sexta-feira, 6 de novembro de 2015

Sobre o vídeo do menino...

Pessoal, recentemente circulou pela Internet um vídeo de um garotinho quebrando coisas em uma escola. Não o colocarei aqui porque não quero escandalizar ninguém, pois alguns se chocaram e foram extremamente contra o compartilhamento dele.

A princípio, achei um absurdo. Já presenciei várias cenas assim e me solidarizei aos educadores daquela escola.

Mas, como o ser humano é bem diverso, outras opiniões surgiram e o que, para mim, tinha apenas um lado, começou a se tornar algo polêmico... Muitos defenderam a criança, surgiram comentários em blogs e uma mãe, que passou por algo semelhante com seu filho, gravou um vídeo bem tocante...

Bom, não mudei totalmente meu ponto de vista, mas confesso que foi bem interessante ler e ver outras opiniões! Foi enriquecedor e quero comentar alguns pontos que julguei mais interessantes.

Para escrever este texto, li este blog, o qual, apesar de discordar em vários pontos, é extremamente bem escrito e vale a pena ser lido:

http://www.cientistaqueviroumae.com.br/2015/10/como-voce-se-sente-violentando-criancas.html

O vídeo que eu mencionei acima, da mãe, é este aqui. Vale a pena ser visto também: https://www.youtube.com/watch?v=ea6_jgXScOI&feature=youtu.be.

Bom, agora vamos aos comentários. Ressalto que é apenas minha opinião, não sou dona da verdade e nem quero ser. E também não tenho solução. Farei muitas perguntas, porque eu também desejo a resposta e gostaria de ajuda nisso.

Ok, agora sim, vamos ao desabafo:

1) Muitos conhecidos meus criticaram a atuação dos adultos que estavam naquela sala, pois disseram que estava errado, que eles tinham que ter feito alguma coisa, não podiam tê-lo deixado simplesmente quebrar tudo. Ok, vamos lá.

Isso se chama contenção da criança, já que, pelo visto, falar e conversar não resolveria o caso. Acontece que contenção é algo difícil de fazer. Muitas vezes nos machucamos ao fazê-la (eu já saí roxa uma vez). E eu só fiz porque meu aluno estava fora de si e ou ele me machucava ou eram seus colegas. Escolhi a primeira opção para salvar meus alunos.

Só que isso é algo perigoso, pois eles se contorcem e se debatem. É um surto mesmo! E se numa contenção dessa eu o machucasse sem querer? Uma unha encostasse nele? Ah, queridos, eu estaria bem encrencada e não adiantaria explicar o porquê que isso aconteceu. Nós educadores ficamos de mãos atadas, pois, a impressão que eu tenho, é que nessas ocasiões todos estão contra nós...

E aí? O que fazer então? Boa pergunta! Se você tiver a resposta, eu gostaria de saber também. Em outros casos que eu presenciei, a solução foi esperar a criança se acalmar, mas não é a melhor saída, pois pode acontecer igual ao vídeo: a criança não se tranquiliza e quebra tudo. Os bombeiros e policiais também ficam de mãos atadas, pois, em nosso país, condenamos reações como essas... Imagina homens entrando em uma escola e segurando uma criança? Não é uma cena bonita de se ver, e nem todos interpretariam da forma correta. Se alguns condenam em bandidos, quando é necessária uma ação mais dura para contê-los, quanto mais em crianças!

Gente, não é fácil... Pais estão perdidos... Eles não educam e querem que o façamos... Eles não sabem o que fazer e querem uma solução de nós! E nós ficamos aqui, gritando por socorro, desesperadas, pois nada podemos fazer, a não ser, por exemplo, tirar o horário do parque ou não dar algum brinquedo na sala. E você querem saber? Nos condenam por isso também! Pois dizem que não podemos tirar estes momentos das crianças. Não tem quem nos ajude, só quem julgue. Todo mundo critica e aponta o que está errado. Estou cansada disso. Gostaria de menos críticas e mais soluções...

Meu Deus! Pais, acordem! Vocês é que tem que disciplinar e educar seus filhos! Eu acredito na Bíblia e ela diz que podemos usar a vara para isso! Não há lei que me proibirá de usá-la nos meus filhos quando eu os tiver, se Deus quiser. A Bíblia não aprova o espancamento, mas vocês devem usar a vara e conversas com sabedoria. Isso não é função minha como educadora, eu auxilio a concretizar o que vocês ensinam!

Se vocês não sabem educar, orem, peçam sabedoria a Deus, conversem e peguem dicas com pais mais experientes. Mas essa é sua função!

2) Outra coisa que ouvi foi que faltou amor, olho no olho, que os professores deveriam ter abaixado à vista dele e falado com carinho, faltou ajuda, julgaram sem ouvir, faltou dar limites com amor, não acolheram.. Mas será que isso não foi feito?

