domingo, 10 de janeiro de 2016

Minha morte



Há um ano, foi um dia de festa. Pelo menos era para ter sido. E, não me leve a mal, foi sim. Mas também marcou um dia significativo: a minha morte.

É, é isso ai. Eu morri. Na verdade, não foi algo assim “morri”, pronto acabou. Na verdade, o correto era eu dizer que foi o dia em que comecei a morrer... Esse processo durou 2015 inteiro... E acredito que vai continuar por um bom tempinho.

Há um ano eu me casei. E isto foi um divisor de águas em minha vida. Tipo uma mudança 180 graus.

Quando eu paro para pensar, foi um ano de extremos: muito amor, mas muita dor; um ano muito bom, mas ao mesmo tempo extremamente difícil; que passou rápido, mas no qual parece que eu vivi mais de 10 anos só nele; um ano de conhecimento e admiração, mas com momentos de raiva e de vontade de “saltar da janela” literalmente (ia ser uma queda feia, já que moro no oitavo andar hehehe).

Eu era uma menina naquele altar. Meio que fazia ideia disso, mas hoje, um ano após a cerimônia, vejo com clareza. Não sabia cozinhar, não sabia cuidar de uma casa, mimada, egoísta, um pouco estúpida.

Mas nada como um casamento para nos amadurecer. Houve dias (vários dias) em que eu simplesmente chorava, achando que não ia conseguir conciliar meu trabalho com cuidados da casa. Demorava muito na faxina, passava a manhã em pé. Ia para o trabalho com tanta dor na perna que achava que não ia aguentar. Enchia minha mãe e a Maria (a super secretária, minha salvadora e que fazia tudo por mim até eu virar gente e aprender a fazer, ainda que tenha sido só após casar) de perguntas sobre limpeza, alimentos, cozinha (ok, elas diminuíram, mas ainda faço isso bastante).

Ficava prestando atenção nas mulheres que eu conheço que são casadas há mais tempo (e as que casaram há pouco também, mesmo após mim). Ouvia o que elas diziam, como cuidavam de tudo, queria aproveitar cada palavra. Tinha que correr atrás de um prejuízo de 27 anos de desleixo em relação a tudo isso.

Essa parte me matou bem. Não foi fácil. Passei de um extremo de não fazer nada para um em que eu e meu marido fazíamos tudo. Tudo mesmo.

Mas a parte relacional foi a que me exterminou de vez. Sabia que seria difícil, sabia de meus defeitos. Só não sabia que eram tantos. E nem que eu era tão difícil assim. Achava até que eu era meio legalzinha. Mas não. Brigamos um bocado, chorei, fiz meu esposo chorar (essa partiu meu coração), fui dormir emburrada, acordei emburrada, passei o dia emburrada, até perceber que eu era a culpada e não ele. Demorou, e ainda tenho recaídas de emburramento.

Mas amadurecemos juntos. Adoecemos e cuidamos um do outro. Aprendemos a ser homem e mulher da casa, consertar coisas, deixar de ser bobo e correr atrás do que é mais barato, ser independentes, receber visitas, administrar finanças, economizar, fazer compras, cozinhar, conviver (ainda estamos trabalhando nisto). Defeitos duplicaram, mas qualidades quadruplicaram. Mas o importante é que amadurecemos juntos (a repetição é proposital)...


Hoje cozinho melhor, as faxinas são menos demoradas, fiquei mais esperta (ainda que longe do ideal). Morri... Estou morrendo... Tenho que me matar a cada dia para fazer dar certo, para Cristo reinar na minha vida e Ele ser o centro do meu lar. Se eu não fizer isso, se eu deixar meu “eu” vivo... Não, nem quero pensar nessa possibilidade. As consequências seriam desastrosas.

Se eu consegui, foi Deus. Ele nos guiou em cada área do casamento. Ele me deu forças quando estava no limite. Ele me dá sabedoria para ser perseverante. Só Ele, sempre Ele, a glória é somente dEle, como sempre foi e sempre será.

Ainda estou morrendo. Matando o que não presta para me transformar numa esposa cada vez mais próxima à virtuosa de Provérbios 31. Estou longe, mas mais perto do que há 365 dias. Uau, quantas mudanças...

Sinto-me outra pessoa. Sou outra pessoa. Anderson, meu esposo, me fez crescer, me fez mudar. Não somos mais os mesmos daquele 10 de janeiro de 2015, um dia tão feliz, o melhor da minha vida, mas o dia marcado como início de minha morte.

Mas, você, meu amor, meu bem, meu marido, foi a melhor companhia para tudo isto acontecer.

1 ano de casados... 1 ano convivendo diariamente com você, vendo Deus nos moldando. Sonhamos juntos; fizemos planos juntos; aprendemos a conciliar trabalho, casa, nossos afazeres individuais e hobbies, e espero fazer isso 365 vezes 80 anos (no mínimo). Obrigada por todas as alegrias, choros, paciência, alegrias, momentos... Hoje, acredito que sabemos administrar nosso tempo muito melhor do que antes, fazendo bem mais atividades do que quando não éramos casados (e olha que tínhamos bem mais tempo e menos responsabilidades). Deus é bom!

Te amo muito! Mas dessa vez é um amor transformado, mais maduro. Obrigada por esse ano tão turbulento, fantástico, paradoxal, complexo e perfeito. Você me entende, né?

Ainda bem que Deus me deu você... Só Ele para permitir tamanha graça para uma pessoa tão pecadora como eu!

12 comentários:

  1. Adorei seu texto, Lívia! Me identifiquei em muitas das suas "mortes" (rsrs). Parabéns pelas sua boda de Papel. Que Deus continue a ser o centro do seu casamento. Bjos. Paty Viana.

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    1. Amém Pati, muito obrigada! Deus abençoe seu casamento também! Beijão!

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  2. Assim como vc tbm casei sem saber fazer nada! Já aprendi algumas coisas e tenho muitas que ainda preciso aprender. Mas uma coisa decidi: a folga que minha mã e me deu não pretendo dar aos meus filhos. Ensinarei as coisas de casa querendo ou não. Pq qdo casarem vão sofrer um pouco menos que eu! Rs.
    Parabéns pelo aniver de casamento! