu dei... Ela comeu, pegou o caderno, escreveu o cabeçalho. Meu aluno olhou e disse:

-Tia, ela já está voltando ao normal, né?

Fiz que sim com a cabeça.

Chamei-a à minha mesa para corrigir o dever de casa. Quando acabamos, comecei a conversa.

- AJ, que show foi esse que você deu hoje?

A conversa foi longa... Muito longa...

E terminei dizendo:

- Não é a primeira vez que você faz isso. Não é a primeira vez que dá chilique. Não vou te obrigar, mas você deveria pedir desculpas para todos que você ofendeu e bateu hoje... E, se você está arrependida, não vai só pedir desculpas. Vai mudar de atitude e não voltar a fazer de novo.

Enfim... Ela pediu desculpas... Não com uma carinha muito boa, estava de fato meio sem graça, mas pediu...

Ufa. Saí esgotada. Mas com uma certeza: senti na pele o que é ver Deus respondendo uma oração! Uau! Sou testemunha disso! Ele realmente nos ouve e atende!

Não sei se ela se arrependeu mesmo... Não sei se irá mudar... Não sei se irei enfrentar outro chilique. Mas creio que Deus pode fazer esse milagre e mudá-la, se esta for a vontade dEle.

E sei que, independente de chilique ou não, Ele está comigo, ouvindo meu clamor, atendendo à minha oração, me dando sabedoria, acalmando meu coração, me dizendo o que fazer... Não estou sozinha!

“Não andeis ansiosos de coisa alguma; em tudo, porém, sejam conhecidas, diante de Deus, as vossas petições, pela oração e pela súplica, com ações de graças.” Filipenses 4:6

Pode confiar, Ele ouve e responde mesmo!

sexta-feira, 12 de agosto de 2016

Ser professor(a) é... (parte 1)

Já que o recesso acabou, vamos lá... Ser professor(a) é:


- Nos sentirmos um trapo quando “aquele” aluno dá chilique, não nos obedece e sai de sala sem nossa permissão, nos deixando de mãos atadas, sem saber o que fazer primeiro: não sabemos se choramos, esgoelamos, pulamos da janela, ou engolimos a raiva para não criar rugas e ficar mais velho(a) antes da hora...

- É, quando algo como a situação acima acontece, ter humildade, reconhecer que não somos Mulher-Maravilha ou Super-Homem (somos quase...) e não resolvemos tudo sozinhos(as). Precisamos da ajuda de alguém: um colega, direção, orientador, pedagogo. Mas ainda assim nos sentimos péssimos(as) por dentro porque não demos conta de resolver por nós mesmos(as) hehehe

- Ir para a escola sempre de cabelo preso, roupas confortáveis... E, quando resolvemos soltar o cabelo e ir mais arrumadinha, escutar: “Professora, a senhora está tãooooo bonita H-O-J-E!!!” (muita ênfase na palavra hoje hehe)

- Escutar de todos (inclusive da sua família) a seguinte pergunta na última semana de aula: "Está dando aula, ou é só festa e brincadeira?"

Hahahahahahahha

Sim, gente, damos aula sim! Damos dever de casa, tarefa na sala, usamos livros e cadernos. Festa é só um dia e ela dura 1 hora, 1 hora e meia. Não é a tarde toda.

- Se pintar, sujar todas as blusas amarelas e ficar rouca de tanto gritar na gincana olímpica da escola que vale um passeio para a equipe vencedora (passeio este que dá mil vezes mais trabalho do que um dia normal, mas que é super legal!).

Nós perdemos... Mas foi bem divertido!

- Se fantasiar para contar uma história, pra ver se assim eles assimilam mais a matéria.

- Ter como sonho de consumo uma impressora que imprime um milhão de cópias sem gastar muita tinta, só para dar mais atividades para os seus alunos.

- Brigar atéééé com aquele aluno difícil que nos tira do sério... E depois sentir remorso no caminho de volta pra casa.

E "vamo que vamo", pois segunda estaremos lá de novo para ouvir e contar novas histórias! Boa volta às aulas!


sexta-feira, 5 de agosto de 2016

E lá se vão 18 meses...

Essas últimas semanas foram bem intensas. Fui a algumas programações e todas envolviam casamento: seja chá de panela, de lingerie ou o próprio casamento em si.

Eu amo ir  a estes eventos! Em parte porque são lindos, em parte porque como muito bem (hehehe), em parte porque me lembro de toda minha trajetória rumo ao altar. E isso sempre me leva a algumas reflexões...

Sabe, eu toda a vida fui aquela menina sonhadora. Tive minhas crises, claro, de desacreditar no amor, mas em 90% do tempo fui uma romântica convicta. Sempre sonhei em como conheceria meu amado, em nossa vida a dois, nossas viagens, nossa casinha. Isso enchia meu coração de alegria!

Mas o fato é que nós, seres humanos, pedimos tantas coisas a Deus, e até nos lembramos de agradecer quando recebemos... Mas somos ótimos para reclamar depois.

Meu esposo sempre fala essa frase: a gente ora para casar, e depois que casa, reclama do casamento. A gente ora para ter filho. Deus nos dá a bênção e logo começamos a reclamar do trabalho que dá.

Isso fez muito sentido para mim nestes dias... Olhando as noivinhas em seus chás e casamento, a alegria e expectativa, tudo isso reacendeu aquela chama em mim, sabe? De quando era solteira e orava pelo meu esposo... De quando começamos a namorar e ele me pediu em casamento... Os meses que pareciam não passar até que chegasse o grande dia (fazia contagem regressiva no Facebook, meus amigos não aguentavam mais)... O frio na barriga quando ele finalmente chegou... A sensação de ver que aquilo tudo que sonhei estava se tornando realidade aos pouquinhos...

1 ano e meio se passou desde nosso SIM...

 Esses dias, fui dormir depois dele. Na hora de me deitar, olhei para seu rosto e pensei: Cara, que legal! Sempre esperei tanto para tê-lo aqui do meu lado... Fiquei refletindo, repassando todos os pensamentos que tive de como seria a vida de casada...

Vi como tenho que agradecer! Sonhei, pedi, orei e Deus está realizando. Sim, temos dificuldades. Sim, brigamos mais do que eu gostaria. Mas ele está aqui, é meu parceiro e não quero deixar aquela sensação de antes, daquela menina sonhadora, aquele brilho que vejo em minhas amigas e afilhadas noivinhas, aquela boca cheia de orgulho quando dizemos pelas primeiras vezes “meu marido”, não quero deixar isso passar...

Quero carregá-lo comigo, agradecendo a Deus por ter me respondido e por me permitir vencer os obstáculos... Clamando a Ele que não deixe que a reclamação, uma péssima companheira que detesto, mas teimo em levar comigo com frequência, tire a alegria de estar aqui com meu esposo, mesmo quando muitos anos se passarem... Mesmo quando não conseguirmos viajar... Mesmo quando o orçamento não deixar dar aquela saída que todo mundo merece de vez em quando... Mesmo quando a louça estiver suja e a casa uma poeira só... Mesmo quando a organização estiver em qualquer lugar, menos ali em seu quarto... Mesmo em dias difíceis, em que os dois estão insuportáveis... Esses dias passam, o amor fica, Deus está no comando...

Obrigada, querido, por realizar meu sonho e ser meu sonho todos os dias! Temos uma longa caminhada, e precisamos ser moldados... Mas cremos que Deus está conosco, até mesmo nos carregando no colo se preciso for...


 Foto: Diogo Perez (recomendo 1 milhão de vezes)