segunda-feira, 18 de dezembro de 2017

Sobre minha turma de 2017, a saga de final de ano e a mala invisível

Essa sensação de final de ano... Como é maravilhosa! Mas até chegar nela...

Ufa! É uma caminhada e tanto! Este mês de dezembro foi um dos mais intensos que já tive! Fui parar pra pensar em quantas coisas fiz nessas últimas 3 semanas e quase caí pra trás. Porque todo professor tem 500 mil coisas pra fazer, e mais as outras 500 que a gente inventa. E isso que eu estou longe de ser aquelas profs habilidosas, imagina as que fazem sacolinhas e gostam de trabalhos manuais! Mas olha só:

- Tirei um dia e fui comprar as lembrancinhas deles. Haja perna pra pesquisar e achar o que eu tinha pensado. Até meu pai entrou na dança e foi comigo ajudar!

- Depois, tirei foto com a turma toda. Imprimi, cortei, passei a manta magnética (para eles poderem fixar na geladeira), fiz um bilhete pra cada um e colei atrás, coloquei no envelope.


- Montei as lembrancinhas, colocando o presente e o envelope.


- Aí montamos também uma pasta do grafismo, com os desenhos que fizeram ao longo do ano. Imprimi o título, a foto de cada um e o nome, passei fita dupla face, furei e coloquei os desenhos, escrevi uma capa. O marido ajudou!


- Aí vieram os envelopes de tarefas. Inventei de fazer algo parecido com uma rena. Aí já viu: cortar um por um dos olhinhos, focinho, nariz. E ainda coloquei galhos como chifres. Depois, separei as atividades de cada um e coloquei dentro.



Fora os de sempre: terminar as várias atividades, preparar a festinha, relatórios, reunião, organizar armário e tirar tudo da sala.

Ufa! Que semanas corridas! Dormi pouco e fiquei bem cansada! A casa, coitada, ficou daquele jeito!

Aí você pergunta: Lívia, vale a pena? Vale a pena esse cansaço?

Hmmmm, deixa eu pensar...


Sabe, vale sim.

Vale porque tudo o que fazemos, fazemos pra Deus, então temos de dar o nosso melhor. Esse é o mais importante!

Mas vale também por nossas crianças. A gente se aborrece sim, mas os momentos ruins não podem se sobrepor aos bons, que são maioria. Eles também merecem nosso melhor!

Vale quando sua aluna vem, do nada, e te abraça, dizendo que vai morrer de saudade. E você retribui o abraço e sente todo o carinho do mundo ali dentro.

Vale quando você tira as fotos dos seus alunos para por na bendita pasta, no meio da correria, e, quando vai imprimir, vê que tem as crianças mais lindas ali com você. Como estavam inspirados nesse dia da foto!

Vale, porque não somos ricas, não somos famosos que publicam livros, aqueles que têm o “concursão”, não temos status nem prestígio, mas impactamos vidas, fizemos parte da vida dessas pessoinhas e suas famílias e os ajudamos de alguma forma, e isso não tem preço.

Vale porque, pra sua surpresa, os pais apreciaram seu trabalho e valorizaram seu esforço. E o mais importante é que eles acharam isso por virem o carinho de seus filhos por nós, seus professores. E isso enche sim nosso tanque de combustível do amor, nos deixando mais animados para o próximo ano.

Vale, porque enquanto os pais só ouvem as histórias, nós temos o privilégio de presenciá-las - e fazer parte de algumas.

Vale porque temos nossas lutas, perdemos batalhas sim, não ganhamos todas. Há pais que não gostam da gente, crianças que não se adaptam ao nosso jeito. Temos muito que melhorar e crescer. Mas o saldo é positivo sim! Aprendemos histórias, músicas, viramos outros personagens, fomos por caminhos que só descobrimos por causa deles.

Vale e valeu porque, muitas vezes, damos valor ao que pegamos: os relatórios, as tarefas, as apostilas e livros. Mas a verdade é que encerramos este ano e cada um saiu com uma mala invisível, bem grande e recheada, na qual guardamos tudo o que vimos, todas as aventuras e risadas gostosas que demos, todos os momentos que passamos juntos. E só nós e nossas crianças sabemos quais são e o que tem dentro. Esse é nosso prêmio! E carregarão essa mala pelo resto da vida em seus corações!



segunda-feira, 20 de novembro de 2017

Sobre casamento... O arroz!



Um dia, eu estava conversando com uma colega do trabalho que tem muitos anos de casada. Conversa vai, conversa vem, ela me disse:

- Eu acho que com os anos o casamento fica bem melhor. A gente pára de brigar por bobeira, se irritar com besteira. Fica mais leve.

Engraçado, dia desses aconteceu algo que me fez confirmar esta frase dela.

Era a semana de aniversário do meu sobrinho. Minha irmã tinha pedido para deixar os refrigerantes e sucos na minha casa.

Então, uns dias antes, eu limpei as prateleiras baixas da geladeira, deixando tudo arrumado, para assim liberar espaço.

Acontece que eu deixo o arroz na geladeira (eu deixava naqueles potes bonitinhos, até que deu caruncho, aí fiquei com medo). Não avisei meu marido do motivo de ter liberado as prateleiras. Logo, por não saber, ele mexeu de manhã cedo, colocando algumas coisas nessas prateleiras baixas, inclusive o arroz, quando foi pegar sua marmita.

Quando ele está de serviço, normalmente eu o levo até o metrô. Estávamos quase saindo quando eu abri a geladeira e vi.

Resolvi arrumar e lógico, na pressa, vocês já devem imaginar o que aconteceu: o prendedor soltou do pacote de arroz, que foi derramando na geladeira e no chão. Bem legal...

Cara, que ódio! Comecei a limpar igual uma louca, peguei a vassoura, a pá, e parece que ia era espalhando mais, meu marido tentou me ajudar, e eu briguei,  quando ele me interrompeu e disse:

- Meu bem, estou atrasado. Precisamos ir.

Parei tudo, olhei pra ele com aquele “olhar de fúria” e continuei.

Mas não por muito tempo. Desisti (já estava bem em cima da hora), emburrei e saímos.

Só que enquanto íamos para o carro e durante o trajeto, pensei: cara, fala sério. Vamos usar o cérebro:

1) A culpa não foi dele! Eu não o avisei do motivo para liberar as prateleiras. Ele só mexeu e colocou coisas lá por não saber que não podia. Não fez para me provocar nem nada disso. O que faltou aqui foi comunicação da minha parte. Quantas brigas não são causadas por isso, né? E quantas não poderiam ser evitadas?

2) Que frescura! Era só arroz... Que bobeira ficar emburrada por causa disso. Que imaturidade. A vida é muito curta para essas coisas... Mas eu confesso que tenho dificuldade com isso. Muita!

3) Na verdade, a raiz de tudo está aqui: sou escrava do que os outros pensam. Fiquei chateada porque fez a maior bagunça e eu não conseguiria limpar antes de o meu pai e irmã chegarem. Estava preocupada com o que eles poderiam pensar: casa suja? Bagunçada?  Que dona de casa é essa!

 Gente, que absurdo! Eles nunca pensariam isso!  Mas e se pensassem? O que é que tem? O que é mais importante: dar uma aparência de dona de casa perfeita aos outros, ou não brigar por bobeira com meu esposo e levá-lo ao metrô na hora? Faltou eu saber minha verdadeira prioridade. E reconhecer e me arrepender do meu pecado de medo do que as pessoas pensam.

Sabe o que aconteceu no final das contas? Eu consegui voltar pra minha casa no almoço e arrumar tudo (o que eu achava que não ia dar por ser um dia bem corrido). E minha irmã nem conseguiu vir...

Enfim, Deus me ajudou a refletir nisso em 5 minutos hehehe. Melhorei a cara, consegui despedir do meu marido sorrindo e feliz, porque se fosse no primeiro ano de casados, acho que o “burro amarrado” ia durar mais hahaha. Ainda bem que o tempo passa e a gente amadurece...

