quinta-feira, 28 de maio de 2020

Tem dias e dias...



Tem dia em que eu faxino por cima a casa, faço minha devocional, escrevo, cuido da baby sozinha porque o marido está de serviço...

Tem dia em que eu acordo. Escovo dente. Vou ao banheiro. Tomo 1 banho. E o resto é só Manu.

Tem dia em que eu treino mais de 1 hora no piano... Tem dia em que eu só quero 2 notas: mi-mi (de preferência no sol-fá. Eu sei. Que trocadilho horrível).

Tem dia em que eu guardo louça, lavo louça, recolho roupa, lavo mais roupa (na máquina e na mão), testo receita nova, faço um pequeno treino pra malhar em casa...

Tem dia em que eu sou só sono e moage, me arrastando pelos cantos...

Tem dia em que a Manu coopera...

Tem dia em que eu me irrito com seu choro, perco a paciência e ela chora mais ainda...

Tem dia em que eu a olho sorrir e penso que eu ganhei na loteria...

Tem dia em que meus olhos se enchem de lágrima e o coração de culpa quando tenho flashes da minha vida de antes, que parecem tão distantes, apesar do pouco tempo, com a liberdade que eu tinha pra fazer o que eu queria e dormir até acordar...

Tem dia em que o dia rende...

Tem dia em que eu vou dormir e penso: o que eu fiz? Quase nada... Nesses dias, percebo que me frustro porque coloquei atividade demais... Sendo que só uma é prioridade: ser mãe. O que vier a mais é lucro.

Tem dia em que eu leio páginas e páginas do meu livro de cabeceira (vulgo, baixado no kindle e lido no celular)...

Tem dia em que eu mal consigo ler 1 capítulo de provérbios na Bíblia...

Tem dia em que eu tenho tanta energia, mesmo tendo dormido pouco...

Tem dia em que eu não tenho energia nenhuma, mesmo que a noite tenha sido boa e eu dormido a mais (um luxo pra qualquer mãe).

Tem dia em que eu me sinto segura e "arrazani" como mãe...

Tem dia em que eu me sinto o cocô do cavalo do bandido, a pior das mães...

Tem dia em que eu mando e escuto áudio de minutos pras amigas e respondo todas as conversas de zap...

Tem dia em que eu mal consigo olhar as horas e, quando olho pela janela, o sol se foi...

Tem dia em que a casa está limpa, organizada, do jeito que eu gosto...

Tem dia em que olho e só tem cabelo meu espalhado por todo lugar, já é 2 da tarde e a cama ainda não está feita e em cada canto da casa tem um brinquedo da Manu...

Tem dia em que eu brinco no tapetinho com Manu, na cama, no berço, na cadeirinha, dou mamá, faço dormir, troco fralda...

Tem dia em que faço isso e mais um pouco...

Mas tem dia em que o pai está em casa (glória a Deus por esses dias, que são muitos) e ela fica só pendurada nele... E eu só dou mamá e faço minhas coisas...

Tem dia em que parece que é uma luta atrás da outra, sem folga... Vence uma e já vem outra...

Já em outros... Não, não... Tudo sem folga mesmo hehehe.

Tem dias em que eu acho o sorriso dela a coisa mais fascinante do mundo...

E em todos os outros dias também.

Tem 99,99% dos dias em que eu agradeço a Deus porque ela é meu melhor presente...

Nos outros 0,01% eu me pergunto: o que eu fui fazer da minha vida?

Tem dia em que às 9h eu já troquei de roupa, tomei café e comi fruta, escovei dente e já comecei a faxina...

Tem dia em que dá 1 da tarde e eu nem sei meu nome.

Tem dia em que eu tomo 2 banhos quentes e demorados, passo ácido e creme anti-rugas, creme nos pés antes de dormir...

Tem dia em que dá 11 da noite e peço forças a Deus pra conseguir chegar na cama pra deitar...

Tem dia em que eu penso em ter mais 2 filhos...

Tem dia em que eu penso: Senhor, não passo por isso de novo nemmmm. Onde eu fui amarrar meu burro?

Tem dia em que eu olho pra ela e penso: meu Deus! O tempo passou rápido demais! Ela está enorme...

Tem dia em que eu olho pra ela e penso: Senhor, será que essa fase vai demorar muito pra passar?

Tem dia em que eu sou mãe...

E no outro também. E Glória a Deus por isso.

E você... Como continuaria este texto com sua experiência?


Fotos by Cris Goulart.

quinta-feira, 7 de maio de 2020

Qual o maior desafio da maternidade para você?



Um dia, desci com minha pequena para passear "debaixo do prédio" (amo essa expressão brasiliense). Tem tempo, bem antes dessa pandemia. Fiquei olhando aquelas crianças brincando, correndo, e pensei na Manu fazendo o mesmo. E me deu uma vontade danada de que o tempo passasse rápido e ela chegasse nessa fase logo. Mas aí ouvi a frase top 2 da maternidade de um pai que estava lá.

A primeira no hanking é: Dorme tudo que tiver pra dormir agora, porque depois que nascer...

A frase 2 vem geralmente acompanhada de uma carinha de cachorro que caiu da mudança: Aproveita essa fase... Porque passa rápido.

E isso me levou a refletir sobre os muitos desafios da maternidade. Qual será o maior?

Para uns, o temido parto e sua recuperação, não importa se normal ou cesárea. E doi mesmo... E olha que o meu foi até rápido.

Para outros, o puerpério. Esse é louco. Você se recuperando, aprendendo a ser mãe e a cuidar de um bebê, nao entendendo seus sinais... Cheia de dores, hormônios mais loucos ainda, choros sem motivos, com motivo, nervos à flor da pele. É assustador e eu tive tudo que escrevi anteriormente, adicionado ao fato de que minha mãe (minha âncora nos primeiros dias, aquela que cuidava de mim enquanto eu cuidava da bebê) adoeceu quando minha filha tinha 2 semanas, ficou internada e não pôde me ajudar durante um certo tempo.

E as noites sem dormir? As mil acordadas durante a madrugada? Ou noites em claro? Privação de sono é terrível...

E os choros, que nos levam ao desespero porque não sabemos o que está acontecendo?

E a amamentação? Essa pra mim foi uma das piores. Tive fissura, 2 episódios de candidíase, ductos entupidos, 2 mastites e 1 internação. Tá bom, né?

Mas não. Nenhum desses eu considero o maior desafio.

O maior deles é, em meio a esse furacão de tudo que escrevi acima acontecendo ao mesmo tempo, a gente... Simplesmente... Curtir.  Aproveitar nosso neném sem reclamar. Sentir o cheirinho, olhar pra ele durante as mamadas, sorrir de volta, deixar ele segurar nosso dedinho bem forte, brincar, ver seu desenvolvimento dia a dia, comemorar cada vitória nos exames e cada grama ganhada...

Esse pra mim é o maior desafio. Deixar a tensão de lado e curtir cada fase com intensidade.

Porque, de fato, eu olho pra minha Manu com 6 meses e já dá uma vontade de colocar a cabeça de lado, fazer aquela carinha de cachorro que caiu da mudança e me juntar ao coro dizendo a frase do começo do texto.

E outra: será que eu curti? Ou só reclamei de tudo de ruim que aconteceu, sem gratidão pelas lições aprendidas?

Quando eu menos esperar, passou e uma menina estará correndo perto de mim debaixo do bloco... E será eu, olhando pra cada bebê perto de mim, com um balãozinho de fala em cima da cabeça: Aproveitem... Passa rápido. :-(