sexta-feira, 11 de setembro de 2015

Perspectivas profissionais

Caramba! Nem acredito! Há 5 anos apresentei a "coisa" mais trabalhosa que fiz em minha vida: minha monografia. E, assim, concluí meu tão sonhado curso de Pedagogia.

No último capítulo, tinha de escrever minhas perspectivas profissionais. Ainda bem que minha orientadora era o máximo e me deu liberdade para rasgar o verbo... E resolvi por aqui.. É longo, mas eu preciso me relembrar todos os dias do que escrevi para seguir adiante sem desânimo...


  É difícil por em palavras tudo que aprendi como professora. Meus olhos se enchem de brilho (e lágrimas) ao pensar no que ainda irei aprender. Desde que pisei na FE (Faculdade de Educação, prédio da Universidade de Brasília no qual temos a maioria das nossas aulas), aliás, desde o momento em que decidi: Sim, eu quero Pedagogia, sempre tive a certeza do que queria ser. Cada matéria, cada debate, cada dia de trabalho, me levava mais a isso: sim, eu quero ser PROFESSORA! Uau, como é bom dizer isso! Mas vai muito além do que simplesmente ensinar.

Quando olho para trás, vejo como eu mudei, como cresci. E vou revelar aqui algo que nunca contei a ninguém. Apenas meu grande e poderoso Deus sabe. O maior aprendizado que obtive na Educação e sem dúvida a grande razão pelo meu grande amor por ela, o qual também é uma das grandes qualidades de Deus (a que mais admiro).

Não amo a Educação só porque nenhum dia é igual ao outro em uma escola, assim como não amo Deus só pelas bênçãos que ele me dá. Não amo a Educação só porque é lindo quando um aluno meu vê e corre para me abraçar, assim como não amo Deus só porque Ele me ama. Não amo a Educação só porque posso influenciar as crianças que alcanço e, quem sabe, fazê-las sonhar, nem amo Deus só porque  ele me ouve e se preocupa comigo. Não amo a Educação só porque adoro dar gargalhadas de chorar com minhas crianças em sala de aula, e também não amo Deus só porque Ele guia cada passo meu. Não que eu desmereça o que escrevi acima, mas é que amo Deus e a Educação por algo, que na minha opinião, é bem maior... Convido vocês a, mais uma vez, viajarem em uma história comigo. As palavras colocadas abaixo foram extraídas, como um sábio professor me disse certa vez que assim devemos fazer, do meu coração.

Há uma história bíblica da qual eu gosto bastante. O povo de Israel quis um rei e Deus lhe deu. Rei Saul. Porém, o grande desejo do povo acabou se tornando em pesadelo: Saul era um rei mau, perverso, enfim, nada do que os israelitas queriam. O povo pediu e Deus, mais uma vez, resolveu atender, mandando um rei bom, um homem segundo o Seu coração. Deus falou com Samuel, um profeta, um mensageiro Seu, para que, entre os filhos de Jessé, um israelita, ele abençoasse aquele que seria o futuro rei de seu povo. Deus lhe mostraria quem era.

E Samuel partiu,  rumo à casa de Jessé. Viu o primeiro filho dele. Fico a imaginar o que passou em sua mente. A Bíblia não relata suas características, mas deveria ser um homem bem formoso, bonito, forte, com cara e jeito de rei, pois logo que Samuel o viu pensou consigo: “Certamente, está perante o Senhor o seu ungido”(I Samuel 16:6). Mas a resposta dada por Deus a ele me faz estremecer: “Não atentes para a sua aparência, nem para a grandeza da sua estatura, porque o tenho rejeitado; porque o SENHOR não vê como vê o homem, pois o homem vê o que está diante dos olhos, porém o SENHOR olha para o coração” (I Samuel 16:7, grifo nosso).

Passaram diante de Samuel mais seis filhos de Jessé, e nenhum deles era o escolhido de Deus.  Mas eis que vem a pergunta de Samuel: “Acabaram-se os teus filhos?” (I Samuel 16:11). E Jessé respondeu: “Ainda falta o mais moço, que está apascentando as ovelhas” (I Samuel 16:11). Samuel mandou chamá-lo. Era Davi. Ele era o escolhido de Deus. Aos olhos humanos, possivelmente fraco, não tão cheio de porte quanto seus irmãos mais velhos. Mas, para Deus, um homem segundo o seu coração! Deus não é como nós, ele vê por dentro... Ele não vê somente o que vemos...

Eu não era assim. Eu só enxergava o que estava bem na minha frente. Julgava muito, comentava muito do que não sabia, compreendia pouco, não me colocava no lugar do outro. Não via além, não procurava esmiuçar a pessoa com quem eu me relacionava, apenas ficava no superficial, no visível. Se assim não era, não averiguava o que de bom o ser diante de mim poderia ter. Já estava descartado.

Até que entrei na Pedagogia. Até que comecei a trabalhar. Até que tive de escrever relatórios individuais para cada pai sobre seu filho. Até que percebi que tinha de achar qualidades, coisas únicas em cada criança. Até que vi que … Eu era cega. Completamente. Não conseguia ver nada além do que estava exposto, a não ser que... começasse a ver o coração. E foi aí que comecei a enxergar. Enxerguei a beleza de cada pequeno ser que estava sob minha responsabilidade. Enxerguei que cada criança, cada pessoa, tem um tesouro bem guardado que é só dela e nem sempre é visível. Está escondido no fundo, mas, se prestarmos mais atenção, tirarmos as lentes embaçadas do preconceito e do estereótipo e colocarmos as lentes de Deus, veremos algo belo e singular em cada um deles.