Graças a Deus que nos ajudar a superar nossos pecados e a seguir tentando imitar o exemplo de Cristo! Super beijo!

terça-feira, 24 de outubro de 2017

Mensagem aos Professores

Estou atrasada, mas não poderia deixar o Dia dos Professores passar em branco. Então, aqui vai minha mensagem:

Sabe, eu tenho uma amiga que trabalha em uma escola americana em Brasília. Como eles seguem o calendário dos Estados Unidos, eles não têm Dia do Professor em outubro. Eles têm algo que, traduzido livremente, seria "Dia da Apreciação do Professor", em maio. Dia da Apreciação do Professor...

Cara, eu amei esse nome! Não é simplesmente “Dia do Professor”. É o dia de APRECIAÇÃO DO PROFESSOR! Não é só um nome diferente, é toda uma mudança de significado e de abordagem!

Conversando com essa minha amiga e pesquisando, descobri coisas fascinantes! Nesse dia, os docentes são realmente honrados, celebrados e, lógico, apreciados!

Há campanhas na Internet para que você poste uma foto com seu professor preferido junto com #ThankATeacher (#Agradeça a um professor), ou uma foto do seu filho com o professor dele, ou da criança segurando uma mensagem ao seu educador. Aliás, não é só um dia. Toda uma semana é dedicada a eles, empresas dão coisas grátis ou descontos. Pais e estudantes são estimulados a agradecer aos professores por seu empenho, honrá-los, reconhecer suas contribuições.

Nossa, achei fantástico! Não sei se funciona, mas a intenção é muito boa. Por aqui, a impressão que eu tenho é que a maioria não faz ideia de que esse dia existe... Mas precisamos retomar!

Esse era meu sonho: ver a comunidade escolar valorizando mais os professores. E não estou falando de presentes. Um aperto de mão, uma mensagem de “Parabéns pelo seu dia”, um bilhete na agenda, um desenho que você pede para seu filho fazer para o professor, todas essas coisas são gestos de carinho, pequenas atitudes, as quais nem dão tanto trabalho assim, mas que enchem nosso coração de alegria, como se completassem nosso tanque com o combustível do amor.

Sim, queremos melhores condições de trabalho. Sim, queremos que os pais deem educação para os filhos e os assistam em sua jornada escolar. Sim, não sou hipócrita, queremos melhores salários. Sim, esses são os presentes ideais para o dia do professor. Mas eles são assunto para outro texto. Hoje, quero falar sobre outra forma de apreciação.

Sei que o Dia do professor já passou, mas faço um apelo: valorize o professor de seus filhos. Reconheça sua dedicação, sua importância para o crescimento deles. Aprecie-o, pois saiba que, assim, você irá fazer MUITA diferença na vida de uma pessoa. E isso, meus caros, simplesmente é de um valor imensurável.

A vocês, que com certeza foram e/ou são impactados por um professor, deixo esse versículo: “Pagai a todos o que lhes é devido: a quem tributo, tributo; a quem imposto, imposto; a quem respeito, respeito; a quem honra, honra.” Romanos 13:7.

A vocês, colegas da mais nobre profissão que existe, deixo este: “o que ensina esmere-se no fazê-lo”. Romanos 12:7b.

Feliz Dia dos Professores!



terça-feira, 3 de outubro de 2017

Janelinha

Essa semana aconteceu uma coisa muito legal: mais alunos meus perderam dentinhos. Aí você pode pensar: Óóóóó, que novidade! Só seus alunos perdem os dentes.

Kkkkkkk, eu sei, não é nada inusitado. Mas é que eu acho muito fofo! Deixe-me explicar...


Há uns dias eu estava na minha casa e de repente veio um pensamento, me batendo como se um tijolo tivesse caído na cabeça: caraca! Daqui menos de três meses o ano praticamente acabou e eu vou me despedir das crianças!

Arregalei o olho e enchi de lágrima. Sabe, a gente se irrita quase que diariamente, passa raiva, dá bronca e repete a mesma coisa quase que 1 milhão de vezes. Mas eles são nossos companheirinhos. A gente partilha tanta coisa, vive tantos momentos juntos... A separação acaba sendo difícil pra gente também.

Enfim... Aí você imagina meu susto quando, logo na semana em que eu pensei isso, mais alunos perdem os dentinhos....


Após muitos anos, eu voltei pra Educação Infantil, então tinha me esquecido dessa sensação. Quando eu vi o dentinho na mão deles ou quase caindo, eu pensei: uau! Eles cresceram!

Acho essa perda da dentição um marco. É como se fosse uma linha do tempo, dividindo o antes (quando você é ainda pequeno) e o depois, como se essa janelinha na sua boca simbolizasse um monte de janelas que vão se abrir no seu futuro.



Amei ver suas boquinhas banguelas! E só fiquei pensando e orando por isso:

Cresçam, meus pequenos, cresçam! Mudem esse sorriso para um mais parecido com o de “gente grande”... Aprendam a amarrar sapatos, a resolver conflitos sem mim, a escrever o nome sem a ficha,  a fazer tarefas sozinhos, a serem cada vez mais independentes!


Aprendam a ler e explorem todo esse mundo a sua volta... Sorriam, chorem, tenham sonhos, se frustrem e continuem tentando... Não desistam, tomem as decisões certas, viajem na imaginação e fora dela.

E saibam que essa professora sempre torcerá por vocês e estará aqui quando se lembrarem de passar na minha porta para dar um abraço em 2018!

E bora curtir mais um pouquinho, porque ainda tenho uns dois meses e meio e quero ver muitas janelinhas se formando!



segunda-feira, 18 de setembro de 2017

Situações fofas com crianças (parte 4)

Aí você recebe em casa sua amiga com o esposo e seus filhos fofos. Aí a mais nova ora assim:

- Papai do céu, obrigada pelo lanche. E abençoa que a tia Lívia e o tio Anderson tenham filhos lindos.

Hahahaha Amém!

               
Legenda: Eu, meu esposo e a minha amiga, a mãe da desenhista.

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Aí eles entram na sala e eu vou abraçando. De repente um comenta:

- Tia, você está abraçando nossa cabeça!

Meus pequenos!!!

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Sua aluna faz uma festa de aniversário. Tudo simples, mas lindo e feito pelos pais! Pensa em um docinho gostoso! Vou no grupo de mesas perto de mim e pego um beijinho para comer. Sua aluna diz, enrugando a testa:

- Tia! Você roubou nosso docinho!

Hahahaha credo! Povo "murrinho"!

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- Tia, essa boneca é da sua época né?



Pausa: eu me sinto com 200 anos quando eles usam essa frase.

- Não. Eu conheço a boneca, mas ela é da época de gente mais velha do que eu, tipo minha irmã, que é bemmm mais velha do que eu. (hehehehe)

- Quanto anos sua irmã tem?

- 36.

- N-O-S-S-A!

Hahahahaha.

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Aí seu aluno vem pra escola com um cabelão, sem cortar há muito tempo. Passa o final de semana e ele chega segunda-feira com o cabelo cortadinho. Seu amiguinho vira e diz:

- Olha lá o carequinha!

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Você recebe uma mala de brinquedos doados pela sua irmã, todos novinhos. Sua colega da tarde, que divide a sala, também recebe vários. Aí você chega à sala, seus alunos olham aquele monte de caixa e dizem:

- O que é tudo isso? Isso é o paraíso!

E depois a aluninha da tarde, que nunca te viu, te chama quando você passa e diz:

- Tia, muito obrigada pelos brinquedos.

Mas é fofa!

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- Gente, nesse final de semana eu fui madrinha de casamento. Olha meu vestido:



Minha aluna:

- Tia, você está de Elza, do Frozen!

Hahahahaha!

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- Gente, temos uma aluna nova. Fala seu nome completo para eles.

- Meu nome completo é Liz Nunes Souza Flor de Lis.

Fofa!

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Fomos para um passeio. Antes, dei todas as instruções: cada um tinha que cuidar das suas coisas, porque eu não dava conta de cuidar de todas as crianças e mais isso.

No ônibus, já na hora de descer, eu começo a perguntar:

- Gente, cadê minha mochila? Alguém viu?

Aí recebo essa, bem categórica:

- Tia, cada um cuida das suas coisas.

Hahahahaha.

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Diálogo na hora de lavar as mãos pro lanche:

- Você me molhou, Juliana! Olha meu casaco! Por que você fez isso?

- Porque, porque, porque desculpa!!!!


segunda-feira, 4 de setembro de 2017

Ir a um passeio com seus alunos é:




- Ver os olhinhos deles brilharem quando você anuncia o passeio;

- Ver os olhos brilhando ainda mais quando sabem que irão de ônibus;

- Ver seus alunos perguntando quantos dias faltam para o passeio e eles saírem pulando de alegria quando vêem que está chegando;

- Gastar horas pra fazer um crachá bonitinho;

- No dia do passeio, acordar com as costas travadas de tanta tensão;

- Ter uma longa conversa com seus alunos explicando mil vezes que você não dá conta de olhar as crianças e tomar conta das coisas deles; que cada um irá tomar conta da sua mochila, boné, garrafa e não pode esquecer lá; que não é para ficar pedindo para ir ao banheiro e beber água toda hora. E ver que eles entenderam e cumpriram o combinado direitinho!

- Ver quem em 2 minutos de passeio eles acabam com os crachás;

- Ir repetindo para si mesma durante todo o passeio as seguintes frases: “Senhor, me ajuda”; “O que que eu estou fazendo aqui?”; “Eu sou muito louca”; “Pra que eu fui inventar isso”;

- Contar quantos alunos têm a cada 2 passos;

- Se desesperar quando a conta não bate, começar a gritar por quem está faltando, e ver que ele estava bem perto de você e você não viu;

- Orar o tempo todo dizendo: “Deus, tem misericórdia desses meninos e não deixa ninguém se machucar”; “Deus, acampa teus anjos ao redor deles”; “Deus, tem piedade de mim”; “Senhor, me dá forças, socorrooo”;

- Ver a carinha de alegria e escutar seus gritinhos por estarem curtindo de montão;

- No final do passeio, não ter pernas, estar fedida, descabelada, morta com farofa, mas feliz por ver que, graças a Deus, ninguém se machucou e se perdeu. E grata por ver a alegria estampada em seus rostos;

- Ver que, no final das contas, você estava esperando um caos inteiro e foi só meio caos.

Não sei se vale a pena o esforço, mas a alegria deles acaba sendo a nossa também.

sexta-feira, 18 de agosto de 2017

Uma visita à PG



Uma vez, um primo meu virou e me disse do nada: Lívia, não é incrível? Quando paramos pra pensar nessas pessoas em volta da gente... Cada uma tem uma história, como se coubesse um universo inteiro em cada uma delas. Aquela ali tem um, aquela tem outro, todos diferentes, todos enormes...

Isso já tem tempo, mas nunca me esqueci desse comentário que ele fez.

Uma das coisas mais incríveis da profissão de professor é o fato de estarmos em constante contato com pessoas, as quais, por sua vez, são esse universo de histórias. Poder conhecê-las é um privilégio, mas nem sempre é possível, pois demanda tempo, tão escasso nessa nossa correria maluca de todos os dias.

Logo, nem sempre podemos saber como aquela pessoa chegou ali, sua trajetória, suas motivações, tristezas, percalços. Pena... Aprenderíamos a valorizar mais quem está perto de nós se soubéssemos disso. Sempre temos que ter essa visão quando olhamos para alguém, pois, quando pensamos na carga que aquela pessoa na nossa frente carrega, o tanto que já atravessou, damos mais importância a quem Deus colocou em nossas vidas.

Enfim... Dia desses estava de recesso e recebi uma mensagem: meu aluno PG (meu aluno Down) estava com pneumonia. A nona. Pensei: ué, vou visitá-lo.

Estava um dia lindo. O hospital era longe de minha casa, mas só a paisagem do caminho já valeu a pena.

Pensei que encontraria um menino amuado ao lado de uma mãe cansada.

Que nada! PG estava com a carinha boa, esperto como sempre. Sua mãe, guerreira como todas as mães, estava ali, firme, cuidando de tudo, com aquela força cuja fonte só tenho uma explicação: Deus.

Entreguei o presente. Ele não estava muito a fim de papo. Demorou a tirar a colcha do rosto (com a qual cobriu a cabeça assim que me viu hehehe).

- Coração de mãe sente, professora. Ele não estava bem no sábado. Sabia que algo estava errado. Corri para o hospital, a saturação estava muito baixa quando chegamos. Ele nem passou pela emergência. Já correram com ele pra UTI...

E assim fui conversar com sua mãe, aquele universo de histórias diante de mim...

Ela já tinha duas filhas. Com mais de 40 anos, mesmo tomando injeção de anticoncepcional, engravidou de PG. Um susto! Nada foi detectado na ecografia morfológica e em nenhum exame. Aos 8 meses, teve de passar por uma internação. Após esse período, uma cesária confusa, com médicos um tanto perdidos, veio a pergunta após verem o bebê:

- Sua família tem olhos amendoados?

Ela não entendeu.

- Achamos que seu filho pode ter síndrome.

Síndrome? Que síndrome? Qual síndrome?

Ah, sim, Síndrome de Down, explicaram depois. Eles desconfiavam, mas só um exame (cariótipo) poderia dizer.

Um mês após, o resultado saiu. Positivo. O chão se abriu, engolindo também seu esposo, até então forte.

O que é Síndrome de Down? Para ela, era apenas um rostinho diferente... O que vinha com isso?
Pesquisou... Entendeu. Se preparou. Seguiram-se cirurgias, internações, pneumonias... Haja coração de mãe!

Ela não reclamou em momento algum, o que seria perfeitamente compreensível se acontecesse também. Estava no hospital há dias sem sair, pois não tinha com quem revezar (o marido era autônomo e tinha de trabalhar; sua filha, mesmo com 16 anos, já trabalhava como menor aprendiz; a outra, louca por PG, mora nos Estados Unidos). Contava suas histórias com um sorriso e muito amor, dando aquelas olhadas de mãe de vez em quando para seu filho, que sempre respondia esse olhar com um sorriso...

Saí de lá admirada com a força daquela mãe e com a riqueza de vida de PG, mesmo com apenas 6 anos. Não sabia, mas agora a enxergo diferente. E também PG. Antes, ele era um rostinho. Agora, sei um pedacinho do universo por trás dele. E posso dizer que é encantador!

Uma simples visita se tornou uma grande lição: cada pessoa é, realmente, um universo, cheio de descobertas e aprendizados para quem aceitar entrar nele por um instante e partilhar de seu brilho...

sexta-feira, 11 de agosto de 2017

Situações fofas com crianças (parte 3)

Aí você vai de princesa para a escola. Seu aluno te vê e pergunta:

- Tia, você está vestida de Fera?

Ok, essa não foi fofa. Devo ficar preocupada com minha aparência? Hehehehe


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O lanche era pipoca. Todos comiam felizes e eu pergunto:

- Gente, de onde vem a pipoca?

Minha aluna responde:

- Uai tia, lá da cozinha.

- Ok, faz sentido, mas eu queria dizer que vem do milho.

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- Tia, eu amo todos os seus colares, brincos e pulseiras. Todos são lindos!

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-Ué, gente. Que brincadeira é essa? Eu não conheço...

- É porque ela é dos nossos tempos, tia.

