sexta-feira, 23 de dezembro de 2016

Sobre casamento... Presente de Natal



Se tem uma coisa que eu aprendi no casamento (aliás, desde antes) é que homem não entende indiretas. Não mesmo.

Tinha uma coisa que eu era maluca para ganhar: aquela pulseirinha da Pandora ou Vivara que você pendura berloques sobre sua vida, a pulseira Life.

E não, não é porque é modinha. Eu vi meio que o “protótipo” dela no filme “Antes que termine o dia” quando era adolescente. E tem uma cena em que o cara dá uma pulseira dessa, pendurando coisinhas fofas que eram a cara da sua namorada. Me apaixonei na hora por aquilo!

Anos depois, a Pandora e a Vivara vieram com essa pulseira e eu fiquei louca!!!!! Já namorava o Anderson e não sei dizer quantas indiretas eu joguei falando que eu queria ganhar. Mas foram muitassss mesmo. E eu não queria dizer, assim, às claras. Eu queria mesmo é que ele entendesse a indireta, visse que era minha cara e me desse de surpresa.

Eu cheguei a sonhar mais de uma vez que ganhava. Acordava triste quando via que era só um sonho. Contava pra todo mundo que eu queria, mas não deixava que comentassem com ele, porque queria que ele visse como aquela pulseira era minha cara e me desse de surpresa (já falei isso, mas só para reiterar)!

O engraçado é que toda vez que eu comentava da pulseira, o diálogo era sempre o mesmo, mais ou menos assim:

- Ai, meu bem, a fulana ganhou uma pulseira tão linda. Ela é assim, assim, e é minha cara.

- Pulseira? Oxi, nunca ouvi falar nessa pulseira.

- Nossa, meu bem, já falei dela pra você várias vezes. Váriasssss vezes.

- Sério? Engraçado, não me lembro. Nunca ouvi falar nessa pulseira.


Ele falou essa frase exatamente em todas as vezes em que joguei a indireta, no mínimo umas 253 mil vezes.

Eu ficava tão chateada! Sofria quando via a dos outros, ficava perguntando o que cada berloque significava, sonhando e sonhando que um dia ganharia.

Até que... Fui para meu curso Mulher Única e as meninas de lá já sabiam da minha saga “Pulseira”. Uma das colegas naquele dia veio me dizer que a pulseira estava em promoção. Meu olho chega brilhou. Minha amiga Larissa virou e disse:

- Deixa de ser boba. Manda logo mensagem pedindo!

Não aguentei. Mandei a mensagem:

Meu bem. Há 3 anos dou indiretas que quero ganhar um determinado presente e você nunca entende. É uma pulseira. Não está barata, mas ela está em promoção. Vamos lá comprar comigo para me dar de presente de Natal?

A resposta dele: Claro, vamos sim. Você merece. Mas que pulseira é essa?

Kkkkkkkkkkk, só rindo mesmo.

Falei, ganhei, não foi surpresa, mas fiquei tão feliz. Enfrentamos um filão, demorei uma vida para escolher os berloques (só 2 e os que estavam em promoção hehehe), o marido já estava desistindo porque eu não decidia, mas ganhei!!!!! Uhuuuuuuuuuu é tetraaaaaaaaaa. Mereceu muitas dancinhas da alegria!

Tudo bem que teve que dividir em mil vezes e o presente valeu como Natal, niver de casamento, aniversário, dia das crianças, dia do presbiteriano, dia internacional da mulher. Mas já expliquei que sempre que ele quiser me presentear, é só ir lá e comprar um berloque que seja minha cara. Ele balançou a cabeça, acho que entendeu hehehe.

E aprendi umas lições com isso:

Primeiro: Há coisas que eles não entendem e nunca vão entender. Deve ser algo com o cérebro, sei lá, falta de massa cinzenta, conexões entre os neurônios. Não sou cientista, mas tem algo ali que está faltando hehe. Não adianta lutar contra isso. Não há cura.

Mas tem um remédio que ameniza: comunicação. Certas coisas têm que ser faladas às claras. É ótimo quando eles nos surpreendem, mas temos que encarar os fatos de que na maioria das vezes isso não acontecerá.

Esses dias li um texto de Drika Elizabeth Vasconcelos que uma colega enviou e tem umas partes que ela fala sobre isso:

“De fato, nós, esposas, no geral, não queremos ter que pedir as coisas. Ficamos irritadas por ter que fazê-lo ou até mesmo deixamos de comunicar nossos desejos por achar que se o marido nos ama, ele vai adivinhar. Mas isso reflete a pecaminosidade do nosso coração. Reflete injustiça, insegurança, ansiedade, ingratidão, insubmissão, desrespeito e muitas outras coisas.

Por que é errado?

Primeiro, porque estamos demandando algo dos nossos maridos imperfeitos que nem mesmo em 50 anos de casados eles conseguiriam fazer (ler nossa mente, conhecer-nos o suficiente a ponto de prever os nossos pedidos). Somente Deus conhece-nos perfeitamente, e Ele ordena que nós coloquemos diante Dele os nossos pedidos (1 Tm 2.1). Ele poderia realizar nossos desejos e pedidos sem nós pedirmos? Claro! Mas Ele quer que nós cheguemos a Ele em oração e petição, porque isso gera intimidade, confiança, comunicação, respeito, etc. (...)

(...) Uma dica para as esposas (inclusive para mim mesma) que tem essa mania de ficar exigindo que o marido vire telepata: Cultive a comunicação. Somos comunicadoras natas! Use seus talentos para investir no seu relacionamento.”

Segundo: Minha irmã diz que nós mulheres temos a função de inserir os homens na sociedade hehehe. O que isso quer dizer? Ensinar boas maneiras, como se portar em ocasiões diferentes e lugares diferentes. E, caso ele não saiba, explique, desenhe e ensine que mulher gosta de joia, jantar, surpresa, coisas baratinhas e fofas com significado, mas gostamos de ganhar, de vez em quando, coisas um pouco mais caras também.

Terceiro e mais importante: Isso não diminui o homem que ele é em minha vida. Ganhei a pulseira de Natal, mas meu marido me faz perceber que Cristo é o meu maior presente todos os dias. Meu esposo me faz ser mais parecida com Ele, seja na alegria, na tristeza, nas brigas, nos dias felizes, na chatice, na simpatia. Isso é essencial.

A pulseira um dia vai perder a graça, vai ser doada para alguém, vai arranhar, pode ser perdida (ai meu coração), mas ter um sacerdote do lar, que vai comigo nos caminhos de Deus, me exorta, sonha comigo, ora por mim, cuida de mim, sustenta a casa, isso sim é fantástico.

Gostaria que ele me desse mais surpresas? Sim... Fico chateada porque ele não o faz? Não deveria, mas sim. E infelizmente até deixo isso atrapalhar em inúmeras vezes. Mas ele tem dificuldades nessa área... Porém, em outras, que são mais importantes e é o que realmente vale na nossa vida de servos de Deus aqui na Terra, ele é nota mil! E louvo a Deus por isso!

Então, mulherada... Bora simplificar as coisas, agradecer a Deus por tudo e abençoar nosso relacionamento! Se ele não entender a indireta, vai na direta mesmo. Deus abençoe e sejam felizes nEle! Feliz Natal!

sexta-feira, 16 de dezembro de 2016

2° H - Meu desafio de 2016



Essa é minha turma de 2016. Eita, que ela foi um desafio!

Todos dizem que turma reduzida é um paraíso... Mas essa turma juntou tantos problemas gigantes que eu vou pensar seriamente se vou querer turma pequena de novo hehehe. Foi um ano extremamente pesado. Mas, de qualquer forma...

Teve gente que chegou e logo mudou de casa e escola. Teve gente que entrou e logo mudou de cidade.

Teve gente que chegou depois e foi embora antes do final do ano. Teve gente que chegou depois e ficou. E teve muita gente que chegou no início e ficou até o final.

Teve gente que saiu porque a professora é brava. Teve gente que ficou porque a professora é brava.

 Teve gente que fez a professora rir. Teve gente que fez a professora chorar. Teve dias em que a professora quis desistir. Muitos dias até.

Teve gente que matou a professora de raiva. Teve gente que deu chilique. Teve dia que a professora deu chilique e deu aula de chatice. Teve dia que todo mundo estava chato, mostrando que aprendeu bem com a professora.

Teve gente que aprendeu a ler e escrever, deixando a professora muito orgulhosa. Teve gente que avançou pouco, parecendo que a professora não fez nada.

Teve passeio, teve dia de história com direito até à fantasia, teve brincadeira. Mas também teve bronca, muita bronca.

Teve gente que começou a rir mais (incluindo a professora). Teve gente que aprendeu com a professora. Teve professora que aprendeu (e muito) com seus alunos.

Teve filme, teve dever de casa todo dia, teve dever no livro, teve dever no caderno, até eles reclamarem.

Teve risada, teve sorriso, teve abraço.

Teve prêmio. Teve experiência de Ciências. Teve elogio, teve ditado, teve bingo.

Teve dia bom, que vale até ir para o plural, porque foi mais de um. Mas teve dia difícil. Teve gente que se emocionou. E teve dia que quem se emocionou foi a professora.

Teve festinha, teve bolo, teve lembrancinhas pros alunos, cartinhas pra professora.

Teve gente que quebrou o braço duas vezes e aprendeu a escrever com a mão esquerda. Teve receita de brigadeiro e de massinha. Teve piquenique.

Teve páginas e páginas de diário preenchidas. Teve dia que tudo deu certo. Teve dia que tudo deu tão errado que o melhor a fazer era rir (E aí acabou sendo um dia legal).

Teve música, teve ensaio pra um monte de festa, teve dança, “teve bão”!

Tem saudade, tem sentimento de dever cumprido, tem lágrimas nos olhos. Tem despedida, tem adeus...

A vocês, meus queridos alunos que me aguentaram neste ano, meu muito obrigada! Não foi fácil, mas vocês fizeram dos meus dias mais felizes (e estressantes também hehehe). Sem vocês não teria tantas histórias para contar, motivos para orar (e orar mais!), textos para escrever. Não foi fácil, mas digo com sinceridade: eu amo vocês!



sexta-feira, 9 de dezembro de 2016

Situações engraçadas com crianças (parte 4)


- Rayssa, não conta pra ninguém o nosso combinado.

- Mas tia, ela já me contou – responde a Mariana.

- Então não é para vocês duas contarem para ninguém.

- Mas a Mariana já me contou, tia – responde a Fernanda.

Afff, ô povo fofoqueiro! Não dá nem pra fazer surpresa!

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- Professora, qual o significado da palavra NÃO?

- Vixi. Buguei.
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Você percebe que é fresca quando uma cena dessa acontece:

- Gente, é o seguinte. Tem uma barata no banheiro. Se ela aparecer na sala, eu saio correndo e deixo vocês aqui sozinhos.

Aí sua aluna, mocinha, a mais baixinha da sala, que você pensa que é toda cheia de nojinho de tudo, vira e te responde:

- Mas professora. O que é que tem? A barata não faz nada com a gente.

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Você percebe que é séria em sala quando sua aluna diz frases do tipo com frequência:

- Nossa, a professora tá feliz hoje. O que será que aconteceu?

Mas, parando pra pensar, se ela diz com frequência, não seria o caso de ela pensar que eu nem sou tão séria assim? Fica a reflexão. Hehehehe

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Aí você levanta a mão para escrever no quadro e sua aluna, aos berros, diz:

- Ô professoraaaaaaaaaaa, sua blusa levantou e dá pra ver sua calcinhaaaaaaaaaaa.

- Nossa, obrigada. Da próxima vez que isso acontecer, é só vir ao meu ouvido e falar, não precisa anunciar pra turma toda, minha filha hehehe.

