quarta-feira, 26 de dezembro de 2018

Minha turma de 2018

Eis que estou aqui, sentada em minha mesa, de frente ao computador, após aquela corrida maluca de final de ano que todo(a) professor(a) e dona de casa sabe bem como é...

Acabei de fechar meu diário, vendo nome por nome dos meus, agora, ex-alunos... Como doi escrever esse “ex”... Vi os que foram transferidos, os que preencheram essas vagas, li o diagnóstico inicial e fiz, cheia de orgulho, o diagnóstico final.

Que privilégio! Sempre agradeço a Deus no final de ano o presente de ter estado, do começo ao fim, com minha turma, vendo de perto seu crescimento. Fácil não é... Os mais experientes dizem: “É matar 1 leão por dia”. Tem dia que são 10...

Lembrei o meu medo no começo do ano, pois não sabia como eles reagiriam à nossa querida aluna especial. Mas deram um show de humanidade e solidariedade, sendo amigos dela e ajudando nos cuidados de uma forma maravilhosa e natural, nada forçado.

Lembrei os passeios, festas, cada conteúdo (foram tantos!), cada apostila do projeto do Animalfabeto, receita de doce (sempre a aula preferida, e, segundo um aluno meu, “o dia mais feliz da minha vida”), dias frustrantes (em que queremos desistir da profissão), histórias, broncas, dias felizes, dias em que morremos de orgulho ao vê-los lendo pela primeira vez, o dia em que vamos às lágrimas ao ver que aquela aluna com dificuldade no aprendizado leu e entendeu o que estava no quadro.

E o final de ano, com apostila de cada aluno com mais de 100 folhas para encadernar, arrumando suas lembrancinhas, fotos, relatórios, formatura deles que fui "inventar", mas valeu cada segundo...

E a famosa festa do Pijama de nossa escola? Eles estavam lindos e tão animados! Quase morreram de alegria ao me ver de Fiona no palco, pulando e me dando tchau, me cercando de abraços quando fui falar com a turma!

Foi bom relembrar! Mas... Ao mesmo tempo...  Deu uma tristeza...

A gente passa um ano inteirinho com eles. Quantas coisas a gente faz juntos! Só de olhar já sabemos se estão felizes, tristes, doentes... Conhecemos cada um como a palma de nossa mão.

E, assim, depois de piscar, o ano passou, a loucura terminou, arrancamos os cartazes das paredes, fechamos o armário e nos dirigimos à porta, dando aquela última olhada à sala vazia, agora sem vida. Respiramos fundo, desligamos a luz, saímos sem olhar para trás.

Viramos passado na vida deles... Alguns pais nos dizem na última reunião: “Professora, ele se apegou muito à senhora. Estou preocupada, pois não sei se irá se adaptar ano que vem com outra pessoa”.

Ah, vai sim. Como vai, e como será rápido! No instante em que fechamos a porta pela última vez, viramos passado. Doi, mas é a verdade. Pode ser que nos primeiros meses nos encontrem pelos corredores e nos abracem forte, mas o tempo vai passando, novos colegas são feitos, o amor pela nova professora cresce e, aos poucos, vamos virando um borrão nas lembranças em suas cabecinhas.

Ah, eles se adaptam muito fácil. Mal sabem os pais que o sofrimento é muito maior na gente do que neles. Teremos nossos novos alunos, mas os antigos sempre estarão em nosso coração.

Mal sabem os pais a alegria que sentimos quando eles gritam nosso nome e vem correndo em nossa direção no ano seguinte. Ou quando vamos falar algo com sua nova professora e eles quase derrubam a gente no chão com o abraço coletivo... Mas passa... E doi quando passamos por eles alguns meses depois, e eles nos olham, e continuam brincando. Viramos passado...

Pode ter certeza, a mudança é pior pra gente. A saudade é maior na gente. E restam apenas as memórias do ano que se passou...