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- Gente, vocês viram que gracinha? O PG (criança com Down de minha sala) está todo falante! Aprendeu palavras novas, repete o que vocês falam. E isso é graças a vocês, que sempre ajudam a cuidar dele e brincam com ele. Repararam em como ele está falando mais?

- Não...

Ok, então. Valeu...

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- Tia, você está linda hoje.

- Isso, você está charmosa.

Que autoestima fica baixa com isso, não é?

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Aí você tem uma aluna que não quer mais ir para a escola porque você brigou com ela. Você tem uma longa conversa com a turma explicando que só briga com motivo e que não quer ninguém triste para ir à escola. Aí outra aluna responde:

- Tia, eu nunca vou deixar de vir para a escola por sua causa porque eu te amo.

Quem aguenta?
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Aí seu aluno chega todo empolgado e te dá uma paçoca. Você diz:

- Oba, obrigada! Eu amo doce!

Perto da hora do lanche, ele chega perto de você e diz:

- Professora, se você não quiser mais comer a paçoca, pode me devolver, tá?

Você ri e diz:

- Não, Willian, pode pegá-la lá em cima da mesa.

Ele nem pensa duas vezes e “cata”a paçoquinha. E aquela história de “deu, tá dado, e não se fala mais nisso?”. Fiquei sem meu docinho. :-(

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- Tia, o Luca deu um beijo na Paula.

- Mas foi no rosto, é beijo de amiguinho.

- Isso. Na boca é só adulto né, tia? Eu só vou beijar na boca quando eu casar.

Acho que o pai dela vai gostar disso hehehe.

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Aí você vai de bruxa pra escola e escuta uns dias depois:

- Oi bruxa!

E a coleguinha da criança responde:

- Respeita a professora da minha prima!


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O dia amanhece gelado. Você vai pra escola empacotada: cachecol, touca, blusa grossa e calça. A aluninha te vê e diz:

- Ai tia, você está tão quentinha!

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- Gente, o lanche hoje é pipoca.

Aí a criança te interrompe, o olho quase brilhando, pulando da cadeira:

- É com manteiga, tia?


Se você perdeu a parte 1, acesse aqui: goo.gl/jMYcU3

Se você perdeu a parte 2, acesse aqui: goo.gl/k1Eu3g

sexta-feira, 4 de agosto de 2017

Quando o recesso acaba...


Se tem uma época do ano em que eu quero muito voltar a ser criança é na volta do recesso ou das férias. Como é difícil ser adulto nesse tempo...

Entenda. Você está naquela correria louca de todos os dias.

De repente, tem alguns dias off... Aí você consegue dar atenção ao marido direito, arrumar a casa, fazer aquelas tarefas adiadas há muito tempo, terminar as suas coisas... E dá tempo de tudo e ainda sobra! Você se sente feliz, risca na agenda  as tarefas concluídas com orgulho, atinge suas metas e sorri pras paredes! E o melhor: sem se sentir atropelada por um caminhão, de frente e de ré, ao final do dia.

Mas então os dias “de folga” acabam e bate aquele desânimoooo. Você se lembra de tudo que terá que fazer, dos possíveis  problemas que virão, das raivas que vai passar... Poxa, eu gosto do que faço, mas não vou mentir: não fico pulando de alegria quando meu recesso ou férias acabam, não. Dá uma ansiedade e preocupação terríveis...

E aí bate aquela sensação: quero voltar a ser criança. Essa vida de adulto é muito difícil, não consigo lidar. É muita coisa para conciliar e eu simplesmente não dou conta. Quero voltar a não ter esse tipo de preocupação, ansiedade, dor na barriga, nervoso. Será que pode?

Não. Só tem uma saída: encarar.

O que acaba sendo bom, porque nos fortalece, nos faz mais resistentes para outras situações parecidas no futuro.

Mas enfim, voltei a trabalhar. O primeiro dia de aula acabou sendo bom, melhor do que eu pensava. Ninguém chorou com saudade de casa. Só uma chegou de “cara feia”, mas logo melhorou. E tive agradáveis surpresas:

- Ver como alguns cresceram e ficaram mais gorduchos;

- Muitos dentinhos caíram nas férias, e eles exibiam orgulhosos suas janelinhas. Amo quando isso acontece!;

- É muito legal ouvir suas histórias e novidades. E bota história e novidade nisso, nunca vi tanto assunto;

- Ganhar desenhos e abraços;

- Ver o quanto já se desenvolveram e ver que, de alguma forma, você participou disso.

É, fácil não é. Sei que terei noites mal dormidas, sono acumulado, 1 milhão de tarefas e planejamentos, passarei raiva, terei mil problemas pra resolver, ouvirei a palavra “tia” mais vezes do que achava ser possível, amarrarei um zilhão de sapatos...

Mas o jeito é enfrentar de cabeça erguida, focando na parte boa de ser professora, tentando levar essa minha profissão de maneira mais leve (na medida do possível), aprendendo a ser mais grata a Deus por ter um emprego, ainda mais nessa época de crise.

E, claro, relembrar aquilo que a gente adora esquecer, mas que sempre nos dá conforto: não estou só. Deus está comigo e me dará força e alento sempre que eu pedir. É isso que me ajuda a levantar quando o despertador toca e eu sei que terei um dia inteiro pela frente!

“lançando sobre ele toda a vossa ansiedade, porque ele tem cuidado de vós.” 1 Pedro 5:7

“não temas, porque eu sou contigo; não te assombres, porque eu sou o teu Deus; eu te fortaleço, e te ajudo, e te sustento com a minha destra fiel”. Isaías 41:10

sexta-feira, 28 de julho de 2017

10 coisas que eu odeio em academia




Porque já que estamos de recesso, a desculpa de “não deu tempo hoje” ou “estou muito cansada, aqueles meninos me matam de canseira” não cola hehehe. Então bora malhar 3 vezes na semana, sem preguiça! ÔÔÔÔÔ coragemmmmmmm.


10 coisas que eu odeio em academia


1) Ter que ir para a academia.

2) Ter que ir para a academia na SEGUNDA, dia em que parece que estourou cano de gente lá dentro.

3) As pessoas que ficam na esteira, na velocidade -5, papeando como se estivessem no shopping, e você lá esperando as comadres terminarem de “conversar”, morrendo de raiva porque quer logo se livrar e sair de lá. Mas elas ficam 30, 40 minutos, sem pressa.

4) Ter que revezar aparelho.

5) A pessoa que fica no aparelho que você quer por 10 horas. Aí você vai fazendo seu treino inteiro, pulando aquele exercício para não ter que revezar, dando toda hora uma olhada pra ver se a pessoa acabou, duas, mil olhadas, e chega à conclusão que não terá jeito: vai ter que revezar mesmo.

6) Quando você está no último exercício, mas precisa fazer mais 5 minutos na esteira. Faltando 2 segundos para terminar, surgem 10 mil pessoas de não sei onde e ocupam todas de uma vez, fazendo você esperar.

7) Você. Finalmente. Consegue. O. Aparelho. Que. Queria. Após. Esperar. 2. Anos. E. Chega. Alguém. E. Pede. Pra. Revezar.

8) Quando aquele cara metido a fortão puxa os ferros e volta com tanta força, que eles batem, fazendo aquele barulho ensurdecedor, parecendo que quem voltou e bateu foi sua cabeça e explodiu.

9) Mudar de horário constantemente até ver um que tenha menos gente. Ficar feliz quando descobre. Ver que outros tiveram essa mesma ideia e assim ter seu horário lotado.

10) Cabular um ou dois treinos. E ver no final da semana que suas costas doem, seus braços doem, cotovelos, joelhos... E ver que você realmente, infelizmente, precisa da academia para ser mais saudável.

E você? O que mais odeia em academia? Ou é do time dos que gostam? Bom final de semana! E bons treinos hehehe.

sexta-feira, 7 de julho de 2017

Um aluno muito abençoadinho!