Aí mais tarde, você abaixa e uma aluna vem ao seu ouvido e diz:

- Professora, sua bermuda.

E você levanta feliz da vida, porque, apesar do cofrinho ter aparecido por alguns segundos, um de seus alunos entendeu o recado e aprendeu a ser mais discreto. E nem precisou repetir 220 vezes. Viva!

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Aí você escuta a seguinte frase:

- Professora, posso ir ao banheiro?

Ah, meu amigo, minha amiga. A partir do momento que você disser o primeiro sim, já era. A vontade de ir ao banheiro se torna coletiva e todos vão repetir a mesma frase nos próximos minutos, como se fosse uma “pandemia” do xixi.

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Aí você dá um texto e pede para os meninos lerem sozinhos. Depois pergunta:

- Quem entendeu?

E escuta uma leva de: Eu não, professora. Aí você fala:

- Então eu vou ler para vocês.

E você só lê e não explica nada. Só lê mesmo. Aí vira e pergunta depois:

- Quem entendeu agora?

Aí todos levantam a mão. Vá entender, eu hein.

sexta-feira, 2 de dezembro de 2016

Muito prazer!

Olá. Muito prazer. Eu me chamo Lívia e nas linhas abaixo contarei um pouco da minha história, explicando a minha posição de ser totalmente contra o aborto.

Minha mãe e meu pai já eram casados há algum tempo e eles já tinham minha irmã. Ela engravidou de mim no último ano da faculdade, a qual já tinha feito conciliando trabalho (o dia todo), casa, marido e filha pequena. Logo, não fui planejada, mas ficaram felizes com a notícia.

Após um tempo, ela teve um sangramento com mais ou menos 8 semanas de gestação. Ele era devido ao aborto espontâneo de meu irmão gêmeo (ou minha irmã).

Mesmo em placentas diferentes, não era para eu ter sobrevivido (palavras do médico). Sou um milagre! Todos queriam fazer curetagem, mas o médico e minha mãe não deixaram. Sabiam que eu estava lá, que eu era vida sim, e que a curetagem iria me matar.

Então, eis o resultado: 45 dias de repouso absoluto e, pelo médico, ela não tinha que levantar nem para ir ao banheiro.

Nasci e sobrevivi. Tive icterícia quando bebê, fazendo minha mãe chorar quando me viu de olhos vendados, no banho de luz.

Quando cresci, tinha muita dificuldade para comer. Não gostava de jeito nenhum, para desespero de todos. Minha mãe saia de seu trabalho lá na Asa Norte até o Guará todos os dias, durante quase 10 anos, só para me dar comida na boca (se não fosse assim, eu não comia de jeito nenhum).

Já fiquei internada. Já sumi no shopping e reapareci. Caí várias vezes de cabeça.

Sempre fui medrosa. Acordava no meio da noite e só me acalmava se fosse dormir junto de meus pais. Quando cresci, pegava meu colchão e levava até o quarto deles.

Isso fora os outros trabalhos “normais” que todo filho dá: falta de educação, preocupações, nossas dores que doem mais em nossos pais do que na gente.

E aí ouvi a decisão de que um bebê de 3 meses de gestação não é vida...

Fiquei refletindo... Já pensou se minha mãe tivesse pensado assim? Será que se ela soubesse de tudo que iria enfrentar, de tudo que teria de fazer, será que voltaria atrás? Por motivos religiosos, sabia que ela diria não. Mas resolvi perguntar:

- Mãe, se você soubesse de tudo isso, de todo trabalho que eu daria... Você me abortaria?

- CLARO QUE NÃO! Sou crente, esqueceu??? Minha filha, jamais faria isso! Que trabalho você me deu?

Chorei. E me emocionei. Agradeço a Deus porque ela não desistiu de mim!

Então, quando olho a decisão desses “magistrados”... Quando penso em minha história... Quando penso em quantas pessoas queridas e próximas, pelas quais eu oro todos os dias porque têm dificuldade em engravidar, dariam tudo para ter um ser de apenas 3 meses ou menos dentro de si... Quando penso na alegria simplesmente indescritível que senti quando minha irmã anunciou a chegada de meus sobrinhos, com apenas 6 e 8 semanas, que para mim já eram cheios de vida, não importa quantos centímetros tinham... Desculpa, dói muito. Dói demais. Não consigo entender como é possível definir que até os 3 meses não há vida... Não consigo. Só posso lamentar, chorar e orar.

Eu sou Lívia. Tenho 29 anos, mas já tive 3 meses. E você? #ContraoAborto #AFavorDaVida





sexta-feira, 25 de novembro de 2016

A arte de contar histórias

Ontem foi um dia muito feliz: finalizei o curso "A arte de contar histórias", oferecido pela Secretaria de Educação do DF, ministrado pela Oficina Pedagógica da Regional do Guará. Sem dúvida, o melhor curso que já fiz na minha vida.

Nunca pensei que um curso tão longo (180 horas), o qual durou o ano inteiro, seria motivo de tanta alegria para mim. Foi puxado, cansativo, mas extremamente prazeroso. Eu, que não tenho a menor habilidade em trabalhos manuais, tive que aprender a fazer coisas inimagináveis para minha pessoa: baú de caixa de papelão, avental de contar história, palquinho... Todo dia era uma produção diferente, uma mais criativa do que a outra. Aprendi até a costurar!

E o encerramento não poderia ser de outra forma. Fizemos um amigo-livro, só que a revelação seria diferente. Cada um tirou dois papéis, um escrito "Eu sou..." e o outro "Eu tirei...". Todos seriam personagens de histórias infantis por um dia.

Só que a graça ia além: não sabíamos quem era quem. Por exemplo, meus papéis eram: "Eu sou uma bruxa" e "Eu tirei a vovó", mas eu não sabia quem era a vovó, e quem tirou a bruxa não sabia que eu era a tal bruxa. No dia da revelação, cada um deveria ir caracterizado de acordo com seu personagem. Então, só descobri meu amigo-secreto ontem.

Achei uma ideia fantástica, que torna o amigo-secreto mais divertido e lúdico, tudo a ver com esse curso maravilhoso. E, na hora de revelar, deveríamos ler uma carta, preparada com antecedência, como se fosse do seu personagem para o personagem que você tirou. A minha ficou assim:

QUERIDA VOVÓ:

ESTOU ESCREVENDO ESTA CARTA, POIS FIQUEI SABENDO DO ABSURDO E DA AUDÁCIA DO QUE O LOBO FEZ COM A SENHORA.

NÓS, DA CBL (CONVENÇÃO DE BRUXAS E LOBOS), ESTAMOS PROFUNDAMENTE CHATEADOS.

ELE VIOLOU CLARAMENTE O ARTIGO 13, PARÁGRAFO 1, INCISO 3, ALÍNEA B, DE NOSSA CONSTITUIÇÃO, O QUAL DIZ:

- É PROIBIDO PARA QUALQUER BRUXA E LOBO FAZER MALDADE OU FEITIÇO CONTRA VELHINHAS (SIMPÁTICAS OU NÃO), COMO TAMBÉM CONTRA CRIANÇAS. 

ADENDO: O MESMO NÃO SERÁ PROIBIDO CONTRA PRINCESAS BONITAS, BOBAS E DE NARIZES PERFEITOS E PORQUINHOS PREGUIÇOSOS, POIS ELES ATRAPALHAM NOSSO SERVIÇO.

ELE CLARAMENTE DESCUMPRIU A REGRA, NÃO SÓ UMA, MAS DUAS VEZES, POIS TAMBÉM ENGANOU SUA POBRE NETINHA (PELA QUAL SINTO MUITO APREÇO, AFINAL, NÃO É NENHUMA PRINCESA).

QUERO QUE A SENHORA SAIBA QUE O CONSELHO DA CBL JÁ DELIBEROU SOBRE O CASO E A DEVIDA PUNIÇÃO FOI APLICADA: ELE SERÁ DETIDO NO ESPELHO MÁGICO POR TEMPO INDETERMINADO, SEUS PODERES FORAM CONFISCADOS E ELE NÃO PODERÁ SE CANDIDATAR A VILÃO POR PELO MENOS 15 HISTÓRIAS INFANTIS.

NÃO SEI O QUE DEU NA CABEÇA DELE. ELE SABE MUITO BEM DAS REGRAS. NÃO GOSTAMOS QUANDO AS COISAS FOGEM AO NOSSO CONTROLE. AINDA MAIS QUANDO É NECESSÁRIA A ATUAÇÃO DE UM HUMANO PARA QUE O FINAL NÃO SEJA TRÁGICO.

PARA QUE A SENHORA SAIBA QUE NÓS MUITO A ESTIMAMOS, CHAMAMOS O CAÇADOR PARA UMA CONVERSA DE AGRADECIMENTO. OFERECEMOS TAMBÉM A ELE, GRATUITAMENTE, O TREINO COM NOSSOS MELHORES MALFEITORES, POIS, COMO A SENHORA SABE, NOSSO TREINAMENTO É O MAIS VIL E ARDILOSO QUE EXISTE. ELE FICOU TÃO BOM QUE ATÉ O CHAMARAM PARA TRABALHAR EM HOLLYWOOD!

MAIS UMA VEZ, DESCULPAS. SEI QUE NÃO TEMOS COMO REPARAR OS DANOS PSICOLÓGICOS. MAS, DE QUALQUER FORMA, ESTOU ENVIANDO UM CUPOM COM O QUAL PODERÁ FAZER A RETIRADA DE UMA VASSOURA VOADORA DE ÚLTIMA GERAÇÃO, ALÉM DE UMA VARINHA MÁGICA PARALISANTE (CASO ALGUM OUTRO LOBO RESOLVA AGIR FORA DA LEI). ASSIM, A SENHORA NÃO ESTARÁ MAIS DESPROTEGIDA.

OBRIGADA PELA ATENÇÃO,

DEUÍTE
(ADVOGADA-CHEFE DA CBL E COORDENADORA REGIONAL DAS VILÃS)

PS: E DEPOIS DIZEM QUE AS BRUXAS SÃO MÁS... SABE DE NADA, INOCENTE. A ÚNICA COISA FEIA QUE TEMOS É O NARIZ. NOSSO CORAÇÃO É MARAVILHOSO.

Ao concluir este curso, vejo que sou uma privilegiada. Sim, a Secretaria de Educação tem muitos problemas e sou muito crítica em relação a todos eles. Mas devemos reconhecer o que é bom. Este curso foi ministrado por professoras extremamente capacitadas e dedicadas, que nos ajudavam em todas as dificuldades e nos incentivavam a levar um planejamento diferente para nossas crianças. A elas, minha eterna gratidão e apreço. Iara, Lícia, Márcia e Rose, saibam que eu sou fãs de vocês!

Sei que ainda tenho muito que melhorar, mas posso afirmar que, comparando meu planejamento deste ano com o do ano passado, vejo que dei um salto e tudo graças a este curso fantástico. 

Fico feliz de ele ter acabado e ver quantos recursos para contar histórias tenho agora (que, por incrível que pareça, foram feitos por mim, com a ajuda de minhas queridas professoras), os quais me ajudarão no processo de encantamento de meus alunos pelo mundo da leitura.

Deus é bom e este foi um dos presentes mais maravilhosos que recebi em 2016! A Ele toda honra e glória, sempre!




sexta-feira, 18 de novembro de 2016

Perdão...


Eu estou fazendo um curso muito legal chamado Mulher Única, da Universidade da Família.

Em uma das lições, falamos sobre a importância do perdão. Lá dizia algo que não é novidade: devemos perdoar, pois, além de ser um mandamento bíblico, só faz mal para a gente quando não o fazemos.

O engraçado é que, no final, fizemos uma reflexão: será que temos que “liberar” perdão para alguém que nos magoou?

Na hora, pensei no pai de minha mãe, que, devido a uma longa história, sempre me fez sentir um profundo rancor por suas atitudes (e olha que, diretamente, nunca foram contra mim).

