sexta-feira, 4 de setembro de 2015

Contentamento x acomodação

Os trechos abaixo foram retirados de episódios em minha vida. Fiquem calmos, ao final vocês entenderão a lógica...

Sabe, quando eu passei na Secretaria de Educação para ser professora, uma senhora muito abençoada da minha igreja me disse:

- Lívia, parabéns! Mas não se acomode com isso! Continue estudando, faça mestrado, vá além!

Aí, eu tenho duas colegas no trabalho que eu admiro muito. Uma é a D. Ela tem um filho, cozinha, arruma sua casa, é professora (ou seja, trabalha o dia todo e cansa pra caramba), faz cursos para se especializar mais, fala inglês fluentemente e faz muitas traduções em vários lugares, dá aula de português para estrangeiros, é super criativa e sempre gosta de inovar na sala e, como se não bastasse, ela ainda faz Engenharia Civil à noite...

E tem a Y. Ela é uma baita alfabetizadora. Admiro-a demais como profissional. Ela faz parte de um grupo e está sempre estudando e aplicando as técnicas que aprende lá. Seus alunos saem quase todos lendo e escrevendo ao final do ano. Peguei vários deles em 2015 e posso dizer: ela é fera!!!

Mas, sabe, na minha área, as coisas não são muito fáceis. A gente reclama muito, sempre nos desanimamos... Muitas vezes, estamos cansadas e pensamos em desistir, buscar outra coisa, porque “a educação não dá futuro”. Eu passo por várias crises assim, sou desanimada de todos os lados e já disse muitas palavras não incentivadoras a várias pessoas. Eu gosto do que eu faço, mas tem dias que faltam forças.

O fato é que, em uma dessas muitas conversas de “Oh céus, vida cruel essa de professora”, estávamos falando que nos sentíamos acomodadas em nosso emprego, que queríamos outras coisas. Mas D escutou e entrou na conversa:

- Eu não me acomodei aqui na Secretaria...

Poxa, aquilo me fez ficar pensando... Muito...

Até que um dia recebi de um colega da igreja, no grupo da Mocidade de lá, este texto super legal! Segue o link e recomendo muito a leitura:

 http://rodrigobedritichuk.blogspot.com.br/

Em uma parte do texto, ele diz:

“Batalhar para melhorar de vida é louvável, o problema é quando essa batalha se torna uma luta incessante – e frustrante – para apanhar o vento. Ora, todos lidam com o conflito entre contentamento e acomodação – saber quando a boa aceitação de uma situação constitui um comodismo que impede de seguir em frente e quando constitui um modo feliz e agradecido de levar a vida. O que a geração dos concursos tem perdido é a capacidade de se contentar.”

Gente, fantástico!!!! Nossa, juntei isso com todas as histórias acima, aparentemente sem conexão, e fiz a ligação: sim, eu posso estar no meu emprego e não estar acomodada! Não é porque trabalho muito, não ganho o que eu acho que merecia, que não posso estar contente e feliz! Gostar de onde se está não é ser acomodado. Se eu estudar, sempre procurar me atualizar profissionalmente, pesquisar formas novas de ensinar conteúdos, ideias criativas, trocar conhecimentos com meus colegas, não só chegar em casa, deitar no sofá, ver novela e ver a vida passar, sim, eu posso me contentar sem me acomodar!

Minhas colegas são o exemplo disso! A frase de D é verdadeira: ela não se acomodou. Y não se acomodou. Estão estudando, buscando formas diferentes de “fazer milagre” e mudar a história de seus alunos. Fazem suas atividades, não pararam no tempo esperando a aposentadoria.

E a frase da senhora de minha igreja é válida. Na época, entendi que ela queria dizer que eu continuasse estudando para outros concursos. Mas, depois deste texto, eu entendi: não, não necessariamente. Eu posso me contentar onde estou, e não me acomodar.

Sei que passarei por outras crises... Mas, pelo menos, estou mais segura. Não me sinto pior por estar onde estou, parecendo que parei no tempo. Muitas vezes, estamos muito menos acomodadas do que muita gente em concursos considerados “top”.

Então, força! Coragem! Vamos tentar reclamar menos e nos incentivar mutuamente! A começar em mim! Deus, me ajuda!!!!

2 comentários:

  1. Muito legal! Sempre tive dificuldade de entender essa visão, especialmente de alguns brasilienses, de que tem sempre que estudar para um concurso melhor. Não que seja errado estudar para um novo concurso, mas concordo com o que vc escreveu... trabalhar em um mesmo lugar por anos não quer dizer acomodação. E, sinceramente, eu admiro as pessoas que se dedicam a educação por muitos anos!

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  2. Tb admiro Thaís! Principalmente quando elas trabalham com um pique e empolgação que dá gosto! Conheço várias assim, graças a Deus!

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