Nome: PG. Idade: 5 anos. ANEE (Aluno com Necessidade Educacional Especial): Sim - portador da Síndrome de Down. Tem direito à turma reduzida e a uma educadora social.

Não tem tempo ruim para ele. O dia em que não sorri, me preocupo. Ama brincar, em especial com bonecas de cabelos esvoaçantes. Gosta de pular. Tem uma queda por meninas bonitas, em especial aquelas com cabelos que, quando ele assopra, voam bemmmm alto.

Quando vai ao parquinho da escola, se balança o tempo todo. Ou fica só no escorregador. Na hora de sair, não vem quando chamamos. Quando vamos buscá-lo, fica correndo da gente, nos fazendo andar em círculos atrás dele (nessa hora, tapo minha boca para esconder o riso, mas fico bem brava).

Tem uma fixação por amarrar o casaco na cintura e quer que façamos o mesmo com os nossos.
Não bate, não empurra, não morde, e ama imitar os amigos.

É um pouco teimoso. Quando brigo após fazer coisa errada, abaixa a cabeça e tapa os ouvidos (tenho que me segurar para não dar risada, novamente).

Fala poucas palavras, mas uma delas é “tia”e usa sem parar. Não come muito, mas ama pão de queijo e salgadinho. Tem um abraço super gostoso!

Chegou com fralda. Resolvemos desfraldar. Está no plural porque incluo minha super monitora Andressa, que saiu após um tempo, mas foi responsável por iniciar essa saga. Ela foi substituída pela fantástica Patrícia, que continuou o processo com maestria.

Peguei várias dicas com minha amiga-super-professora Anne. Fiz fichas e eu e as meninas lembrávamos todos os dias que “xixi”e “cocô” eram no vaso, que ele era grande e não usava mais fraldinha.

Ele era levado ao banheiro de meia em meia hora. Foram várias escapulidas, limpadas, banhos, várias roupas sujas, várias comemorações quando ele fazia tudo no banheiro.

Pensei que levaria tempo até ele perceber o que estávamos fazendo. Sinceramente, cheguei a duvidar que isso iria acontecer.

Mas... Ainda bem que existe o mas! Eis que um dia tivemos uma surpresa. Ele estava na sala e de repente saiu correndo. Eu olhei para Patrícia sem entender, e ela foi atrás. Onde estava? O que foi fazer? Fugiu da sala?

Não. Tinha ido ao banheiro. Sozinho. Deu vontade e entendeu que era ali que deveria fazer. Não... Será? Será que entendeu?

Contei para sua mãe. Dei um pulo e um gritinho saiu quando falei. Não fazia ideia de como seria nos outros dias... Mas queria comemorar essa vitória.

Mas... E ainda bem que existe o mas... Ele continuou... Deu vontade, ele simplesmente levanta e vai ao banheiro. E a gente? Estamos pulando de alegria!!!

Já houve escapulidas. Ainda haverá outras. Mas, por hora, comemoramos esse importante passo que ele deu!

Agradeço de coração à Andressa e Patrícia, sem as quais ele não teria conseguido. Vocês não existem! O que seria de mim sem vocês?

Mas agradeço em especial a você, PG, por me ensinar todo dia que a felicidade está nas pequenas coisas, por me fazer rir mais (nem que seja de sua teimosia hehehe) e por me fazer acreditar! Você é especial, não por ter Down, mas por ser um garoto incrível, que ocupa boa parte de minhas conversas atuais e é mais um dos motivos para eu me sentir super abençoadinha!

sábado, 24 de junho de 2017

De repente... Trintei!



Minha irmã dizia que, quando fazemos 30 anos, a gente tem que ficar em casa sem comemorar, dormindo, meio "deprê", porque significa que estamos ficando muito velhos hehehe.

Não sei se é assim mesmo ou se a ficha não caiu.

Mas o fato é que aniversário sempre nos faz refletir... Por isso, resolvi fazer uma lista de 30 coisas que eu aprendi, que eu acho, que eu sou, que eu gosto, enfim... E foi bem legal para analisar minha vida. Te desafio a fazer o mesmo e comparar com outras futuras listas que você  fizer. Bom trabalho!

1) Fiquei mais medrosa depois de velha. Não vou nesses brinquedos de aventura nemmm.

2) Me acho imatura pra minha idade e a culpa disso é toda minha. Mentira, é dos meus alunos, eu fico querendo ser igual a eles hahaha.

3) Ainda não tenho paciência pra postar foto no Face...

4) Mas gosto de publicar textos. Quando escrevo,  parece que traduzo em palavras o que eu sinto e me ajuda a refletir.

5) Preciso dar mais valor a minha família. Eles são minha base e hoje reconheço isso muito bem. Aliás, ter pai e mãe é  tudo nessa vida, não é  mesmo?

6) Odeio usar relógio, mas amo usar pulseiras e colares.

7) Preciso melhorar como dona de casa e cozinheira.

8) Preciso ser mais grata a Deus por tudo o que Ele me dá.

9) Amo as pessoas que Deus pôs em meu caminho e me acompanham, pois aprendo muito com elas, sejam dicas de casa e receitas , sejam lições para a vida. E tudo isso é muito importante.

10) Meu marido é minha melhor companhia, seja em casa fazendo nada, seja fazendo nossa tão sonhada viagem.

11) Preciso parar de só falar que Deus é  o primeiro lugar da minha vida e realmente começar a colocá-lO como tal de fato e de verdade.

12) Estou me sentindo mais cansada do que antes. Acho que realmente estou ficando velha hehehe.

13) Aprendi que educação financeira é  muito importante e faz verdadeiros milagres.

14) Continuo amando chocolate e, se deixar, como até no café da manhã.

15) Aliás,  se é  pra comer gordice, me chama, porque eu adoroooo.

16) Amo meu trabalho e meus pequenos alunos, instrumentos de Deus para me ajudar a ser mais paciente.

17) Preciso parar de me cobrar tanto e parar de me comparar com outros.

18) Gosto muito de música,  quero melhorar nos instrumentos que estou aprendendo e pretendo continuar estudando e fazendo cursos sempre, mesmo sem ter o dom.

19) Preciso arranjar tempo pra ler mais.

20) Amo filmes românticos e suas trilhas sonoras.

21) Sou apaixonada  pelo filme A Bela e a Fera. Aliás, amo todos os contos de fada da Disney.

22) Estou tentando ser mais vaidosa e me maquiar mais.

23) Não sei como é ser mãe,  mas ser tia é  umas das melhores coisas do mundo inteiro (mesmo quando seu sobrinho que nem tem 1 ano começa a balançar a cabeça fazendo “não”ao você se aproximar, porque eu aperto mesmo e não estou nem aí).

24) Minha mãe e minha irmã são as mulheres que eu mais admiro no mundo.

25) Amo fazer aniversário e sempre gosto de comemorar. É um dia que recebemos mensagens bonitas e reencontramos pessoas queridas.

26) Não gosto de casa bagunçada e sempre estou colocando as coisas no lugar, para desespero do meu marido.

27) Não gosto de carne, mas amo frango, mesmo sendo barato e não sendo chique.

28) Não gosto de cozinhar, mas quando recebo visita eu gosto de ir pra cozinha. Vá entender...

29) Não gosto de verdura e fruta, mas estou comendo mais para ser mais saudável.

30) Eu gosto muito de falar e falo muito mesmo. Já tentei mudar, mas tem defeitos mais complicadinhos, né?

Enfim... Aprendi muito nesses 30 anos, mas preciso colocar as velhas lições em prática e fora do papel ou da cabeça. Parar de ser cabeça-dura em certas coisas, e menos flexível naquelas em que dizer NÃO é inegociável.

30 anos. Para alguns, ainda nova. Para outros, já velha. Muitos questionamentos e muitas incertezas me assolaram nestes anos. Mas em todos eles a mesma convicção: com Deus, tudo vale/valerá a pena! Soli Deo Gloria.



sexta-feira, 2 de junho de 2017

Todo professor é um pouco aluno

Professor é um trem engraçado mesmo. A gente vive reclamando dos nossos alunos. Eu, por exemplo, posso citar algumas coisas que eles fazem que me dão “nus nelvu”.