Mas, quando cheguei a minha casa, fiquei com essa pergunta martelando na cabeça. E cheguei à conclusão terrível que eu guardava mágoa e rancor de tanta gente! Por coisas bobas, ou sérias, mas que sim, me deixaram marcas ruins e me davam vontade de fazer careta ao me lembrar da pessoa (ou coisas mais feias que a gente só pensa, e não vale a pena falar ou escrever hehehe).

E isso é uma coisa tão boba, porque a Bíblia é tão clara sobre essa questão do perdão. Como não perdoar alguém, se Deus perdoou tantas ofensas contra Ele, bem piores do que as que fizeram contra nós?

Quantos versículos há na Palavra de Deus sobre isso? Perdoar 70 vezes 7 (que não é uma multiplicação, mas uma forma de dizer que devemos perdoar infinitamente). Há também aquela parábola que me marca profundamente do servo cuja dívida impossível de pagar foi perdoada, mas que não perdoou a pequena dívida de seu conservo (você a encontra em Mateus 18: 23-35), a qual é uma analogia entre o perdão de Deus a nós e o nosso perdão aos nossos irmãos. Como não perdoar, sabendo o que Deus fez por nós?

Mesmo tendo consciência de tudo isso, ainda fiquei com aquele coração duro e pesado. Fala sério, né?

Aí me lembrei de meus alunos. Fiquei meditando naquele versículo: “Em verdade vos digo: Quem não receber o reino de Deus como uma criança de maneira nenhuma entrará nele.” Marcos 10:15

Não acredito que as crianças sejam puras ou inocentes. Elas são pecadoras e, tal como nós, precisam desesperadamente da salvação em Cristo Jesus. Logo, não acredito que este versículo quer dizer que devemos ser “puras” como elas, pois elas não o são.

Há algumas explicações sobre, então, o porquê de Jesus ter falado isso. Uma delas é a questão da dependência não fingida com relação aos seus pais e sua fé neles.

Não sou teóloga, mas gostaria de acrescentar algo nessa interpretação, sem querer ser ousada. Mas arrisco dizer que uma outra explicação seja exatamente o fato de eles perdoarem com tanta facilidade.

Muitas vezes me vejo brigando com meus alunos, chateada, com raiva. E logo depois eles estão me abraçando, felizes, como se nada tivesse acontecido. Às vezes nem pedi perdão por ter falado algo que não devia, mas eles, de coração, já me perdoaram.

Ou então os vejo brigando entre si, por motivos bobos até (afinal, são crianças, né?), e ficam sem se falar e mostrando a língua um pro outro. Mas, poucos minutos depois, estão brincando juntos e nem se lembram mais do motivo da briga.

Nossa, acho isso lindo! Como eu preciso aplicar em minha vida...

Deus te me incomodado muito neste sentido. Nunca pensei que tinha dificuldades nessa área, mas o fato é que preciso ser tratada sim. Seja no meu ego, na minha hipersensibilidade, no meu coração mesmo...

Mas também ajuda ver que meus amigos, colegas de igreja, família, eles não são perfeitos. Oh, que novidade... Mas, se eu me lembrar disso, vou ser menos “armada” na hora de sentir raiva contra o que eles fazem. Eu também erro. E muito. Somos pecadores. Precisamos de Deus.

Se a gente se lembra disso, vemos que dá pra dar um “desconto” em muita coisa e assim ter uma melhor convivência. Claro que tem coisas que são mais sérias e precisam de intervenções mais sérias, conversas etc. Mas, no geral, pelo menos no meu caso, são coisas mais simples que só carecem de coração aberto e perdão.

Nada do que eu escrevi é novidade. Mas mesmo coisas que já estamos cansados de saber são boas para relembrar. Eu precisei. Se você não precisa, que bom! Ore por mim, pois preciso de ajuda nisso.

Que sejamos, então, como as crianças: hábeis para perdoar ou lembrar sem rancor. Deus abençoe seu dia!

sexta-feira, 4 de novembro de 2016

Ser professor(a) é... (parte 3)

Se você perdeu a parte 1: http://bit.ly/2caeKJ6

Se você perdeu a parte 2: http://bit.ly/2eGNiSW

Agora a parte 3:

- Chegar estressada na sala (somos seres humanos normais e também chegamos estressadas no trabalho), se estressar ainda mais durante a tarde e começar a falar umas bobeiras para os alunos, do tipo (novamente, somos seres humanos e também falhamos): Deus me livre dessa turma, vocês são muito difíceis, não vou sentir saudades de vocês ano que vem (mentira!), não é para vir falar comigo no corredor ano que vem (mentira, se não vem, eu fico chateada), que saudade dos meus ex-alunos etc. E depois receber bilhetinhos deles dizendo que você é bonita e mora no coração deles... Você se quebra todinha...

- Usar tinta na aula de artes, sabendo que vai se estressar; começar os trabalhos e realmente se estressar; se sujar todinha e levar dias para tirar a bendita das tintas das unhas; prometer que nunca mais vai usar isso de novo; achar lindo os desenhos que fizeram; voltar a usar tinta na aula de artes, sabendo que vai se estressar...

- Ter que, em dia de passeio com água, avisar que é para ir de biquíni e sunga. Não, não é óbvio para eles nem para os pais hehehe;

- Ver que sua oração mais fervorosa é no dia desses passeios com água...

- Ficar morrendo de raiva porque trocou de bolsa e esqueceu a chave do armário na outra...

- Mas comemorar quando descobrir que deixou uma cópia na chave do carro, pois você já sabia que isso ia acontecer hehehe...

- Ter fama de chata (e ser uma chata mesmo hehehe);

- Repetir a mesma coisa 200 vezes, sabendo que, se você tivesse repetido umas 300 vezes, ainda assim seria necessário falar mais umas 400 vezes para que eles não perguntassem algo que você acabou de explicar (se você entendeu essa frase de primeira, você provavelmente é um professor hehehe);

- Adorar quando seu aluno traz um biscoito recheado e te oferece (ou um salgadinho, ou um chocolate, ou um doce... eu gosto!)

- Ficar desesperada quando volta das férias ou feriado, pois parece que se esqueceram de tudo;

- Ver uma ideia de uma brincadeira ou jogo legal, do nada (tipo enquanto mexe no face), e ficar doida para aplicar com seus alunos!

- Ou, mesmo no dia em que você não trabalha, ficar "matutando" o que você pode fazer por aquele aluno que está com dificuldades no aprendizado.

sexta-feira, 28 de outubro de 2016

Coisas de casamento - Reflexões sobre meu marido

Meu esposo é bem grande. E come muito bem. A sorte dele é que ama malhar e seu trabalho é puxado. E evita comer besteira e doce (mas de vez em quando pode hehe).

Mas o mais engraçado é que eu demorei um pouco para descobrir isso, porque em 90% das vezes em que almoçamos juntos no namoro, ele veio para minha casa (digo, casa dos meus pais, ainda erro às vezes). E ainda estava, digamos, comedido naquela época.

Até que um dia fui almoçar nos seus pais e o vi fazendo seu prato. Gente, era um prato que eu só consigo descrever com uma palavra: assustador. Minha sogra, sem ironia, perguntou:

- Vai comer SÓ isso, meu filho?

E meu sogro completa (e também sem tom de brincadeira):

- Anderson, meu filho, vou comprar uma bacia para ser seu prato, porque nesse já não está cabendo.

Assisti tudo de olhos arregalados. Quando ficamos sozinhos, dei um tapa no seu ombro:

- Anderson, o que foi isso? Você sempre come nessa quantidade? E nunca me falou nada?

- Sim, ué.

- E por que no meu pai você comia tão pouquinho?

- Ué, porque senão ia assustar sua família. Aí eu comia lá e chegava aqui na minha mãe e comia de novo.

Ah, tá. Entendi então.

E o dia que fomos no rodízio da churrascaria? Tudo que passava, ele pegava. Foi no buffet umas duas vezes e fez um prato de deixar qualquer um no chinelo. Eu olhava e só pensava: misericórdia.

Até, que finalmente, ele disse:

- Chega. Tô cheio. Vou só ali no buffet pela última vez e vou parar.

Eu pensei: ufa, ainda bem!

Mas o alívio durou só até ver o prato que ele fez. Como consegue comer tanto? Naquele dia, fiquei impressionada. Comeu por mim e por ele. Valeu cada centavo.

Mas o melhor foi quando casamos e eu fui comentar com minha sogra:

- Dona Rita, Deus me livre. Seu filho come demais. Nosso salário vai só pra pagar comida hehehe.

Ela respondeu, meio em tom de brincadeira:

- Ó, tá reclamando, é? Pode devolver então que eu aceito.

Vaaaaaiiiiiiiiiii. Toma, distraída, vai falar o que não deve hehehehe. Mas não devolvo, nemmmmm.

E eis outras coisas que acontecem quando seu marido é grande e come bem:

- Pedir uma pizza hut e vê-lo comer 3 pedaços gigantes (ou seja, 3-4 da pizza, que é extremamente recheada e gorducha) e ouvi-lo dizer: “Nossa, meu bem, acho que vou pedir mais um lanche. Tô com uma fome...” (Oi?)

- Nas viagens, ficar desesperada com o valor que gastamos com comida.

- Ir em parque de diversões e rir muito, porque ele tem que ficar encolhido em todos os brinquedos. Ou então não pode ir, porque tem mais de 100 kg. Ou tem que usar boia dupla e não individual, pois não cabe.

- Pagar mais caro na diária da pousada para pegar uma cama maior, pois ele não cabe na de casal normal.

- Ver como é bom o tempo passar. Hoje ele já come nos meus pais super bem, repete e sai feliz da vida.

- Ter desperdício de comida quase zero na sua casa.

- Ver seu marido chegando em casa dizendo que quebrou a bicicleta, porque ela não aguentou o seu peso.

- Ter uma cadeira no computador especial (tem que aguentar mais de 100kg hehehe).

E seu marido? Qual característica engraçada ele tem? Bom final de semana!



sexta-feira, 21 de outubro de 2016

Situações engraçadas com crianças (parte 3)

Se você perdeu a parte 1: http://bit.ly/2cCdaj5

Se você perdeu a parte 2: http://bit.ly/2eBN7Jg

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Aula de português:

- Então, gente, tem palavras que fazem parte da mesma família. Por exemplo: chega, chegar. E peixe? Quem pode me falar uma palavra que é da família de peixe?
- PeixeR, professora.

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Aí seu aluno quebra o braço no recreio e te chamam correndo. Ele está assustado e chorando muito. Você tenta consolar, dizendo que ele vai ficar bem, que é forte e vai vencer a dor. Ele vai se acalmando. E sua colega chega dizendo:

- Deixa eu dar uma olhada. Eu sou técnica em Raio-X.

Ela olha e diz na frente dele:

- Nossa, isso foi feio, hein? Vai ter que chamar o bombeiro, levar injeção e fazer cirurgia.

Seu aluno te olha e começa a chorar escandalosamente. Obrigada, colega, pela sabedoria hehe.

---

Outra conversa:

- Tia, eu estou sozinho com meu pai e meu irmão. Minha padrasta viajou...

Tão bonitinho que fico até querendo não corrigir!

---

Sempre tem aquele ser que solta pum na sua sala. Você fala mil vezes que é só pedir que você deixa ir ao banheiro soltar, que todos fazem isso, só não pode fazer perto dos outros. E sempre tem que ser aquele pum fedorento que quase apodrece as paredes da sala.

Comecei a tarde esses dias com um “daqueles”. Abri a porta, liguei o ventilador, quase morri sufocada, todos reclamaram. Passados alguns minutos, outro. Eu brigo de novo, reclamo e abaixo a cabeça para terminar a correção de um caderno. De repente, escuto uma voz:

- Tia, dessa vez, não fui eu...

Hahahaha ok, na primeira tinha sido então.

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Aí você e seu esposo chegam à casa dos seus pais para almoçar. Vê seu sobrinho e fica toda feliz. E pede para ele chamar alguém para abrir o portão. Ele responde:

- Tá bom.

E sai gritando todo feliz: Mamãeeeeeee, o tio bombeiro chegouuuuuuuuu.

Ok, valeu, eu não tenho importância. :-(

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Meu sobrinho está todo feliz com um cofrinho que ganhou. Aí, num almoço de domingo, eu disse a ele:

- Que legal, Arthur! Vou te ajudar a juntar moedinha! Acho que no meu carro tem uma moeda que o tio bombeiro deixou...

- Oba! Mamãe, a tia Lívia vai me dar uma moeda.

Passaram uns dois minutos, ele pensou e disse:

- Titia, no seu carro não tem Duas moedas?

Hehehe mas é fofo e esperto!

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Esta história aconteceu com uma colega, mas, por incrível que pareça, é verídica.

- Mãezinha, olhei na chamada e o nome do seu filho está como Renan, mas todos o chamam de Pedro.

- Ah, professora, é porque eu sempre quis que o nome dele fosse Pedro, mas aí o pai registrou como Renan. Mas aí todo mundo chama só de Pedro mesmo.

- Então tá “Bão”.

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Fui ao cinema com meus alunos e na hora da saída falei:

- Todo mundo pegou tudo? Não se esqueceram de nada? Olharam se não ficou algo lá?

- Sim, professora!

Aí você está chegando ao ônibus, uma aluna vira e fala:

- Ai, tia, esqueci meu casaco!

Prefiro. Nem. Comentar.

sexta-feira, 14 de outubro de 2016

Inclusão – Um relato sobre A e RD

Ter um aluno com necessidades especiais na sala nos dá muitas lições. Dá trabalho, lógico, como tudo na vida. Requer um planejamento diferente, cansa mais, exige mais de nós... Mas ainda assim considero a inclusão deles uma boa, ou melhor, uma ótima. Não só para eles, mas para a turma como um todo.

Em todas as vezes que tive um aluno especial, sempre tive boas experiências. Normalmente, a turma o abraça, ajuda, não tem frescura, a gente tem é que brigar com eles, porque se deixar querem fazer tudo pela criança e "passam a mão na sua cabeça" hehe.

Confesso que estou em fase de aprendizado. Não tenho toda a paciência que deveria, a disposição, a alegria. Mas ter aluno especial não é opção, é realidade. É algo que todo professor deve se preparar e se acostumar. Mas eu ainda tenho um longo caminho pela frente...

E, lógico, minha turma me ajuda muito nisso. Foi assim com A. Ele era um aluno da manhã e veio para a minha turma por ela ser menor. Não tem um diagnóstico fechado (ainda esperamos os resultados dos exames, mas há a suspeita de um possível autismo em grau baixo), mas o fato é que ele demanda atenção. Muita atenção.

Ele precisa de tarefas mais simples. Poucos comandos. E só faz se eu estiver do lado apontando passo a passo. Ainda não reconhece os números até 10. Não sabe as letras do alfabeto, nem mesmo as de seu nome. Quase nunca fala e, quando fala, jamais o faz na frente dos outros colegas. Comigo, só pequenas frases e bem baixinho.

Confesso que é frustrante, sabe? Parece que rodamos e não chegamos a lugar nenhum. E confesso que não tenho muita paciência (já falei isso, mas preciso frisar hehe).

Mas aí conto com a ajuda de meus fiéis escudeiros. Em especial RD.

Ela é aquela aluna "tipo" top. Pega tudo com facilidade, lê e escreve bem, precisa até de atividades extras.

Mas isso não vem ao caso. Não é de sua inteligência que quero falar. É de seu coração.

Ela ama A. Ela elogia os pequenos progressos, seus desenhos, brinca com ele no intervalo, cumprimenta-o todos os dias (mesmo ele não a respondendo várias e várias vezes), tem paciência... Uau, que exemplo para mim!

Resultado: com ela, ele fala. Ele faz suas coisas e mostra para RD. É lindo de ver!

Ela tem me ensinado a ir no ritmo dele, no ritmo que ele dita. A tentar não me frustrar, porque minhas metas não são as dele, que cada vitória é um grande passo para A, mesmo que em minha concepção seja devagar.

Ele tem me ensinado a diminuir o passo e o impacto que uma amizade pode ter.

Olho para os dois juntos e vejo como A aprende com RD. E como RD aprende com A. Ela será um ser humano melhor, que não verá alguém com necessidade especial como incapaz, mas como uma pessoa cheia de possibilidades, superações e, claro, não poderia faltar o clichê: especial.

Por isso, apoio a inclusão e acredito nos seus benefícios para todos, inclusive para professores como eu, que se sentem limitados, incapazes, até mesmo despreparados para lidar com tudo isso, mas que podem superar os desafios com ajuda de seus alunos.

Isso é só um dos muitos ensinos que tenho em sala. Isso é um dos muitos presentes que eu recebo nessa profissão. Esse é só um dos muitos privilégios que tive desde que decidi ser PROFESSORA.







sexta-feira, 30 de setembro de 2016

Uma visita à AJ

Tudo começou com uma falta. Depois duas, três... Achei estranho. Ela nunca falta. O que aconteceu?

Fui perguntar a seu irmão na escola:

- Oi. Cadê a AJ?
- Faltou.
- Jura? Eu sei. Quero saber o que aconteceu com ela.
- Ela estava com dor e foi para o hospital.

Ixi. Então foi sério. Os meninos desta escola são tão fortes! Os pais nem levam para o hospital porque eles se recuperam logo (e vamos combinar que esperar horas na fila faz qualquer doença piorar).

Passado mais um tempo, seu irmão chega com o atestado. 10 dias. Digitei o CID no Google e deu: convalescença após cirurgia.

- Apendicite, provavelmente, Lívia. Dá muito em criança-disse minha colega.

Mandei bilhete pedindo o telefone da mãe e querendo marcar um visita. Nenhuma resposta.

Resolvi ser “cara de pau”. Aproveitei um dia de passeio em que trabalhamos apenas pela manhã e a diretora marcou com o conselheiro tutelar para irmos juntos. Fechado.

Corri, peguei uma boneca que estava há um tempo guardada esperando a ocasião de ser dada a alguém, comprei um embrulho e um livrinho da Cinderela (pensei: ela tem que treinar leitura. São muitos dias de atestado. E será mais fácil porque já trabalhamos essa história em sala). E fui!

E o que era para ser uma tarde como outra qualquer se tornou um dia que ficará marcado em meu coração. Conheci sua casinha (simples, mas muito aconchegante), seus irmãos, sua mãe. Ouvi suas histórias, desabafos de uma vida difícil, seu desespero por não ter com quem deixar os filhos pequenos para levar AJ ao hospital...

- Não podia deixar minha filha morrer, professora.

Ouvi que ela ajuda muito sua mãe. Tomei um café maravilhoso que me deu energia para o resto do dia. Os minutos passaram que eu nem vi!

 Vi AJ lendo o livrinho e morri de orgulho em como ela avançou, derrubando os desafios que teve este ano com uma força que não vejo em muitos adultos, como eu, por exemplo. Ela é, de fato, uma vencedora, com todos os méritos e significados que esta palavra possa ter.

- Mas tem que ler E...
- Entender, professora. Já sei.

E abriu um sorriso.

Deu à boneca o nome de Vitória e ficou brigando com sua irmã para não pegá-la. Pensei: já está boa da cirurgia, já voltou até a brigar hehe.

Estava com saudades dessa minha menina brava. Despedi-me de todos, ouvindo de sua mãe:

- Tá cedo, professora.

Realmente, estava cedo. Queria ter ficado mais, pois a tarde estava muito agradável! Foi muito bom conhecer mais um pouco desta aluna que, definitivamente, tem deixado marcas em meu 2016 de uma forma única! Como Deus é bom e escreve certo por linhas certas, nada escapando de seu propósito!

Bênção servir a este Deus nessa profissão que Ele me presenteou! A Ele toda honra e glória!


Eu, AJ à direita e uma de suas irmãzinhas embaixo

sexta-feira, 23 de setembro de 2016

Prioridades

Antes de você ler este texto, preciso fazer umas ponderações:

1) Não, não sou feminista.

2) Acredito na Bíblia. E sim, mulher e homem são iguais perante Deus e igualmente amados, mas tem papeis distintos em uma relação. Se você achava que a mulher, de acordo com o evangelho, era inferior, bem, queria dizer isso de uma forma menos dura, mas não deu: você se equivocou e não entendeu o que Deus quer dizer.

Ok, agora vamos lá...

Sabe, ser casada é um desafio. Infelizmente, tenho que ser sincera em relação a um ponto: realmente, vários fatores são contra o casamento, fazendo com que se torne uma chatice. Daí a necessidade de lutarmos constantemente contra isso. Daí o desafio se tornar maior ainda...

Uma das coisas que tenho aprendido é que meu marido tem que ser minha prioridade. Ok, isso não é nenhuma novidade. Então, deixe-me expressar melhor: tenho relembrado a valiosa lição de colocá-lo como prioridade.

Lógico que não sobre Deus. Estou falando de coisas daqui da Terra.

Eu tenho um quadrinho que comprei em uma loja super fofa na Internet (Santa Casinhola) e pedi para colocarem esse versículo: “A mulher sábia edifica a sua casa” Provérbios 14:1a. Ele fica ao meu lado, em meu criado-mudo. Todos os dias, inevitavelmente, eu olho para ele (daí o local ser estratégico).



E toda vez que olho percebo que ainda preciso melhorar muito nessa questão de mulher sábia. Esses dias mesmo estava fazendo uma reflexão sobre isso...

Meu esposo trabalha por escala e fica 24 horas seguidas no quartel. Eu sempre tinha o hábito de fazer seu café da manhã. Afinal, ele chegava morto e assim não precisaria se preocupar em fazê-lo.

Acontece que eu comecei a acordar mais tarde, ficava resolvendo outras coisas, quando via já era hora de ir ao trabalho e eu não fazia mais seu café. Aconteceu uma, duas, três, até que nunca mais fiz. Um dia, ele chegou e me questionou:

- Meu bem, você está com raiva de mim?

- Não, por quê?

- É que você nunca mais fez meu café...

Justifiquei com a falta de tempo. Mas devo confessar que na minha cabeça eu só pensei: oxi, eu hein, e quem disse que é minha obrigação? Eu fazia como um favor, queridinho... (e fiquei imaginando um diálogo de briga bem engraçado na minha cabeça, hehe, mas não vem ao caso).

E depois foi somando o fato que eu chegava do trabalho morta, ligava o Netflix, ia lanchar e depois dormia no sofá um tempo. Não dava atenção a ele. Não conversava direito porque tinha que pausar o seriado e ficava achando ruim, fazendo cara feia.

Não deu outra: alguns dias se passaram, veio A briga, A conversa, eu emburrada (oh, novidade!).

Mas eu orei e Deus ficou me incomodando, me mostrando que eu era a errada. Poxa, isso não está certo. Casamento é cuidar, é dar atenção, é se esforçar para não cair na mesmice e era isso que eu estava deixando acontecer.

Ele tem que ser minha prioridade! O que me custa fazer seu café? É um agrado, alegra seu coração, facilitaria sua vida.

O que me custa chegar, mesmo cansada, e lanchar ao lado dele, ouvindo, conversando, e só depois disso ir para essa “praga” de Netflix e televisão?

Quantas vezes coloquei-o de lado, querendo fazer minhas tarefas, minhas coisas, antes de dar atenção a ele, e o tempo que sobrava (se sobrava), era o que meu marido ganhava?

Sim, ele tem falhas. Sim, ele também tem que fazer sua parte. Sim, ele tem que melhorar em vários aspectos, assim como eu. Mas:

1) Neste texto, estou falando especificamente do que eu tenho que melhorar, fazendo uma reflexão de minha vida como mulher dessa relação.

2) Oro sempre para Deus tocar e mudar o coração dele no que precisa.

3) Não, não é minha obrigação fazer o café. Não, não tenho que fazer porque sou mulher. Não tem nada a ver com isso, isso é papo para outro texto. Ele também tem sua parte e sabe que tem que cumpri-la. Mas tem a ver com uma esposa que pode e deve agradar sim seu esposo, se quiser contribuir para um casamento bom, diferente, amigável, feliz. Acredito sim que são essas pequenas coisinhas, um lanchinho, um café, uma surpresa, dar atenção, é que vão construindo uma relação sólida, cujo fundamento é Deus. E que nos ajudam a vencer o desafio de não deixar o casamento se tornar uma chatice.

Enfim... Mais uma lição que devo colocar em prática como esposa. Agora é orar para isso não ficar só no papel e fazer de meu marido minha prioridade.

Te amo, querido! Obrigada por me permitir estar ao seu lado tendo aprendizados diários. Deus é bom!

sexta-feira, 16 de setembro de 2016

Situações engraçadas com crianças (parte 2)

Quem não viu a parte 1, segue o link: http://bit.ly/2cCdaj5


-> Recebendo o marido na escola...

- Tia, esse é seu esposo?
- Sim.
- Eita ferro, ele é do tamanho da porta! Grandãozão, altãozão.

-> Conversando com meu sobrinho fofo de 2 anos...

- Arthur, quem são seus coleguinhas da escola?
- Tem Fulano, Ciclano, Beltrano Dodói...

(mais tarde descobri que era beltrano Godoy e não Beltrano Dodói... mas é tão fofo, né?)

->

- Tia, meu irmão se chama fulano. Só que ele é meu irmão, mas não é meu irmão de parte de pai nem irmão de parte de mãe.
- Ah, entendi. Ele é seu irmão de consideração.
- Não, tia, ele é meu irmão mesmo, irmão de verdade.
- Então, tá, né...

-> Aconteceu com uma colega...

- Tia, eu não gosto de tomar banho não. Doi muito quando minha mãe passa aquela parte verde da bucha na gente.

Coitada! Erraram a bucha!

->

- Tia, a Fulana tá pegando um monte de melão e colocando na mochila.
- Fulana, não faça isso. Vai melar sua mochila toda!
- Não, tia, minha mochila tem uma negoça!

Adorei essa palavra nova: negoça! Substitui muito bem sua prima, a palavra “coisa”. Linguistas, acrescentá-la no dicionário, por favor! E não, não estou de ironia. Eu gostei mesmo hehehe.

->

- Então, meninos, no dia 7 de setembro Dom Pedro...
- Dom Pedro Álvares Cabral, né professora?
- Não, gente, pera. Vocês estão confundindo... Vamos começar de novo...


-> Aí você junta dinheiro, troca a armação por uma mais “chique” e moderninha, pra escutar da aluna:

- A professora fica mais bonita sem óculos.


-> Aí você mostra uma foto sua, tirada num casamento que você foi madrinha e deixou o rim no salão pra pagar o penteado e maquiagem, achando que vai receber "altos" elogios dos alunos, e escuta:

- Nossa, professora, parece que você está grávida na foto.
- Nossa, tia, está tão bonita. Nem parece você!

Valeuuuuu moçada!


Em breve, a parte 3, porque eu ganho pouco, mas me divirto hehehe.

sexta-feira, 9 de setembro de 2016

Manias engraçadas

Casar é realmente muito engraçado. A gente descobre umas coisas muito interessantes e estranhas do cônjuge, coisas que a gente só percebe quando mora junto. Do tipo:

- Ele morre de rir de mim quando estou orando e eu morro de rir dele. Porque ele ora falando e eu oro em silêncio. A primeira vez que eu vi, eu me assustei hehehe (na verdade, até hoje me assusto). E ele achava que eu tinha ficado emburrada (na verdade, se eu estou orando sentada na cama, ele ainda pergunta se está tudo bem, achando que estou com raiva de algo hehehe)

- Eu durmo muito rápido. Às vezes, eu deitava, ele me dava boa noite e ia escovar os dentes. Quando voltava, eu já estava no milésimo sono e ele até hoje acha super engraçado!

- E outra: a partir do momento em que eu durmo, eu automaticamente viro uma pedra. Só acordo no outro dia. Ele, não: tem o sono super leve. Exemplo: ele já dormiu faz tempo, mas se eu peço para ele chegar pra cá, pra lá, pra me abraçar, ele escuta (mesmo dormindo) e executa os comandos hahahaha.

- Ele dorme igual uma cobra contorcida, tadinho, mas já o flagrei dormindo com as mãozinhas debaixo da cabeça, igual o Seu Madruga. Tão fofo!

- Já falei mil vezes isso em outros textos, mas ele é o extremo da reta da bagunça e eu o extremo da reta da organização. E olha que eu já melhorei muito, eu acho hehehe. Quem conhece, pergunta para minha irmã: eu sabia que ela tinha mexido no meu guarda-roupa só de ver que o creme estava um pouquinho fora do lugar. É, eu sei, eu tenho problemas :-)


Mas, falando sério agora, uma “mania” muito bacana é que passamos a levar nossa vida com Deus mais a sério depois de casar...

Assim: muitas vezes, dá aquela preguiça de ler a Bíblia ou orar. Quantas vezes eu já estava dando a desculpa do sono, cansaço, de “amanhã eu faço” etc. Aí, enquanto caminhava pro quarto, eis que o marido vira e diz:

- Meu bem, tô indo orar, tá? Já, já vou pro quarto.

Aí você olha, fica constrangida, e não tem jeito: acaba fazendo sua devocional também.

Isso é uma das coisas que destaco como mais positiva no casamento. Há momentos difíceis, dias nublados, mas não importa: sempre crescemos espiritualmente. Um puxa o outro, te leva a ser mais responsável, mais dedicado...

Compartilhamos mensagens, textos edificantes, nos exortamos, damos “aquela” puxada de orelha mais severa, e tudo isto vai nos moldando, lapidando para sermos mais parecidos com Cristo. Manias que valem a pena adquirir! E até as manias chatas vão sendo, aos poucos, desconstruídas ou diminuindo.


E vocês? Tem alguma coisa que vocês só repararam após casar e acharam engraçado ou assustaram? Me conta aí! Beijos e Deus abençoe vocês!

sexta-feira, 2 de setembro de 2016

Ser professor(a) é... (parte 2)

Quem perdeu a parte 1, segue o link: http://bit.ly/2caeKJ6

Ser professor(a) é...

→ Escutar coisas do tipo:

- Nossa, você é professora?  Oba, faz esse mural aqui pra mim, por favor...

- Nossa, você é madrinha da fulana e é professora? Oba, a decoração está por sua conta, você deve ser super-habilidosa (sabe de nada, inocente...)

- Nossa, você é professora? Oba, me ajuda com essas lembrancinhas, você deve ter mãos de fada (coitada, prefiro nem comentar...)

- Nossa, você é professora? Sua letra deve ser linda! Passa a limpo este texto aqui, por favor...

→ Abrir a porta mil vezes porque acha que é alguém batendo, quando na verdade é um engraçadinho que bateu e saiu correndo hehehe (na verdade, não tem graça, eu morro de raiva disso)

→ Ganhar seu dia quando aquele aluno que você não dava nada, que avançou pouquíssimo ao longo do primeiro semestre, tem aquele “estalo” e começa a ler. O olho enche de lágrima!

→ Escutar coisas do tipo:

- Professora, não deu para dar a lembrancinha de dia dos pais porque meu pai chegou “bebo” e quebrou tudo.

- Professora, teve tiroteio na minha rua nesse final de semana.

- Professora, meu irmão morreu baleado.

- Professora, meu pai foi preso e agora eu estou morando com minha tia.

- Professora, esse negócio aqui meu pai pegou no lixão. Aí ele levou para mim e eu limpei tudinho, bem limpinho.

E ter a ligeira impressão de ouvir seu coração quebrando em pedacinhos por dentro.

→ Perceber que você repete uma coisa mil vezes e eles não entendem, mas basta dizer uma vez: “Vamos parar um pouco. Está na hora do recreio” que todos entendem rapidinho.

→ Aliás, essa frase parece que dá poderes mágicos a eles, pois quando a dizemos, eles atravessam a porta e as paredes para fazer fila. E até aquele aluno que é devagar quase parando vira o Bolt.

→ Ter uma semana puxadíssima e trabalhar no sábado também, pois só assim conseguiremos emendar aquele feriadinho que nos dá um alívio. E ainda escutar que professor é picareta e não trabalha...

→ Sempre achar que já viu de tudo, até se surpreender de novo e de novo.

→ É ver um sorriso no rosto do seu aluno quando você pede para apagar o quadro. Não sei o porquê, mas eles amam fazer isso.

→ Ver sorrisos com bigodes quando tem iogurte no lanche. É bem bonitinho!

→ Ter uma dupla dinâmica na sala que tem diálogos assim:

- Professora, o “Guilérme” está me atrapalhando.

- Pedro, é Guilherme. Já estudamos o LH.

- Professora, não tô nada, o “Predo” tá mentindo.

Olho para os dois e só consigo respirar bem fundo.

Deus abençoe e nos dê coragem para mais um dia! É difícil, mas pelo menos a gente se diverte!

sexta-feira, 26 de agosto de 2016

Simplicidade

Eu amo ler coisas escritas para crianças, em especial quando dão explicações sobre algo. Claro que tem vezes que não dá para simplificar tanto assim. Mas muitas coisas é possível sim. Nós adultos que complicamos.

Meu sonho era assinar a revista Recreio, pois ela sempre tem curiosidades e explicações de coisas meio complicadinhas, as quais muitas vezes não achamos as palavras certas ao passar para eles.

E no âmbito da igreja a simplicidade também tem espaço. Esses dias, eu estava na EBD (Escola Bíblica Dominical) da minha congregação e minha professora fofa citou uma musiquinha super conhecida e cantada pelas crianças:

Leia a Bíblia e Faça oração
Faça oração, Faça oração

Leia a Bíblia e Faça oração
Se quiser crescer, se quiser crescer, se quiserrrrr crescerrrrrrrr

Leia a Bíblia e Faça oração
Se quiser crescer

Quem não ora e a Bíblia não lê
A Bíblia não lê, a Bíblia não lê

Quem não ora e a Bíblia não lê
Diminuirá, diminuirá, diminuirááááááá

Quem não ora e a Bíblia não lê
Diminuirá

Gente, tão simples, mas tão verdadeiro! Como precisamos aprender com as crianças e sempre relembrar o que vimos quando éramos uma.

Essencial, direto, significativo, a base para nossa vida cristã...

Então, fica a dica: cante essa musiquinha e pratique. Bom final de semana!

sexta-feira, 19 de agosto de 2016

Não estou sozinha!

Toda escola tem que seguir uma rotina. Não tem jeito. É importante para o aprendizado das crianças.

Mas, por mais paradoxal que possa ser, num local onde a rotina é tão essencial, você pode ter certeza de uma coisa: nenhum dia, absolutamente nenhum, é igual ao outro.

É bem corrente no meio docente a seguinte frase: Temos que matar um leão por dia. Ok, eu concordo, mas ontem foi um dia tão sinistro que eu acho que matei dois.

Começou assim: fui olhar minha conta no banco pelo aplicativo e vi um lançamento absurdo. Já fiquei estressada. Tinha que resolver o mais rápido possível. Olho no relógio: já era quase 1 da tarde. Iria chegar atrasada na escola.