Mas, não irei lamentar...  Não, porque logo também iremos nos adaptar à nova turminha, fazer novos amigos, viver mais memórias. Será mais difícil, mas uma hora nos adaptaremos.

Resta-nos também o consolo de pensar que, quando estiverem grandes, uma vida praticamente formada, mas sempre em construção, saberemos que ao menos 1 tijolinho está ali por nossa causa.

À vocês, queridos alunos do 1° H, meu muito obrigada! Nem sei dizer como foi maravilhoso passar este 2018 com vocês, ensinando e vendo como cresceram em todos os sentidos! Lindo vê-los lendo, escrevendo, cada dia mais independentes.

Vez por outra, me pego pensando em vocês, rindo das coisas que passamos juntos. Foram 200 dias orando para que Deus não deixasse que se machucassem, para que aprendessem direitinho, para que eu achasse graça diante dos olhos de vocês.

Vocês me chamam de tia, professora, porque acreditam que eu ensino a turma. Mas mal sabem o tanto que eu aprendi! Em minha vida, vários tijolinhos foram colocados graças a vocês!







segunda-feira, 19 de novembro de 2018

Uma professora muito ansiosinha



Era uma vez uma professora bem ansiosinha. Antes ela curtia mais os passeios... Mas as preocupações foram fazendo a docente perder o brilho... Deixava de reparar nas coisas legais e só focava na parte ruim... Era medo dos meninos se perderem, se machucarem, sua aluna especial estranhar e chorar... Era aquela tensão no dia de sair da escola!

Então, num dia quente, de seca e sem chuva, seus alunos foram chamados para um passeio gratuito. Lógico, nenhum faltou hehehe.

Entre várias brincadeiras, e muita curtição, eles aproveitaram cada segundo.

E, em um dos circuitos, a novidade... Várias bicicletinhas, aquelas de palhaço. Eles andavam, caíam, se “estribuchavam” no chão, e soltavam aquelas gargalhadas.

Então, um aluno disse: "Professora, tenta você..."

Mil pensamentos vieram a sua cabeça: “Não, de jeito nenhum. E se eu for e um aluno sumir, ou machucar, ou fugir, e... e.... e... Tantas coisas poderiam acontecer. Não, passeio não é curtição. Tenho que vigiar o tempo todo. Não dá.”

Mas o aluno insistiu. Outro também. E, de repente, as vozes chatas na cabeça foram silenciando... A coragem e animação surgindo... E a professora foi.

Os alunos bateram palma. Ela tentou, caiu no chão, tentou de novo... Divertiu-se, os meninos mais ainda... Todo mundo feliz!

No meio da bagunça, eis que ela olha sua aluna especial. Ela está com os olhos fixos na professora, com um sorrisão. Cada queda dela, a gargalhada ficava mais alta, o sorriso mais aberto...

Aí a ficha caiu e sua cabeça foi lá para o começo de sua carreira, quando era mais animada. Então se lembrou: dá sim pra conciliar os dois. Dá pra vigiar menino, e dá pra se divertir. Dá pra cuidar das crianças, e ao mesmo tempo curtir... Dá pra ser rígida, mas tem espaço pra leveza também.

Eles gostam e faz bem pra gente.

Ela voltou pra casa menos pesada, e mais feliz... Sorriu por ter caído, pelos tombos... E principalmente por ter trazido alegria aos seus estudantes.

Mas sua parte preferida foi a imagem da sua aluna mais que especial achando o máximo ver sua professora brincando igual criança. Aquela cena... ah, aquela cena... Nunca sairá de sua cabeça. Com certeza, agora os passeios serão diferentes!

Mais uma lição aprendida pela professora não-mais-tão-ansiosinha-assim, ensinada pelos melhores educadores do mundo: seus parceirinhos de todo dia!

segunda-feira, 12 de março de 2018

Uma amizade na história. (Ou seria uma história de amizade?)



- Ei, você quer brincar comigo?