Primeiro, eles não escutam o que você explica. Só o que é do interesse deles. Você pode falar mil vezes, por exemplo, que é para escrever o nome completo na folha. Sempre terá algum que irá perguntar depois: “É o nome completo, tia?”. 

Você passa a semana ensinando o B, dá música, brincadeira, mil atividades, se veste de bruxa e conta história que tem essa letra, mas não adianta: sempre tem aquele que não irá gravar a letra que você explicou.

Mas fala que é hora do recreio. Fala que vai dar massinha. Fala que é dia do brinquedo, pra ver se eles não escutam de primeira...

Aí depois tem aqueles que acham que é sua obrigação dar presentes e lembrancinhas, e nem um muito obrigada você escuta. E ainda ficam criticando o que você deu e querendo escolher.

Tem outros que também não tem um pingo de educação, sempre te interrompendo quando você está falando, que falam mais alto do que você, que vem com uns assuntos nada a ver com o tema em questão...

E aqueles que tomam conta da vida de todo mundo, falando tudo de errado que o outro faz, mas não vendo as próprias falhas. 

Fora os que comemoram na sua cara quando não tem aula, não se dedicam e fazem tudo de qualquer jeito, e só querem brincar.

Terrível, né? 

Mas e se a situação se invertesse de certa forma? E se nós virássemos alunos novamente? Teríamos outra atitude? Ou será que aluno é tudo igual, não importa a idade?

Pois sim. Umas das coisas boas da Secretaria de Educação é isso. Todo ano temos uma gama de cursos para fazer, um melhor do que o outro.

Este ano resolvi fazer o “Rodas de brincar”, com a mesma equipe fantástica do curso que fiz no ano passado, “A arte de contar histórias”. 

Em uma de nossas aulas, comecei a reparar na minha postura e de minhas colegas, todas elas professoras, e fiquei refletindo...

1- A gente não escuta. A professora acaba de explicar a brincadeira e fazemos tudo errado. Mas fala que está na hora do lanche pra ver...

2- Elas nos deram um pequeno mimo pelo dias das mães, que mesmo quem ainda não é mãe, como é o meu caso, acabou ganhando. Eu fui, comecei a escolher o que eu queria, querendo mais o da colega do que o que eu tinha recebido. Voltei pra minha mesa e sequer agradeci. Só lembrei quando vi uma das colegas, uma das poucas aliás, dizendo: Muito obrigada (isso que as professoras passaram o final de semana inteiro fazendo, coisa que não é da obrigação delas NUNCA NESSA VIDA).

3- A gente interrompe o tempo todo. Falamos coisas que não têm nada a ver com o assunto. A gente grita. A gente quer mandar mais do que as professoras. A gente conversa sempre e atrapalha.

4- A gente toma conta da vida das colegas, mas se esquece de olhar pro nosso umbigo e ver que quem estava fazendo errado era a gente e não a outra.

5- Comemoramos efusivamente quando não tem aula. Chegamos atrasados e queremos (ou exigimos) sair mais cedo. Não nos dedicamos e não damos nosso melhor.

Soou familiar? Nós somos nossos alunos quando sentamos nas cadeiras e viramos corpo discente.
Logo, fica a reflexão. Antes de criticarmos nossos alunos, vamos pensar melhor como agimos diante de nossos professores também. Nossos alunos são, na maioria, crianças, e ainda estão aprendendo a conduta correta nas situações da vida. Nós somos adultos já. Será que nos comportamos como tal?

sexta-feira, 19 de maio de 2017

Situações fofas com crianças (parte 2)

Para quem perdeu a parte 1:  https://goo.gl/1jgpor
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- Tia, meu final de semana foi muito legal. Eu fui ao círculo, vi os palhaços...

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- Uiiiiii, a tia está de óculos de sol! Hmmmmmmm, uiiiiiiiiiiiiii.




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- Vamos contar quantas letras tem o nome da Ester, nossa ajudante hoje? 1,2,3,4,5!

- Eita tia. E 5 também é meu ano!

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- Tia?

- Oi!

- Me dá um abraço. Eu estava com saudades...
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- Temos que economizar água, porque está acabando água no nosso planeta, né, professora?

O colega responde:

- Não, darrrr, está acabando água na Terra.

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- Eiiii, não pode sair do parque para ir às casinhas. A tia não deixa.

- Ela deixou sim.

- Você deixou tia?

- Sim, Pedro, pode ir.

Ele pára, pensa, olha para o lado e diz, fazendo sinal de positivo com a mão:

- Valeu!
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- Isabel, você faltou muito nesses dias. O que aconteceu?

- Eu estava dodói. 
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Aí você chega a casa da sua irmã para dar um vale night, vestida com a blusa do Batman. Seu sobrinho olha e diz para o pai:

- Papai, quero trocar meu pijama. Quero dormir com a blusa do Superman.

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- Vamos lá pessoal. O que vocês fizeram de bom no final de semana? Juliana.

- Eu fui para a casa da minha avó e tomei banho de piscina.

- Carlos.

- Eu joguei bola.

- David.

- Eu... É... Eu... É... Hmmmm.. Eu... Então, eu... Aí, eu... Ai, tia, não sei. 

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- Olha, professora. Eu estou brincando de veterinário.

- E eu estou brincando de pai, professora.
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- Vamos lá, meninos. Como fazemos o 19?

- O 1 e o 9. 

- E o 14?

- O 1 e o 14, professora.
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- Professora, eu tenho uma surpresa para você amanhã.

- É? Eu também tenho uma para você.

- Não, tia, mas a minha é um ovinho de Páscoa para você.

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Aí você está em um dia super turbulento e só consegue lanchar no final do turno. Coloca sua vasilhinha de peta lá fora para vigiá-los no parque, mas volta na sala para buscar sua tesoura. Sua aluna vai lá e pega uma peta:

- Carla, não pode pegar assim. Se você quiser, tem que falar com a tia e pedir, ok? Você é uma menina educada e é assim que meninas educadas fazem. 

Aí os outros: 

- Tia, me dá uma.

- Eu também quero.

- Eu também.

- Eu também, tia.

E assim você não aguenta, dá as petas, fica com fome, mas super feliz ao ver seus sorrisinhos.

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- Gente, o encontro de pais é no sábado. Não deixem de vir e tragam quem vocês quiserem.

- Tia, pode trazer minha irmã?

- Pode.

- E meu primo Diogo?

- Pode. É quem vocês quiserem.

- E meu pai?

- Pode.

- E minha tia?

- Pode. Gente, tragam quem vocês quiserem, qualquer pessoa.

- Pode trazer minha avó?

E assim a conversa se estende por mais uns 15 minutos hehehe.

sexta-feira, 5 de maio de 2017

Carta aberta aos pais ou responsáveis





Carta a pais ou responsáveis que precisam entender melhor nosso trabalho. Se você já entende e nos ajuda a melhorar nossa atuação, essa carta não é para você.

Carta baseada na atuação de professores comprometidos. Se você é professor e é um “picareta”, dando motivo para pais ou responsáveis não gostarem de nossa categoria e generalizar achando que todos são assim, essa carta não te inclui.

Agora vamos começar...

Carta aberta aos pais ou responsáveis:

Sim, nós somos seres humanos. Fazemos o número 1 e o número 2, por isso saímos de sala alguns minutos. Sim, há dias em que estamos tristes, pois também temos problemas. Sim, há dias em que estamos muito doentes e vamos trabalhar, por isso não rendemos 100%. E sim, há dias em que estamos extremamente doentes e nem conseguimos ir trabalhar. Isso não faz de nós “vagabundos”, “desgraçados” ou “folgados”. Achou pesado? Mas já vi professor ser chamado assim. Ah, nós erramos. Acho que é bom lembrar. Em lugar nenhum está escrito que professor deve ser perfeito. Mesmo porque não existe.