Ligo para a vice-diretora, explico a situação, ela me libera. Passo no banco, querendo chorar de raiva durante o tempo que passei lá, e saio correndo para o trabalho.

Já chego à escola desestabilizada e chateada por chegar tarde resolvendo algo que nem era culpa minha, mas do bendito banco.

Enfim... Entro na sala e já recebo a notícia de todas as crianças: AJ está trancada no banheiro, dando “chilique”. Minha chefe me explica:

- Lívia, briguei com ela porque estava batendo em um colega. Ela deu escândalo e saiu da sala. Já chegou “atacada”. Me deu um chute que quase pegou no meu queixo e me unhou.

Comecei a orar... Deus, tem misericórdia dessa menina... Eu não sei o que fazer...

Pensei: já era. Desde o texto que escrevi sobre ela há algum tempo, ela deu alguns mini e grandes escândalos. O de ontem foi do último tipo. Era um “daqueles”.

Pedi para alguém ficar com ela enquanto eu dava aula...

 Mas seguiu-se uma longa tarde que parecia não acabar mais. Ela gritou pelo corredor, bateu na educadora social, minha colega foi defender e saiu com braços vermelhos e unhada. Desceram para o intervalo com meus alunos e eu fui vigiá-la. Mandei mensagem para meu marido:

- Ore por mim, estou com AJ. Ela “tá que tá”.

Ele já conhece as muitasss histórias que passei com ela...

Aí ela me deu dedo, me xingou, me deu olhares de fúria, me mandou tomar naquele lugar... Comecei a cantar, orando em pensamento...

- Cala a boca!
- Não, AJ. Você não manda em mim.
- Sai daqui, sua desgraçada, eu te odeio!
- AJ, nada do que você falar vai me mudar em relação a você. Você pode me odiar, mas eu não te odeio. Não fiz nada com você, não entendo o motivo dessa raiva. Eu não mereço essa raiva!

Ela correu pelas escadas e sentou no corredor.

Depois voltou para a sala, entrou sem bater, querendo seus cadernos.

- Só dou se disser por favor.

Ela se recusou. Não me deixou fechar a porta. Tranquei o armário. Continuei a aula.

Ela conseguiu enfiar a mão pela pequena abertura e puxou o caderno. Subiu na mesa e pegou o de cima do armário.

Não sabia se trancava a porta e não a deixava sair. Não sabia se puxava o caderno de sua mão. Se gritava, jogava tudo no chão... Não adianta, repetia para mim. Quando chega a este ponto, não adianta... Eu vou é sair da linha e eu que perco com isso...

Resolvi orar e continuar a aula. Ela saiu.

Todos da turma estavam com medo e me olhavam. Eu disse:

- Ela não é sempre assim. Vai voltar ao normal. Ninguém age assim sem motivo. Ela está machucada por dentro. Temos que cooperar.

Continuei orando...

Um tempo depois...

Não sei como Deus agiu, quem Ele usou, quem conversou com ela... Só sei que Ele ouviu e me atendeu. Só sei que ela voltou. Só sei que bateu na porta chorando. Quando olhei aquela menina, não sabia se sentia raiva ou pena. Quem é professor sabe como uma situação dessa tira nosso chão...

Pensei, orei de novo e disse:

- A porta ficará aberta. Você pode entrar se quiser.

Ela entrou. Ouviu a história da Chapeuzinho Vermelho com a luva de dedoches. Brincou com ela quando deixei que pegassem.

Comecei a escrever no quadro.

- Você lanchou, AJ?
- Não.
- Quer biscoito?
 - Sim.

Eu dei... Ela comeu, pegou o caderno, escreveu o cabeçalho. Meu aluno olhou e disse:

-Tia, ela já está voltando ao normal, né?

Fiz que sim com a cabeça.

Chamei-a à minha mesa para corrigir o dever de casa. Quando acabamos, comecei a conversa.

- AJ, que show foi esse que você deu hoje?

A conversa foi longa... Muito longa...

E terminei dizendo:

- Não é a primeira vez que você faz isso. Não é a primeira vez que dá chilique. Não vou te obrigar, mas você deveria pedir desculpas para todos que você ofendeu e bateu hoje... E, se você está arrependida, não vai só pedir desculpas. Vai mudar de atitude e não voltar a fazer de novo.

Enfim... Ela pediu desculpas... Não com uma carinha muito boa, estava de fato meio sem graça, mas pediu...

Ufa. Saí esgotada. Mas com uma certeza: senti na pele o que é ver Deus respondendo uma oração! Uau! Sou testemunha disso! Ele realmente nos ouve e atende!

Não sei se ela se arrependeu mesmo... Não sei se irá mudar... Não sei se irei enfrentar outro chilique. Mas creio que Deus pode fazer esse milagre e mudá-la, se esta for a vontade dEle.

E sei que, independente de chilique ou não, Ele está comigo, ouvindo meu clamor, atendendo à minha oração, me dando sabedoria, acalmando meu coração, me dizendo o que fazer... Não estou sozinha!

“Não andeis ansiosos de coisa alguma; em tudo, porém, sejam conhecidas, diante de Deus, as vossas petições, pela oração e pela súplica, com ações de graças.” Filipenses 4:6

Pode confiar, Ele ouve e responde mesmo!

sexta-feira, 12 de agosto de 2016

Ser professor(a) é... (parte 1)

Já que o recesso acabou, vamos lá... Ser professor(a) é:


- Nos sentirmos um trapo quando “aquele” aluno dá chilique, não nos obedece e sai de sala sem nossa permissão, nos deixando de mãos atadas, sem saber o que fazer primeiro: não sabemos se choramos, esgoelamos, pulamos da janela, ou engolimos a raiva para não criar rugas e ficar mais velho(a) antes da hora...

- É, quando algo como a situação acima acontece, ter humildade, reconhecer que não somos Mulher-Maravilha ou Super-Homem (somos quase...) e não resolvemos tudo sozinhos(as). Precisamos da ajuda de alguém: um colega, direção, orientador, pedagogo. Mas ainda assim nos sentimos péssimos(as) por dentro porque não demos conta de resolver por nós mesmos(as) hehehe

- Ir para a escola sempre de cabelo preso, roupas confortáveis... E, quando resolvemos soltar o cabelo e ir mais arrumadinha, escutar: “Professora, a senhora está tãooooo bonita H-O-J-E!!!” (muita ênfase na palavra hoje hehe)

- Escutar de todos (inclusive da sua família) a seguinte pergunta na última semana de aula: "Está dando aula, ou é só festa e brincadeira?"

Hahahahahahahha

Sim, gente, damos aula sim! Damos dever de casa, tarefa na sala, usamos livros e cadernos. Festa é só um dia e ela dura 1 hora, 1 hora e meia. Não é a tarde toda.

- Se pintar, sujar todas as blusas amarelas e ficar rouca de tanto gritar na gincana olímpica da escola que vale um passeio para a equipe vencedora (passeio este que dá mil vezes mais trabalho do que um dia normal, mas que é super legal!).

Nós perdemos... Mas foi bem divertido!

- Se fantasiar para contar uma história, pra ver se assim eles assimilam mais a matéria.

- Ter como sonho de consumo uma impressora que imprime um milhão de cópias sem gastar muita tinta, só para dar mais atividades para os seus alunos.

- Brigar atéééé com aquele aluno difícil que nos tira do sério... E depois sentir remorso no caminho de volta pra casa.

E "vamo que vamo", pois segunda estaremos lá de novo para ouvir e contar novas histórias! Boa volta às aulas!


sexta-feira, 5 de agosto de 2016

E lá se vão 18 meses...

Essas últimas semanas foram bem intensas. Fui a algumas programações e todas envolviam casamento: seja chá de panela, de lingerie ou o próprio casamento em si.

Eu amo ir  a estes eventos! Em parte porque são lindos, em parte porque como muito bem (hehehe), em parte porque me lembro de toda minha trajetória rumo ao altar. E isso sempre me leva a algumas reflexões...

Sabe, eu toda a vida fui aquela menina sonhadora. Tive minhas crises, claro, de desacreditar no amor, mas em 90% do tempo fui uma romântica convicta. Sempre sonhei em como conheceria meu amado, em nossa vida a dois, nossas viagens, nossa casinha. Isso enchia meu coração de alegria!

Mas o fato é que nós, seres humanos, pedimos tantas coisas a Deus, e até nos lembramos de agradecer quando recebemos... Mas somos ótimos para reclamar depois.

Meu esposo sempre fala essa frase: a gente ora para casar, e depois que casa, reclama do casamento. A gente ora para ter filho. Deus nos dá a bênção e logo começamos a reclamar do trabalho que dá.

Isso fez muito sentido para mim nestes dias... Olhando as noivinhas em seus chás e casamento, a alegria e expectativa, tudo isso reacendeu aquela chama em mim, sabe? De quando era solteira e orava pelo meu esposo... De quando começamos a namorar e ele me pediu em casamento... Os meses que pareciam não passar até que chegasse o grande dia (fazia contagem regressiva no Facebook, meus amigos não aguentavam mais)... O frio na barriga quando ele finalmente chegou... A sensação de ver que aquilo tudo que sonhei estava se tornando realidade aos pouquinhos...

1 ano e meio se passou desde nosso SIM...

 Esses dias, fui dormir depois dele. Na hora de me deitar, olhei para seu rosto e pensei: Cara, que legal! Sempre esperei tanto para tê-lo aqui do meu lado... Fiquei refletindo, repassando todos os pensamentos que tive de como seria a vida de casada...

Vi como tenho que agradecer! Sonhei, pedi, orei e Deus está realizando. Sim, temos dificuldades. Sim, brigamos mais do que eu gostaria. Mas ele está aqui, é meu parceiro e não quero deixar aquela sensação de antes, daquela menina sonhadora, aquele brilho que vejo em minhas amigas e afilhadas noivinhas, aquela boca cheia de orgulho quando dizemos pelas primeiras vezes “meu marido”, não quero deixar isso passar...

Quero carregá-lo comigo, agradecendo a Deus por ter me respondido e por me permitir vencer os obstáculos... Clamando a Ele que não deixe que a reclamação, uma péssima companheira que detesto, mas teimo em levar comigo com frequência, tire a alegria de estar aqui com meu esposo, mesmo quando muitos anos se passarem... Mesmo quando não conseguirmos viajar... Mesmo quando o orçamento não deixar dar aquela saída que todo mundo merece de vez em quando... Mesmo quando a louça estiver suja e a casa uma poeira só... Mesmo quando a organização estiver em qualquer lugar, menos ali em seu quarto... Mesmo em dias difíceis, em que os dois estão insuportáveis... Esses dias passam, o amor fica, Deus está no comando...

Obrigada, querido, por realizar meu sonho e ser meu sonho todos os dias! Temos uma longa caminhada, e precisamos ser moldados... Mas cremos que Deus está conosco, até mesmo nos carregando no colo se preciso for...


 Foto: Diogo Perez (recomendo 1 milhão de vezes)

sexta-feira, 29 de julho de 2016

Final de bimestre :-)

Final de bimestre é sempre complexo para um professor. Se a gente já trabalha muito, neste período dobra.

Separamos as atividades feitas ao longo do tempo... Fazemos a capinha dos envelopes... Fechamos e guardamos até a reunião.

Aí vem a vez dos relatórios. E, se tem uma coisa que eu não gosto, é de fazer esse tal de relatório.

Faço qualquer coisa em uma escola com alegria: ensaio quantas turmas forem pra apresentação, levo quantos meninos forem necessários pra passeio, mas relatório... Ai, que canseira. E são 4 por ano!

Aí, para fazê-los, usamos algumas avaliações que fizemos durante o bimestre, em especial: provas (sei que é tradicional, mas ainda gosto de aplicar. Não uso como única forma de avaliar, mas como uma das formas), tarefas e os testes da Psicogênese.