Uma frase simples. 4 palavras. Mas com ela 2 crianças, que nunca se conheceram, dão início a uma singela amizade...

Começou assim entre Liz e Sofia. Encontraram-se em um hotel, onde passavam o final de semana. Só para descansar e sair da rotina mesmo. Foi na piscina que surgiu essa pergunta. Partiu de Sofia. Ela tentou uma vez. Liz não respondeu. Sofia não desistiu e tentou a segunda, e a terceira. Liz saiu da piscina grande e foi para a menor, ainda sem responder.

A mãe de Sofia resolveu intervir e incentivou a filha a ir para a piscina pequena e tentar mais uma vez. Sabe como é, tinham poucas crianças, e sempre é mais divertido quando brincamos com um amiguinho. A mãe de Liz ajudou e ofereceu os brinquedos da filha para que elas dividissem.

Sofia respirou fundo e foi. Tentou mais uma vez... E deu certo!

Naquele dia, compartilharam bonecas, bolsinhas, sapatinhos e batatinhas fritas (final de semana pode hehe). Saíram da piscina e brincaram à tarde no parque. No outro dia, a farra continuou, e os pais de Liz chamaram os de Sofia  para almoçarem juntos.

Mas não parou por ali. Telefones foram trocados e as mães das meninas continuaram em contato. Muitas saídas marcadas, cinemas, aulas de balé, visita à igreja uma da outra, brigas, reconciliações.

Foram muitos e muitos aniversários, muitos e muitos primeiros pedaços de bolo uma para a outra, muitas coxinhas (quibe não), noites do pijama, pulseirinha da amizade, ciúmes das novas amigas, cartinhas e segredos compartilhados.

E o tempo passou... Sofia e Liz cresceram. As viagens com as famílias juntas cederam lugar a viagens apenas entre as meninas. Os assuntos mudaram. Bonecas deram lugar a outros interesses... Conversas intermináveis sobre as escolhas dos cursos na faculdade, a alegria de passar no vestibular e do primeiro emprego, os possíveis namorados, os pedidos dos possíveis namoros, as frustrações dos términos. A amiga que era sempre a primeira a saber era também o primeiro ombro no qual chorar.

Conselhos, broncas, puxões de orelhas aos montes... Entre acertos e erros, muita oração e conversa, na vida de Liz surgiu aquele rapaz que veio para ficar e tornar seu coração mais feliz, conquistando também a confiança dessa amiga mais do que especial.

Até que chegou o dia deste compromisso ficar mais sério. E, lógico, Sofia ajudou o namorado de Liz a pedi-la em casamento. Arranjaram tudo, planejaram a surpresa às escondidas, com muita dedicação e carinho...

E ali, como testemunha ocular, a companheira de brincadeiras, risadas, parcerias, viagens, viu de perto o sonho da amiga-irmã acontecer, com lágrimas nos olhos.

Virou madrinha, a número 1. E as conversas só eram sobre isso: casamento. Decoração, sapato, vestido, local, ufa, mil tarefas, mil eventos de noiva para ir. Mas ali estavam as duas, inseparáveis, felizes, contando os minutos para a chegada do grande dia.

E chegou. Sofia era a madrinha mais bonita. E Liz a noiva mais espetacular que já existiu. Foi difícil conter as lágrimas de alegria e emoção.

O buquê não foi jogado. Não poderia ser. Foi entregue nas mãos daquela que, com uma simples pergunta, deu início a toda uma história, que não pararia por ali e teria ainda vários outros capítulos.

Sofia deu um abraço em sua amiga Liz, agora casada e uma senhora e deu espaço para os noivos iniciarem sua primeira dança.

Enquanto assistia com lágrimas nos olhos, alguém se aproximou e encostou em seu ombro. Ela olhou o simpático rapaz, que lhe disse:

-  Olá. Você quer dançar comigo?