Olha, não sou a pessoa mais experiente do mundo na área de educação, mas, nestes quase oito anos de profissão, há algumas coisas que ouso dizer. Não acho que foi a primeira vez que isso aconteceu. Não acho que faltou amor, às vezes estes educadores já haviam tentado de tudo! Gente, eu sou otimista. Sei que há educadores terríveis por aí, mas eu creio que a maioria ainda é comprometida. Quantas vezes fazemos tudo ao nosso alcance (e mais um pouco): falamos com amor, falamos sem amor também (porque não somos de ferro e falta paciência), voltamos ao amor, chamamos a família, negociamos com eles em sala, pedimos socorro aos orientadores e psicólogos, mas não dá... É horrível dizer isto, mas há casos sem solução e nos sentimos péssimas, pois queremos ajudar, queremos resolver, mas não conseguimos. Não somos mulheres-maravilha, não somos perfeitas, e não somos as mães!

Não estou dizendo que aprovo o fato de terem filmado ou por, de certa forma, terem irritado ainda mais o menino com suas palavras.

Mas fico a imaginar o desespero deles... Quantas vezes enfrentaram isso? Quantas vezes se sentiram impotentes? Gente, me solidarizo a eles. Porque sei sua dor... Sei o que é passar por isso e ver colegas minhas adoecerem porque passaram por situações que só vendo para acreditar. Doi, gente. Doi ver que uma colega sua fantástica entrou de licença ou está tomando remédio controlado por consequência de enfrentar anos a fio com alunos assim... E parece que só piora com o tempo...

Sei que há casos como o da mãezinha do vídeo acima, em que ela fala de seu filho com transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade TDAH). Sei que há exceções como esta, mas são poucas. Precisamos de bom-senso para saber qual caso é o que estamos lidando. Digo bom-senso porque, às vezes, até desconfiamos de que a criança possa ter algo, mas, até este diagnóstico sair, o ano acabou, pois dependemos de várias esferas e, mais uma vez, estamos de mães atadas. Mas, na maioria dos casos, a meu ver, é falta de limites e disciplina por parte dos pais.

3) Agora, em relação a alguns pontos do texto do blog que mencionei acima:

- Não, as crianças não são inocentes à luz da Bíblia, na qual acredito ser minha regra de vida. Elas nascem pecadoras, não são puras, e necessitam desesperadamente da salvação em Cristo Jesus. Mas isso não significa que a infância deva ser combatida e anulada, nem que sua opinião não deva ser considerada. Isto não está na Bíblia. Muito pelo contrário: elas são amadas por Deus e suas vidas são extremamente preciosas para Ele. Mas, se na sua disciplina for necessário o uso da vara com sabedoria, ela deve ser utilizada.

- Não acho que a infância é pouco valorizada em nossos dias. Isso pode sim ter acontecido há muitos e muitos anos... Mas hoje, o que eu vejo é exatamente o contrário: crianças mimadas, sem limites, que podem fazer tudo a hora que quiserem, pais sem autoridade que dão tudo menos educação, ou aqueles negligentes que põem o filho no mundo e não querem ter trabalho, deixando a criança “se criar” sozinha. Elas são o centro de tudo e sua opinião é valorizada até demais! Aí vêm as consequências: falta de respeito quando contrariadas, não aceitam que pensem diferente delas, meninos (as) sem noção alguma de regras de convivência, surtam e até batem nos adultos a sua volta. Mais uma vez: não sei se é o caso do menino, mas... Será que não é?

Bom, essa é minha opinião. Todos tem direito a ter uma, por isso até quis colocar o texto e o vídeo que são diferentes da minha para que assim você formule a sua.

Não estou a favor do que a direção fez (se é que foi a direção, não sei, talvez foram professores)... Mas entendo que pode ter sido no desespero... Não sabemos o que está por trás desta história... Há muitas perguntas, quase todas sem resposta. Mas acho que, assim como muitos defenderam o não julgar o garotinho, que deveríamos respeitá-lo, também defendo o não julgar aqueles educadores e o respeito por eles. Nós não somos perfeitos, erramos e nos sentimos desesperadamente sozinhos diante de situações terríveis em que não vemos solução... E, pode acreditar: nos sentimos péssimos e emocionalmente abalados quando não conseguimos ajudar e temos que admitir a “derrota” (apesar de, na prática, a derrota não ser nossa, pois não somos os pais).

Aquele garoto precisa sim de ajuda, de amor, isso é óbvio, mas seus pais precisam de uma orientação bem grande (seja vinda da escola – que talvez até tentou dar, de pessoas próximas, enfim) e seus educadores são vítimas também, e não algozes.

Como disse, não vim propor solução (quem me dera se a tivesse!). Mas sim uma reflexão... Quem sabe juntos, com opiniões iguais ou não, possamos nos ajudar e encontrar um caminho? Eu estou disposta a tentar! Mas, sozinha, não consigo...

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