Toda escola em que eu trabalhei faz este teste de uma forma diferente. Acabei juntando o que aprendi em cada uma delas, mas sou doida para ver uma palestra de como ele realmente deveria ser aplicado hehehe.

Mas, resumidamente, ele funciona assim: ditamos algumas palavras (eu gosto de contar uma história e tirar as palavras dela, de preferência substantivos concretos e que façam parte do contexto deles), entre elas uma dissílaba, trissílaba, polissílaba e monossílaba. Acabo ditando mais algumas, uma frase (com o nome da criança e a palavra dissílaba), peço o desenho da parte preferida e um pequeno reconto da história logo abaixo. Ele é aplicado individualmente e depois analisamos em que nível a criança se encontra.

Aí pego todo este material e deixo minha mesa da sala assim:



Fazer o relatório é bem trabalhoso. Mas se tem uma coisa boa é essa: a gente reflete bem no aluno e em seu processo de aprendizagem.

Na correria do dia a dia, a gente acha que não fez nada. Que eles não aprenderam nada, não avançaram, que o esforço foi em vão...

Mas quando a gente para, senta, e analisa cada avaliação, cada teste da Psicogênese desde os primeiros... Temos algumas surpresas que nos dão sorrisos.

Do tipo:

- Ver que suas 200 mil explicações surtiram efeito (nem que seja em um aluno hehe)



- Ver que alguns alunos já estão escrevendo melhor e lendo, o maior presente que um professor pode ganhar.


Teste 1 (aplicado no início de março)


Teste 2 (aplicado no início de maio)


Teste 3 (aplicado no meio de julho)

Sei que ainda há muito que caminhar... Mas fiquei tão feliz por eles! Em especial por este aluno. E os que já começaram a escrever pequenos textos, com coerência e coesão? Deu vontade de sair gritando pela escola: Uhuuuuuuuuu Uhuuuuuuuuuu

Quando fui redigir o relatório, coloquei que a criança fulana de tal (esse meu aluno dos testes acima) saiu do nível tal, segundo o teste da Psicogênese, e foi para o nível tal. E deu uma vontade enorme de acrescentar em letra garrafais: MATANDO SUA PROFESSORA DE ORGULHO!

Enfim... Final de bimestre é tenso. É difícil, é trabalhoso... Mas quando o último ponto final é colocado, a última revisão é feita... Uau, que sensação de alívio que dá!

Então, para quem é da Rede Pública, bom recesso! Metade da missão está cumprida! Deus abençoe e bommmmm descanso!

sexta-feira, 22 de julho de 2016

Coisas que começaram a me irritar ou passei a amar após casar



Coisas que começaram a me irritar após casar


1) Geladeira vazia.

2) Fios de cabelo espalhados pela casa.

3) Pia e fogão sujos.

4) Pia molhada.

5) Bucha de lavar louça suja (qual a dificuldade que os homens têm de passar uma água após usar? Cientistas, descubram isso, por favor!)

6) A cozinha como um todo me irrita bastante.

7) Coisas espalhadas pela casa (qual a dificuldade que os homens têm de guardar a coisa após usar?  Cientistas, tenham piedade, descubram isso!).

8) O fato das coisas espalhadas não incomodarem nem irritarem meu cônjuge.

9) Sacolas de supermercado amontoadas e jogadas na área de serviço, em vez de estarem enroladinhas e uma ao lado da outra (Ok, eu sei, eu tenho TOC...)

10) Embalagens vazias dentro do armário ou em cima da mesa ou pia, quando deveriam estar no lixo. Cientistas: enfim, deixa pra lá...

11) Abrir o guarda-roupa dele e, uau! Saber que a entrada para Nárnia é bem ali, no meio de papeis e mais papeis e bagunças!

12) O fato do conceito de tempo ser diferente para homens e mulheres no geral. Exemplo: se eu peço: “Querido, tem como fazer isso e isso para mim aqui em casa?  É que quebrou e tem que trocar” e recebo um “Sim, meu bem”, isso não quer dizer que ele irá trocar na hora em que eu pedi, ou na mesma semana, ou no mesmo mês, ou no mesmo ano, ou na mesma década, talvez. Tempo é relativo. Seu urgente, seu agora, não é o mesmo de seu cônjuge.


Coisas que passei a amar após casar

1) Não ter que ficar 3 dias sem ver meu marido.

2) Chegar do trabalho e ter um lanchinho bem gostoso pronto (ainda mais quando você chega subindo pelas paredes de tanta fome!).

3) Seu marido dizer: “Pode descansar, hoje eu arrumo a casa”. Ai, chega descem lágrimas de meus olhos... Se é: “Deixa que eu faço a comida”, não é possível descrever a alegria em palavras.

4) Poder dormir abraçadinha com seu amor...

5) Ficar conversando e sonhando e planejando juntos, um dando boas ideias para o outro.

6) Ir em casamentos e lembrar como foi seu grande dia, meio que renovando os votos mentalmente e pelos olhares trocados.

7) Ver seu marido fazendo coisas para você porque sabe que você odeia fazê-las (tipo, compras em supermercado).

8) Ver seu marido cuidando da sua saúde - mesmo que isso implique em ir à academia :-( .

9) Poder sair com ele a hora em que você quiser, voltar quando quiser, fazendo o que quiser!

10) Ter um amigo-companheiro que acorda e dorme com você.

11) Cuidar da sua casinha do seu jeito e de seu marido, decorando e comprando coisinhas do gosto dos dois.

12) Dormir em uma cama cujo lençol acabou de ser trocado, vindo aquele cheirinho gostoso de sabão e amaciante quando deitamos a cabeça no travesseiro...

13) Poder conversar até altas horas porque, afinal, vocês estão dormindo juntinhos agora.







sexta-feira, 15 de julho de 2016

Atendimento

Não sei vocês, mas eu não tenho muita paciência com as empresas prestadoras de serviços, não importa a natureza delas. Sempre acho que têm muito a melhorar e que sou mal atendida. E pode acreditar: não estou nem exigindo muito não, e nem é frescura. É porque o trem está feio mesmo!

Sou cliente de uma operadora telefônica há anos (desde que tive meu primeiro celular, ou seja, deve ter mais de 15 anos, pelo menos). E sinceramente, não sei o que passa na cabeça deles.

Em tempos de crise, no qual cortamos tudo, ter um cliente, e um cliente que paga em dia, é uma bênção, certo? Pelo menos eu penso assim. E faria de tudo para agradá-lo. Ou pelo menos não tratá-lo mal.

Porém, nem todos pensam como eu. Semana passada, meu esposo me disse que essa tal empresa, que chamarei de NÃO CONTO NEM MORTA O NOME, mas, para abreviar, usarei apenas Morta, ligou para ele querendo falar comigo. Ele disse que esse número não era meu, mas que poderiam falar para ele. A moça disse que não podia. Ele insistiu, dizendo que éramos “apenas um” e que eu contaria tudo para ele depois hehe. A moça desconversou e disse que ligaria depois.

Ora, caro leitor: se aquele número era dele, não era de se pensar que a outra linha cadastrada era a minha? Assim, eles poderiam ligar na certa e falar comigo. Óbvio, correto?

Não para a empresa Morta. Eles simplesmente ligaram de novo e ele disse mais uma vez que essa era a linha dele e não a minha.

Ligaram pela terceira vez. Eu estava perto e ele me passou o telefone:

- Oi moça. Sou a Lívia.

- Senhora Lívia, aqui é da empesa Morta, tudo bem com a senhora?

Eu respondi, de forma calma, mas firme:

- Tudo. Mas deixa eu te perguntar. Por que vocês estão ligando no celular do meu esposo? Poderiam ligar logo no meu para resolvermos.

A mulher responde, de forma alterada (em minha opinião):

- Senhora, há duas linhas cadastradas! A senhora quer que a gente adivinhe qual é a sua? Não temos como saber, não podemos adivinhar!

- Moça, eu só fiz uma pergunta. Não precisa responder desse jeito.

- QUE JEITO????

Gente, eu não aguentei. Pecadora miserável que eu sou, a raiva subiu, fiquei vermelha e bati o telefone na cara dela! Porque, se eu fosse continuar a conversa, ia falar besteira.

Cara, que absurdo! Como assim? Primeiro que não falamos assim com um cliente. Segundo, não tem como adivinhar mesmo não! É só usar um pouquinho a cabeça e ver que se você quer falar com a Lívia, ligou em um número e não é o dela, não é óbvio que o número da Lívia é o outro? E foram 3 vezes que ligaram errado!!!!!!

Poxa, gente, até entendo que o trabalho dela possa ser estressante. Mas isso não é motivo para falar assim com cliente nenhum, ainda mais que eu não tinha gritado nem saído do tom para a moça falar dessa forma.

Mas sabe qual é a pior parte? Eu nem fiquei surpresa! Já estou acostumada! Não é a primeira vez que um atendente deles me trata assim. Boba sou eu que não cancelo minha linha e assim assino embaixo para que eles continuem esse tratamento de lixo.

Fiquei indignada, sem entender como uma empresa fala e trata um cliente desse jeito.

Mas...

Eis que no final da tarde, uma surpresa. Tive que ir comprar um tecido. Cheguei à loja, o atendente me recebeu bem, me mostrou as estampas, tirou minhas dúvidas, não ficava em cima de mim enquanto eu escolhia, mas estava perto o suficiente para ver se eu precisava de algo. Parecia que eu estava sonhando.

Ao final da compra, não aguentei:

- Moço, qual seu nome?

- Junior.

- Nossa, Junior. Muito obrigada. Você me atendeu muito bem. Tem muito tempo que isso não acontece.

Ele deu um sorriso. Saí até flutuando da loja, sem acreditar. Passei pra comprar uns cosméticos e um bolo depois. Os atendentes sorrindo, fazendo brincadeiras, agradecendo pelas compras!

Gente, fiquei tão feliz!!! Não por ser bem atendida... Por isso também. Mas por ver que estava errada. Por ver que há ainda esperança pra humanidade hehe, que há atendimento de qualidade, que ainda há trabalhadores preocupados em nos atender bem. Por ver que não posso generalizar: Há exceções! Ou melhor: quem sabe, talvez, os que atendem mal possam ser só a exceção e não a regra. Quem sabe...

“Tudo quanto fizerdes, fazei-o de todo o coração, como para o Senhor e não para homens”.  Colossenses 3:23

Não sei se essas pessoas que me atenderam são cristãs... Mas, se são, têm seguido à risca esse versículo. Louvo a Deus por isso!

sexta-feira, 8 de julho de 2016

Um pedido!

Se tem uma coisa que eu peço a Deus todos os dias em relação a meus alunos é que eles aprendam a ler, escrever e gostem muito disso! É um dos meus sonhos! Poderia dar mil motivos, mas o maior é: em que profissão, hoje em dia, você não precisa desse pacote básico? É o maior poder que alguém pode ter. E poder ensinar esse poder é um privilégio.

Então, sempre tento desenvolver com eles um Projeto de Leitura, no qual eles escolhem livros  (de tamanho e linguagem em conformidade com a idade deles) e levam para casa toda sexta-feira para lerem e relerem em voz baixa, alta (para melhorar a fluência da leitura), sozinho, em família. Neste ano, o nome escolhido foi "Ler-arte" (sugestão de uma aluna).

Tento incentivar que eles leiam de verdade e procurem entender o que foi lido.

Mudando um pouco de assunto (mas volto já), esses dias uma colega mandou no grupo de “zapzap” da escola que Ana Maria Machado (famosa autora infanto-juvenil) estaria aqui em Brasília para uma noite de autógrafos (fazia parte de um projeto do CCBB- Centro Cultural Banco do Brasil).