Uma frase simples. 4 palavras. Mas, com ela, um rapaz e uma moça, que nunca se conheceram, dão início a uma singela amizade... Ou será esse o início de um outro tipo de história?



sexta-feira, 16 de fevereiro de 2018

Crianças e seus comentários engraçados (parte 1)

Aí você dá uma lembrancinha de final de ano e explica para eles que é só um pequeno presente, que eu sei que eles merecem algo lindo e bacana, porém eles são muitos e não posso dar algo caro para todos. Mas que é de coração e feito com carinho. E, então, vêm os comentários:

- É, professora, minha mãe sempre diz que dinheiro não é capim.

- kkkk, verdade Juliana.

- E também, se a professora for só ficar dando presente pra gente, ele vai ficar sem dinheiro e não vai ter o que comer.

- Kkkkkkk, credo gente, também não é assim.


---

Toda segunda-feira faço uma rodinha para eles contarem as novidades do final de semana. Aí escuto todos e fico por último. Quando foi minha vez, comecei a falar e fui interrompida por meu aluno:

- Ah, tia, o seu eu já sei como foi. Você foi a um casamento, depois pra igreja...

Hahahaha, será que meus finais de semana estão parecidos? Sim ou sim?

---

- Tia, o fulano tem medo de mosca. Fala sério!

- Uai, cada um tem medo de algo, né? Eu mesma tenho medo de tudo hehehe.

- Eu não tenho medo de nada! Sou “cabra macho”.

Kkkkkkkkkk.

---

- Professora, posso dividir meu Fandangos com meus colegas?

- Pode. Mas só dá para quem estiver sentado.

Aí ele distribui a todos e volta pra minha mesa:

- Tia, como você está sentada, aqui está o seu.

Hehehehe, ganhei!

---

Aí você fica ouvindo o dia inteiro: Tia, tia, tia, um milhão de vezes. No final da manhã, eu digo:

- Gente, dá um tempinho pra mim. 5 minutos. Só 5 sem me chamar toda hora, sem chamar o tempo todo: Tia, tia, tia!

- Mas e de professora, pode chamar?

Hahahaha, sossego zero!

---

Aí você conta essa história, cujo final fala bastante de tudo o que o bombeiro faz e como sua profissão é importante. Seu aluno vira e diz:

- Que maaaaaassaaaaaa! Mas eu quero ser polííííííciiiiiiiaaaaaa.

---

- Então, gente, vimos o filme Enrolados. Ele tem muitas diferenças em relação à história da Rapunzel que eu contei, certo? São versões diferentes, tem alteração de algum detalhe com o passar dos tempos e...

- E também porque surgem novas tecnologias, né professora?

Não dou conta desses pequenos inteligentes!

---

A mãe de minha aluna aguarda no banco para conversar comigo e o orientador educacional e sanar algumas dúvidas. Do seu lado, está uma garotinha, cujo pai entrou para conversar com o orientador devido à problemas de comportamento dela. Ela vira e pergunta para a mãe de minha aluna:

- Tia, você está aqui porque sua filha vai levar bronca igual eu?

Hahahahaha! Hahahahaha!

---

Aí sua aluna leva um livro e pede pra você ler. Você começa, ela se adianta e conta algo da história. Você chama a atenção. Você continua e ela faz de novo. Você vira e diz:

- Sabrina, você está estragando a história. Não pode contar o que vai acontecer. Deixa eles ouvirem.

-Mas professora, eu só dei 2 spoilers.

Eu aguento?

---


Essa aconteceu na festa de final de ano:

- Tia, eu vou pegar esses salgados que sobraram pra levar pra minha mãe. Ela é muito esfomeada, toda hora quer comer alguma coisa.

Senhor. Seria minha filha falando a mesma coisa de mim daqui uns anos? Hehehe.



sexta-feira, 2 de fevereiro de 2018

Das surpresas que nossa profissão dá...

É incrível como as melhores coisas da vida são simples e aparecem do nada...