Tirar atestado ou licença é um direito nosso. Mas saibam que, entre trabalhar ou ficar doente ou nos ausentar por outro motivo (que normalmente é um motivo ruim), preferimos trabalhar.

Não fique com raiva se não demos atenção direito na porta quando você veio conversar conosco. Temos que olhar os alunos, que são a prioridade. E falar com outros pais. E resolver problemas. E pegar o bilhete que nos entregaram na mesma hora em que você estava lá. E socorrer os que estão brigando. E ouvir o que aquele aluno quietinho quer nos dizer. E tudo isto ao mesmo tempo.

E, se a chateação continuar, converse conosco e não com a direção. Somos adultos e podemos nos entender, dialogar. Quem não consegue resolver conflitos são crianças. Elas é que precisam de um intermediador.

Nós só temos 2 olhos. E eles ficam na parte da frente da cabeça. E nós piscamos. Logo, se algo acontecer quando nos virarmos de costas por poucos segundos ou quando piscarmos, não é culpa nossa. Acidentes acontecem. Mas acredite: tentamos ficar o mais alerta possível.

Por favor, não pense que só porque ganhamos menos do que outras profissões somos burros. Há muitos professores extremamente inteligentes, que abriram mão de várias coisas de status em prol do magistério. Ou que têm outro concurso mais “polpudo” e “interessante” e também dão aula. Ou falam outras línguas, estudam... Enfim, não nos vejam apenas por meio do contracheque. Mas é com ele que pagamos nossas contas com honestidade, enquanto muitos que nos olham com desdém não o fazem.

Não diga que a culpa de um aluno que não está bem no conteúdo  é só nossa. Para uma criança ir bem na escola, ela depende de vários fatores: família, políticas públicas, comunidade, projetos, e também de um bom professor. A última parte garantimos, as outras não dependem de nós. Não coloque essa responsabilidade toda em nossos ombros, não somos super-heróis.

Cuidado com o que falam de nós para outros pais. Temos sentimentos e palavras também nos machucam. Somos seres humanos, não custa reiterar.

Não ache ruim quando te chamamos para reclamar do seu filho por algo que ele fez. Por vezes nos falta sabedoria nestes momentos? Talvez... Mas se fazemos isso, é porque nos preocupamos com ele.

Sei que é difícil, mas sim, é necessário decorar nosso nome e o número da sala que seu filho estuda, pelo menos nos anos iniciais. Desculpa a franqueza, mas isso é o mínimo. Sabemos que é complicado... Mas você está falando com aqueles que têm de decorar no mínimo 20 nomes por ano, e mais o dos seus pais. Logo, acredite, vocês conseguem.

Tenham paciência, por favor. Não saberemos seus nomes, dos avós, e dos outros parentes no primeiro dia de aula. Levará um certo tempo, mas iremos nos esforçar. Também não guardaremos todas as informações de alimentação, quem leva e quem busca, quem é o pai de quem , tudo de primeira. Levaremos alguns dias e precisaremos que vocês repitam. Vocês são muitos, nós somos apenas um, mas seremos cuidadosos com cada informação.

Não, não te vemos como nossos inimigos. Te vemos como parceiros. Amamos seus filhos e queremos o crescimento deles, assim como vocês. Isso inclui broncas? Sim. Isso inclui eles se chatearem com a gente porque não faremos o que eles querem? Sim. Mas faz parte do processo. Dizer "não" é essencial. Isso faz com que saibam que irão se frustrar na vida, que o universo não gira em torno deles e que não terão tudo que querem. A frustração é o que nos faz ficar fortes em meio às lutas da vida. Vocês sabem muito bem disso. Só conquistaram o que têm hoje porque levaram vários  "nãos", correram atrás e conseguiram o que queriam.

A carta, por hora se encerra aqui. Perdão pela forma direta de falar, mas espero de coração que ela nos faça refletir sobre as atitudes que temos tido para com aqueles que suam sangue na camisa em prol de seus bens mais preciosos. Obrigada!


sexta-feira, 14 de abril de 2017

Páscoa

Fonte: Não sei, recebi no WhatsApp e achei uma imagem linda!


Nessa semana, eu li este texto da Palavra de Deus:

“Ora, antes da Festa da Páscoa, sabendo Jesus que era chegada a sua hora de passar deste mundo para o Pai, tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até ao fim.

Durante a ceia, tendo já o diabo posto no coração de Judas Iscariotes, filho de Simão, que traísse a Jesus,

sabendo este que o Pai tudo confiara às suas mãos, e que ele viera de Deus, e voltava para Deus,

levantou-se da ceia, tirou a vestimenta de cima e, tomando uma toalha, cingiu-se com ela.

Depois, deitou água na bacia e passou a lavar os pés aos discípulos e a enxugar-lhos com a toalha com que estava cingido.”

João 13:1-5

Seria apenas mais uma leitura, a qual faria parte de minha devocional. Algo que eu leria, depois fecharia a Bíblia, e depois dormiria. Só.

Mas na hora, Deus me trouxe à mente um fato curioso sobre esta passagem. O bom de trabalhar com crianças é que elas, como posso dizer, colocam as coisas no seu devido lugar e dão uma importância correta a certos fatos, fatos estes que nós adultos, de certa forma, já perdemos o entusiasmo.

Pois bem. Eu estava na minha igreja, há muitos anos, ensinando sobre esta passagem em que Jesus faz essa cerimônia do lava-pés. Com uma entonação normal, como se isso tivesse sido um fato qualquer (o que, em se tratando de Jesus, é algo absurdo, pois tudo que Ele fez/faz/fará é extraordinário. Mas, veja bem, meus anos de cristã já me haviam feito achar este episódio comum, infelizmente).

Quando estava no auge da história, no momento em que Jesus lava os pés dos discípulos, fui abruptamente interrompida por um aluno, que não conseguiu se segurar e soltou esta frase, sem acreditar no que estava ouvindo:

- Pera, pera, pera, tia. JESUS... JESUS... JESUS! ELE... FEZ... ISSO?

Alguns segundos se passaram até eu entender o que ele queria dizer. Ui! Foi magnífico! Foi como se eu tivesse levado uma pedrada bem forte na cabeça e tivesse acordado.

Sim, sua pergunta fazia sentido: como Jesus, JESUS!, nosso Salvador, se sujeitou a... isso?

Uau! Sim, Jesus, Jesus, tinha lavado os pés dos discípulos. Sim, pés sujos, visto que as pessoas daquela época caminhavam muito e usavam sandálias, e não sapatos fechados. Sim, pés sujos, enlameados. Sim, nosso Senhor fez algo que era costume de empregados da menor posição. Sim, o Rei, que deixou sua glória por nós, sim, Ele fez isto. Uau!

Sim... Ele se humilhou, para que tão somente entendêssemos esta lição: “Ora, se eu, sendo o Senhor e o Mestre, vos lavei os pés, também vós deveis lavar os pés uns dos outros”. João 13:14

Fantástico! Lindo! Como eu pude simplesmente passar por isso como algo corriqueiro?

Mas infelizmente passamos... O que me lembrou de outra história...

Um dia, eu estava em um acampamento de Carnaval da minha igreja. Um dos líderes pegou o microfone e deu um anúncio que nos deixou atônitos: o presidente dos Estados Unidos tinha sido assassinado.

Estávamos sem Internet. Ficamos surpresos, pensando no que tinha acontecido, simplesmente estarrecidos.

Mas aí ele disse que, na verdade, aquilo não tinha de fato acontecido e nos pôs essa reflexão: engraçado, a suposta morte de um presidente nos deixa dessa forma. Mas e a morte de Jesus? Será que ainda ficamos dessa forma quando pensamos em seu sacrifício por nós? No que Ele fez por nós na cruz? Ou isso já não nos surpreende mais, se tornando algo pelo qual “passamos batido”?