Então, comecei a trabalhar isso em minha vida. Tinha de me focar, buscar detalhes no dia-a-dia, para que meus relatórios trouxessem coisas agradáveis. E percebi que mesmo aqueles alunos que mordiam, batiam, desobedeciam quase uma aula toda, sim, até aquele que pensamos em desistir, sim, ele é um tesouro único. Tem características peculiares, sutilezas que são só dele. E isso foi além: saí dali da sala de aula e apliquei ao mundo. Comecei a observar melhor as pessoas e um milagre aconteceu: estou vendo tudo com mais nitidez! Ainda preciso melhorar, meu grau é alto e meus óculos ainda não são compatíveis, mas cada dia estou melhor. Parei de taxar. Isso é superficial demais para abarcar a grandeza que está dentro de cada um!

E sim, eu amo a Deus, muito, principalmente porque ele é o único que me vê como eu sou! Ele é o único que vê 100% o meu coração. É essa sua maior qualidade, em minha opinião: Ele não vê como vemos, ele vai além, vê meu interior. E sim, eu amo a Educação, principalmente porque ela foi o instrumento usado por Deus para me fazer ver, ver além do que está diante de meus olhos. Nunca serei como Ele, mas já não sou como antes.

Então, sobre minha perspectiva profissional, quero sim ser Professora. Uma professora que estude muito, cante com seus alunos, alegre o dia deles, se importe com suas vidas, ajude-os sempre, dê o seu melhor, que sempre pense neles, que faça-os sentir vontade de estudar, passe o conteúdo de maneira didática e divertida, sim, quero ser tudo isso. Mas, acima de tudo, não quero dizer daqui a trinta anos: “Graças a Deus me aposentei. Não aguentava mais. Mas deixei meu legado: passaram por mim mais de 700 alunos...”. Quero dizer: “É, hoje vou me aposentar. Estou feliz, mas já com saudades. Sentirei falta da Vitória e sua meiguice; do João e da sua energia; da Fran e sua vontade de aprender; do Fábio e sua sensibilidade; da Giovana e de sua responsabilidade...”e assim até chegar ao último. Quero me lembrar de cada um, das alegrias e tristezas que dividimos e de suas singularidades. Quero vê-los sem rótulo, quero vê-los por dentro, suas características mais profundas, o que faz com que sejam únicos.

Quero ser uma professora de sucesso, mas minha definição de sucesso é um pouco diferente. Gosto da que vi em um filme, chamado Fama: “Sucesso é acordar de manhã animado com o que tem para fazer a ponto de pular da cama. É trabalhar com pessoas de quem se gosta. Sucesso está relacionado com o mundo e fazer as pessoas sentirem. É conseguir unir gente que não tem nada em comum, exceto um sonho. É dormir à noite com a sensação de ter feito o melhor possível. Sucesso é alegria, liberdade e amizade. E sucesso é amor”. Quero sim formar grandes profissionais, mas, antes de um bom emprego, quero que eles aprendam a se valorizar, sabendo que são únicos, e vendo o que é único em cada pessoa.  Sei que pelas características de meus alunos eles poderão ser considerados populares, líderes, rejeitados, excluídos. Mas eu preciso ir além. Como poderei inserir uma criança que é ignorada pelas outras se eu mesma não vejo o que ela tem de bom? Ou, se não descobrir suas qualidades, como poderei ressaltá-las, para que assim os outros também vejam e olhem para ela com outros olhos?Como posso querer incentivar relações positivas entre meus alunos, se eu não ajudo meu aluno a se conhecer e, por consequência, ver o outro como alguém com quem tem o que aprender?

Pode parecer romantismo, mas eu creio nisso: cada aluno meu foi colocado em minha vida com um propósito. Ele tem uma série de características que cabe a mim investigar. E elas vão fazer uma enorme diferença em minha vida! Sem esse aprendizado que terei com ele, minha vida não será completa. Outra coisa em que acredito é na força da simplicidade. Muitas vezes, buscamos muitos cursos, graduações, especializações, e não que isso não seja importante, mas a resposta que buscamos para uma mudança na sala de aula pode ser tão simples. Singelas ações farão toda a diferença na vida deles. Um sorriso em um dia triste, um carinho, uma resposta branda no lugar do grito que a criança esperava ouvir, uma piada, uma conversa franca, uma música animada, amor.

Encerro aqui. Com outro segredo: tenho uma lista. Uma lista de atividades que quero realizar com meus alunos em sala de aula. Uma lista de pequenas e simples ações para ver suas singularidades, de como deve ser meu comportamento como professora que faz a diferença. Essa, não irei revelar aqui. Só digo isso: não vejo a hora de colocá-la em prática, não vejo a hora de conhecer meus futuros alunos, não vejo a hora de crescer mais e mais! Mas sempre com foco no coração...

2 comentários:


  1. Com certeza é uma professora muito abençoadinha! Nós (cristãos) muitas vezes dissociamos a nossa vida espiritual da profissional, mas a verdade é que é uma só! E é muito bom ver que a Palavra de Deus tem mudado sua vida como um todo!
    Que Deus continue abençoando vc!

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  2. Amém Thais! Tudo é pela dependência de Deus, porque o caminho não é fácil. Só Ele para dar forças! Beijão!

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