Se tem algo que eu acho incrível em minha profissão de educadora é o fato de termos contato constante com gente. Gente. Sabe gente? Gente que nos faz ter os pés no chão, gente que nos faz acordar pra vida, gente que nos faz querer orar mais, gente que nos impulsiona e motiva, gente que nos ensina.

E fico feliz quando, em algumas situações, esse contato extrapola as paredes da escola. Sei que é bobo, mas algo que me deixa imensamente feliz é quando sou convidada a participar de algo dos meus alunos, seja uma apresentação ou uma festinha de aniversário.

E eis que em janeiro recebo uma mensagem da mãe de uma aluna (Bubu), dizendo: “Desculpa ser em cima da hora... Decidimos agora depois das festas de fim de ano. Esperamos que venha.” E o convitinho abaixo:


Nossa, fiquei tão honrada com o convite! Mas infelizmente não podia ir... Mandei mensagem justificando, porém avisando que, assim que eu voltasse, iria querer entregar uma lembrança para minha aluninha, fazia questão.

Cheguei e comprei uma bonequinha simples, mas com carinho. Uma bailarina, pois sabia que Bubu faz balé. Mandei mensagem para sua mãe para ver o dia da visita e ela prontamente respondeu, marcando o dia e horário!

Iria só passar para deixar o presente. Meu marido tinha ido comigo, mas estava na rua me esperando. Quando subi, Bubu abriu a porta com um sorriso largo e pulou em meu braços:

- Oi professora!!!!!

Entreguei o presente. Ela abriu toda feliz e teve a reação que amamos ouvir: aquele “Rannnnnnnn” bem alto, seguido de olhão aberto e um grito de “que lindaaaaaaaaa”!

Sua mãe vira e diz:

- Ela nem dormiu essa noite direito porque sabia que você viria, professora. Ficava perguntando que horas ia ser.. Senta, fica à vontade. 

- Não, obrigada, meu marido está me esperando lá embaixo. Vim rapidinho mesmo.

- O quê? Não senhora, pode falar para ele subir. Fiz uma salada de frutas, vocês não vão fazer essa desfeita.

- Meu Deus, não precisava, não queria dar trabalho.

E não teve jeito: meu marido subiu e, o que era para ser uma entrega de presente rápida, se tornou uma visita muito agradável, com um lanchinho super gostoso e feito com carinho, com conversas e companhias agradáveis. 

Pude presenciar um pedaço da rotina de uma família unida, feliz, batalhadora. Aprendi tanto em tão pouco tempo! Que final de tarde bom!

Na hora de ir embora, o pai dela diz à Bubu:

- Ué, não vai entregar para a tia Lívia o presente que você fez? Ficou um tempão preparando, professora!

Achei tão lindo que não aguentei! Amo quando eles nos dão trabalhinhos feitos a mão!





Dei um abraço em Bubu e agradeci mais uma vez seus pais. Saí de lá com uma linda bolsa, modelo exclusivo e feito especialmente para mim. E com o coração recarregado de alegria para começar mais um ano, no qual, se Deus permitir, muitas surpresas fofas virão...

quarta-feira, 10 de janeiro de 2018

Sobre o Natal, Ano Novo e meus 3 anos de casada



Quando eu era criança, amava o Natal! Achava o melhor dia do ano! Era como se o ano passasse e a expectativa da vida girasse em torno dos dias 24 e 25 de dezembro. Nenhum dia se comparava a aquele: relembrar e comemorar o nascimento do Rei... Família toda reunida... Comida boa... Conversas e brincadeiras agradáveis com as primas... Ver as vovós bem de saúde... Ganhar aqueles presentes tão sonhados...

Mas os anos passaram, a família aumentou, chegou o tempo das vózinhas descansarem com o Senhor, e certas coisas foram mudando. O Natal continuou sendo um dia importante, ainda é minha época favorita do ano, mas comecei a perceber a vida com outros olhos...