Hoje não é só mais um dia. Hoje  celebramos a Páscoa. Será apenas mais uma Páscoa? Mais uma data em que passamos despercebidos pelo que Deus fez por nós, por amor? Será que ainda nos chocamos, nos maravilhamos, e choramos diante da morte de Jesus?

Quantas vezes, admito com vergonha, eu deixei de fazê-lo.

Mas hoje, HOJE, pode ser diferente. Pode ser um dia em que separaremos um tempo pra refletir na história deste homem. Mas não um homem qualquer, porém o próprio Deus encarnado.

Aquele que assumiu a forma humana, o cordeiro de Deus, que veio para nos purificar de nossos pecados.

Hoje pode ser um dia em que iremos orar e agradecer por este gesto que simplesmente mudou nossa vida e é a mais linda história de amor.

Que sua Páscoa seja diferente! Que coelhos, chocolates e ovos não tomem o lugar do Rei dos reis, diante do qual nossa vida nunca “passa batida”, mas sempre é vista com detalhes.

“Pois também Cristo, nosso Cordeiro Pascal, foi imolado.” 1 Coríntios 5:7 (parte b).

 Aleluia!!!!! Ele vivo está!!!!


sexta-feira, 7 de abril de 2017

Direto do túnel do tempo...



Se tem uma coisa que é um perigo, é quando os anos passam e a gente fica “calejada”. Deixe-me explicar...

Desde que voltei a dar aulas na Educação Infantil, tenho vivido momentos de nostalgia. Comecei a trabalhar em 2008 em uma turminha de Infantil V como estagiária. E eu era muito empolgada!

Primeiro emprego, fascinada pela Pedagogia, doida para aplicar o que eu aprendia, cheia de sonhos e encantos por aquelas carinhas fofas. Amava sentar no chão e contar histórias para os meninos, brincar com eles, ser sua amiguinha. Todos na escola riam de mim, pois no dia do brinquedo eu sempre levava um para emprestar e brincar com eles. Era uma gozação só!

Tudo era tão leve, gostoso, sem tensão!

Mas enfim... O tempo passa. Continuo empolgada com a educação, mas confesso que mais tensa. Mais preocupada, mais ansiosa. Medo de bronca dos pais, de histórias que ouvimos de professores enfrentando processos, denúncias horríveis e nem sempre por merecerem... Medo de que eles se machuquem... Medo da direção, de uma "puxada de orelha", de fofoca, do que vão pensar, tantas coisas!

Aí começamos a rir menos... Damos menos liberdade às crianças... Entramos e saímos de sala sérias, carrancudas, ranzinzas. Bom, era o meu caso, pelo menos...

Deixei de me encantar, de rir de suas bobeiras. Fiquei rígida, militar, inspetora, reclamona, não digo infeliz, mas menos feliz.

Mas eis que Deus, em sua vontade que é boa, perfeita e agradável, me deu a surpresa de voltar para a Educação Infantil. Lá, a doçura é importante. Seriedade não tem lugar, senão não os conquistamos.

E aqueles anos, já esquecidos, daquela velha nova Lívia bem no comecinho, começaram a voltar à minha memória. Relembrei a sensação gostosa daqueles velhos tempos... De dar aquela gargalhada, mesmo quando eles aprontam. De me divertir, de brincar, de ouvir suas histórias engraçadas, seu mundo colorido e fantástico, de voltar a ser criança. Simplesmente... curtir!

E estou tentando voltar a ser como antes...

Tem sido bom. Há muito que se quebrar ainda, estou bem “calejada”, mas tem sido leve, libertador.
Ainda há medo. Sim, pois temos de ser precavidas. Mas podemos e devemos achar o equilíbrio saudável.

Não estou defendendo que devemos deixar “correr solto”. Crianças precisam de limites.
Mas... Não dá pra ser rígida demais. Não dá pra ter silêncio o tempo todo. Criança é bagunça também, barulho. É cair, se sujar, rir e chorar. É brincar, brigar, correr e pular.

Haja fôlego e energia. Mas haja riso, festa, alegria! Rindo mais, a tensão vai embora rapidinho. A gente dorme melhor, mais feliz, reclamando menos e aguentando melhor os anos que temos pela frente.

Um beijo para minhas/meus colegas dessa bela profissão. Deus nos guarde nessa jornada maluquinha, abençoadinha e muito especial!



sexta-feira, 31 de março de 2017

Situações fofas com crianças (parte 1)

- Tia, você gostou do docinho que eu te dei?

Pensa num trem "bão"!


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Minha aluna Jéssica olhando os cartazes de números, de 0 a 10, pregados na sala e contando:

- 1, 2, 3, 4, meu ano, 6, 7, 8, 9 e 10.

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- Nossa, tia. O tio da van está demorando para me buscar.

- Mas fica tranquilo, a tia não vai te deixar sozinho. Não fica com medo.

- Se ele demorar muito, eu vou ter que ir para sua casa.

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- Crianças, a partir da semana que vem não vamos para o parque todo dia. Só nos dias certos. Não quero ver ninguém reclamando depois, viu? Todos entenderam?

- Sim, tia. Aqui na sala você é a rainha.

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- Tia, enquanto meu pai não chega, vamos brincar de xadrez.

- Sim, mas eu não sei brincar e não tem peças.

- Eu te ensino. E usamos bonequinhos para serem as peças.

Brincadeira vai, brincadeira vem...

- Uai Lucas. Mas você está comendo todas as minhas peças, não é justo.

- É porque as peças que eu escolhi são mais poderosas do que as suas.

- Mas quem escolheu minhas peças foi você. Vou inventar outros poderes para as minhas então.

- Não, tia. Não pode. Eu que inventei o jogo. Então eu sempre tenho que ganhar.

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- Ana, pega aqui esse pirulito. Nele tem um bilhetinho avisando do coral.

Ela pega, arranca o bilhete, dá para a mãe e diz:

- Obrigada, tia. Mas eu me interesso só pelo pirulito.

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Diálogo entre duas fofas de 5 anos:

- Em casa minha mãe não deixa eu fazer nada...

- Eu não entendo isso. Não fazer nada em casa! Isso não faz sentido. A gente tem que fazer coisas em casa. A casa é feita pra gente fazer coisas!

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- Gente,  a tia está falando muito. Acho que vou ficar rouca. Por isso vocês têm que obedecer de primeira, porque se eu falar, falar, e falar várias vezes vocês vão ficar sem aula...

Aí dois alunos respondem:

- Eu gosto de ficar sem aula...

- Mas a tia não gosta de ficar sem ver vocês... Eu fico com saudades...

E uma aluna fofa responde:

- Eu gosto de ter aula, tia. Sabia que eu gosto de você?

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Aí você tem uma aluna cuja mãe está grávida. Pergunta como foi o final de semana e ela diz:

- Foi bom, professora. Eu brinquei e comprei várias coisas para a minha Olívia.

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- Tia, o Ishias está correndo.

- Luis, o nome dele é Richardy. Vamos tentar falar? Repete: Ri.

- Ri.

- Char.

- Char.

- Dy.

- Dy.

- Agora tudo: Ri- Char- Dy.

- I- Shi- As. Eu não consigo tia...

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A tia de Educação Física explica:

- Gente, vamos fazer uma fila do menor para o maior. Isso! Muito bem! Esse pequeno daqui da frente pode ficar grandão, se comer direitinho, fizer atividade física e dormir. Vocês entenderam?

- Simmmmm!!!!

- Então como faz pra gente crescer?

Aí seu aluno responde:

- É só fazer aniversário!

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- Tia, o Daniel Rodrigues faltou ontem, depois de ontem, depois de depois de ontem, mas hoje ele veio!

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Quem aguenta esses alunos fofos? Dá vontade de apertar!