Fiquei doida para ir! Peguei meu livrinho “Menina bonita do laço de fita” que estava na escola já meio capengando (por um excelente motivo: quando dava aula para o quarto ano, eles amavam o livro e ele era escolhido quase sempre para ser levado para casa) e dei uma remendada. Chamei meu marido (que sempre me apoia nessa “doideiras” de sair, mesmo que seja em uma quinta à noite para o fim do mundo no meio do frio, sendo que tinha que acordar cedo no dia seguinte) e fomos!

Gente, foi tão legal! É muito engraçado ver uma autora famosa, da qual você já leu algumas obras, bem ali na sua frente! Tirei foto, peguei autógrafo e fiquei pulando de alegria, já imaginando como ia contar isso para meus alunos!



No outro dia, li o livro com eles e conversamos bastante em rodinha sobre ler e sua importância, para ver se aqueles que ainda estão “no meio do caminho” dão um up e se interessam mais em aprender.

 Contei que a autora estava em Brasília e que ela tinha assinado meu livro, mostrei a letrinha dela para eles e nossa foto (até para eles entenderem que o autor é uma pessoa de verdade, que existe mesmo!).



E comecei a dizer:

- Gente, foi muito legal conhecê-la. Mas sabe por que foi legal? Porque eu tinha lido alguns livros dela e gostava muito! Meninos, ler é muito bom! Já pensou? Podem ser vocês amanhã, conhecendo o autor ou autora de um livro que vocês leram. Olha que emoção! Por isso é importante ler... Porque quem lê escreve bem, sabe conversar sobre vários assuntos. Sabia que alguns filmes que vocês amam foram baseados em livros? E sabia que quase sempre o livro é mais legal que o filme? Estão vendo, se vocês lerem, vão saber mais do que tem no filme ou vão saber o final antes do filme sair! Hoje, você leem livros menores... Mas depois vocês lerão livros bem maiores, com mais de 400 páginas.

(Pausa para o “Hannnnnnn, eita poxa!” deles hehehehe)

- Meninos, se tem algo que eu, como professora, quero é que vocês se interessem em ler. Porque isso vai fazer com que  vocês conheçam mais sobre o que quiserem, sobre assuntos que vocês gostam... Gostam de carrinho? Aí vão poder ler revista sobre isso. Gostam de moda? Poderão ler sobre isso. Mas até chegar lá tem que aprender a ler e gostar!

Sei que muitos nem vão lembrar desse meu sonho compartilhado... Alguns estavam até “batendo bafão” no chão enquanto eu falava e só paravam quando eu fazia cara feia (oh raiva! hehehe). Sei que não serão todos que conseguirei alfabetizar, já perdi várias batalhas...

Mas meu sonho vai continuar aí, esperando até que se realize, ainda que seja em outro ano com outra professora mais capacitada do que eu, mas, se tornando realidade, já serei eternamente grata a Deus.

Sei que a conversa pode não ter surgido efeito em todos, mas em alguns sei que vai... E então eis que poderão surgir Anas, Ruths, Elias, escritores queridos que fazem tantas crianças terem prazer na leitura, ou  Raíssas, Guilhermes, Carlos, que não serão escritores, mas leitores ávidos por conhecimento. E, se isso acontecer com alguns, já ficarei extremamente feliz!

sexta-feira, 1 de julho de 2016

A "Boca do palhaço": reflexões sobre a educação de crianças

Esses dias, tivemos uma festa aqui na escola. Eu fiquei na boca do palhaço e foi bem interessante.

Como todos sabem, a brincadeira consiste em acertar a bolinha no buraco (a boca do palhaço) e, quem acertar, ganha uma prenda (uma lembrancinha bem lembrancinha mesmo).

Eu e minha colega ficamos lá e dávamos umas 6 bolinhas de chance para eles acertarem.

Mas foi muito engraçado. Porque as crianças começavam a jogar e, quando não acertavam, os pais pegavam as bolas e tentavam. Alguns já chegaram pedindo se podiam jogar no lugar dos filhos...

Fiquei pensando: gente, qual o sentido disso? Tive duas reflexões:

1) Até onde eu saiba, o objetivo da brincadeira é se divertir, e não a prenda. Ok, crianças são assim, querem o presente... Mas aí é o ponto: elas têm que ser ensinadas! Ensinadas que o processo e a diversão durante ele é que são o foco!

Mesmo porque, gente, se a prenda é o objetivo, então não brinca. Pega o dinheiro que você gastaria ali e compra o que você quer. Te garanto que será melhor:

Agora, se o objetivo é rir, brincar, deixa o menino jogar. Ele vai gostar de não acertar, ficará naquela expectativa se vai conseguir e essa será a graça. Aí aqui vem o próximo ponto...

2) Temos que parar de resolver as coisas por nossos filhos. Gente, ele tem que lidar com a frustração de não acertar e não ganhar. E se esforçar para atingir o objetivo.

Se eu resolvo por ele, acerto por ele, ganho por ele, qual o sentido disso? Qual alegria ele terá em uma conquista que não foi dele? Ensinamos muito quando fazemos isso: o errado.

Aí depois reclamamos que essa geração é imatura, não corre atrás, não lida bem com derrotas... Se numa brincadeira tão simples não lhe dizemos “não”, com coisas maiores ele não irá entender.

Ainda por cima uma mãe veio para a minha colega e disse que o filho (que nem era tão pequenininho) queria porque queria um balão, que não saia do pé dela. Aí virou e disse para minha colega:

- Professora, o que eu faço, ele quer um balão!

Minha colega é uma lady e respondeu, com jeitinho, que não dava, e blá blá blá. Sorte dela que não me perguntou. Porque eu responderia assim:

- Oi, mãezinha. Você quer saber o que fazer? Legal! Você vai virar para ele e dizer uma palavrinha bem bonitinha: NÃO!!!! Não tem como, filho. Ninguém está com balão e você não pode ter porque está enfeitando a festa.

Eu hein. Não dá para ceder, gente. Isso é inegociável.

Passaram algumas horas e vocês acreditam que a mãe voltou, dizendo que o menino estava dando chilique por causa do bendito balão?

Gente, que isso! O balão estava enfeitando a festa. Não estragaríamos a decoração porque o menino não sabia escutar “não”.

Hoje, ele quer o balão que não pode e tem. Amanhã só vai piorando e ele vai achando que pode tudo. E tudo começa com um balão, com uma boca do palhaço. Parece bobeira, mas não é. É bem sério...

Queridos pais, prestem atenção na educação que tem dado a seus filhos. Há um trecho da palavra de Deus que diz assim:

“Estas palavras que, hoje, te ordeno estarão em teu coração; tu as inculcarás a teus filhos, e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e ao deitar-te, e ao levantar-te”. Deuteronômio 6:6 e 7

Prestaram atenção no final? Temos que falar da lei do Senhor assentando, ao levantar, andando pelo caminho. Você sabe o que isso quer dizer? Que falamos enquanto fazemos as coisas. Que ensinamos enquanto vamos a uma festa, enquanto estamos em casa, no dia a dia. Em situações corriqueiras. Em situações grandes e pequenas.

O futuro desta geração depende da forma como as ensinamos a lidar com pequenos e grande problemas. O que temos ensinado?

sexta-feira, 24 de junho de 2016

Vida!

Hoje  é um dia muito especial para minha pessoa: é meu aniversário! Porém, esse mês tão esperado por mim não começou legal. Muitos problemas no trabalho, crises “profissionais-existenciais”, cansaço, reclamações a mil... Tinha até pensado em comemorar com meus alunos, estava super empolgada planejando mentalmente a festinha, mas confesso que dei uma boa desanimada. Aliás, já tinha era desistido mesmo. Este ano está bem mais difícil do que o anterior.

Para “acabar de inteirar”, nessa semana recebemos uma notícia que nos deixou atordoados: um aluno de nossa escola foi assassinado próximo a sua casa. O caso teve bastante repercussão e foi  noticiado na mídia.

Como forma de tentar apoiar a família neste momento difícil, fechamos a escola e fomos ao enterro na segunda-feira. Que dia horrível, que tristeza. Não o conhecia (nem de vista), mas com certeza é algo que nos choca, ainda mais por ser tão perto de nós.

Na terça-feira, voltamos às atividades. E acho que foi bem aí que a ficha meio que “caiu”. Desci para receber meus alunos e dois vieram me abraçar com um sorriso:

- Oi, professora.

Na hora que recebi o abraço, parece que um pensamento veio de encontro a mim e me atingiu em cheio, um pensamento que me rondou durante o enterro, mas que agora tomava corpo e cor: E se fosse um dos meus alunos? 

Nossa, meio que comecei a flutuar a partir dali. Ouvi as crianças da escola toda se sentarem e ouvirem atentamente (coisa que nunca tinha visto antes) o que a diretora dizia, mas era como se minha cabeça também estivesse em outro lugar, pensativa...

- Eu vi o Maurício na festa junina sexta passada. Ele conversou comigo. Achava que eu o veria na segunda-feira. Mas não, ele não está mais aqui.

Com carinho, ela explicou a história de forma que eles entendessem... Cantamos uma música sobre paz, um poema sobre morte foi lido, fizemos um minuto de silêncio. Mas aquele pensamento teimava em me rondar: E se fosse um dos meus alunos? E se fosse um dos meus alunos? 

Fomos para a sala, minha cabeça já meio que voltando para o lugar. Conversei um pouco com eles... Reiterei o que a diretora havia dito. Alguns o conheciam, outros não. Mas todos já chegaram na escola sabendo do ocorrido.

Enquanto observava meus alunos, minhas crianças, confeccionando os cartazes para o mural da escola em homenagem ao Maurício, fiquei observando seus rostos, pensando no jeitinho de cada um, nas raivas que passei com eles, nas broncas que dei, em como já dava pra conhecer seus gostos e suas personalidades... E se fosse um dos meus alunos? 

Então, outro pensamento me atingiu em cheio: sim, eu tinha que celebrar meu aniversário. Não em minha homenagem, mas sim em homenagem à vida! Sim, essa vida tão preciosa que Deus nos dá! Tinha que fazer uma festinha... Para eles terem um escape em meio a essa tristeza... Para nós festejarmos mais um dia que estamos juntos... Celebrar o hoje que Deus nos deu... Agradecermos... Nos abraçarmos... Rirmos e tirarmos fotos... Comermos coxinha e um pedação de bolo... Cantarmos parabéns, pois temos vida e estamos juntos!

Não podia adiar... Ano que vem serão outros alunos. Não sei como estaremos amanhã. Alguém sairá da turma? Mudará de escola? Não estará mais entre nós? Não sei, então temos que comemorar enquanto podemos!

E se fosse uma das minhas crianças? E poderia ter sido. Ela deixaria uma vazio enorme na sala, muito mais do que uma simples mesa e cadeira vazias, um nome riscado no diário, um caderno incompleto... Já não seria mais nossa turma, e sim outra.

Em momentos como esse precisamos parar e refletir. Eu precisava refletir e repensar. E agradecer a Deus por mais um aniversário, mais um dia de vida. Não faz sentido deixar de comemorar. É neste dia que podemos juntar amigos que não vemos há muito tempo, reencontrá-los e receber abraços carinhosos. Agradecer por minha turma estar aqui, junta, e poder celebrar a minha e suas vidas.

Obrigada queridos alunos por dividirem este momento comigo! Obrigada amigos por celebrarem este dia comigo! Obrigada Deus por mais um dia de vida, mais um ano de vida, por ter vida e poder celebrá-la... Perdão por minhas reclamações e falta de gratidão... Mas obrigada por ser meu Deus e fazer com que minha vida tenha, então, sentido!

“Até aqui no ajudou o Senhor”. 1 Samuel 7:12

“Com efeito, grandes coisas fez o SENHOR por nós; por isso estamos alegres.” Salmo 126:3