Vi que Deus nos dá, ao longo do ano, dias tão maravilhosos e incríveis que o Natal se tornou mais um dentre eles, e não o único, o “suprassumo”, de quando eu era mais nova. E graças a Deus por isso, pois nós não merecemos tamanha graça. Ele já nos deu tudo em Cristo, e ainda nos permite viver tantos momentos bons na nossa vida aqui na Terra. E isso me fez ver o Natal de outra forma.

E essas reflexões também se direcionaram ao pensamento de passagem de ano. Eu nunca gostei de Ano Novo, isso não mudou, mas sempre rolavam as metas. E era assim: se chegava perto do ano acabar e eu não tivesse essa lista pronta... Vixi! Era como se não valesse mais mudar a partir dali e já era.

Eu continuo fazendo metas. Escrever é importante. O registro é uma forma de nos cobrar. Eu reli minhas metas antigas e é bacana refletir no que melhoramos, no que mudamos.

Mas hoje vejo que aqueles novos clichês de final de ano são verdadeiros: metas novas surgem ao longo do ano. Sempre é tempo de melhorar, começar, traçar novos objetivos, mudar e ser melhor pra honra e glória de Deus. Todo dia pode ser uma passagem de ano se quisermos. E isso me fez ver o Ano Novo também de outra forma.

Mas nessa de reler metas antigas, o mais engraçado foi ver o que escrevi no final de 2012:

“Minha agenda velha encerra suas atividades e a frase colocada há tantos meses foi lida hoje por mim com um sorriso de satisfação. Uma outra está em minhas mãos. O que irá acontecer? Quais surpresas? Convites inesperados, viagens de última hora ou planejadas, alegrias, tristezas, decepções, novidades... Não sei. Mas quero entregar o meu 2013 nas mãos de Deus. Viro a folha do dia 31 de dezembro com uma oração de agradecimento...”.

E realmente uma boa novidade veio naquele ano de 2013... Apesar de não ser fã dessa pagassem de dezembro para janeiro, sempre tem algo bom no ano que se inicia: as várias surpresas que vêm com ele. E recebi uma grande há mais ou menos 5 anos: o Anderson (meu esposo) surgiu em minha vida como mais do que um amigo. E foi uma grata surpresa (a melhor da minha vida, para dizer a verdade) para aquela menina que era tão romântica, mas andava meio desacreditada no amor, achando que ele era uma realidade na vida de outras pessoas, mas não na sua...

E há exatamente 3 anos nos casamos! E desde então vivo dias surpreendentes ao lado dele! Dias de crescimento, em alguns choro e tempo nublado (que, querendo ou não, têm sua beleza), mas a maioria ensolarado! Com ele, continuo traçando metas... Mas, mais do que nunca, percebi que o melhor são sempre as "metas" inesperadas, as surpresas, os sonhos construídos ao longo do caminho.

O Natal continua um dia especial, ainda mais agora que posso comemorá-lo ao lado do amor da minha vida. O Ano Novo ainda continua esquisito, mas melhor por ter o Anderson ao meu lado.

Mas percebi que na vida eu não preciso só do Natal para ser feliz. Não preciso fazer metas só no Ano Novo. O melhor de tudo é viver vários dias especiais, e fazer dos outros dias também especiais, ainda mais com alguém ao seu lado para te dar e partilhar alegrias!

Obrigada, meu bem, por estes 3 anos de casada e (quase) 5 de namoro! É muito bom traçar minhas metas com você, mas melhor ainda é viver uma vida daqui para frente e nesses últimos anos ao seu lado! Obrigada pelas surpresas, aventuras, histórias, aprendizados mil para sermos mais parecidos com Cristo, enfim, por tudo que vivemos até aqui e pela expectativa que tenho de mais dias sensacionais. Se hoje eu tenho vários dias maravilhosos ao longo do ano e não só o Natal, é muito porque Deus te colocou em minha vida para partilhamos tudo isso juntos! Eu te amo!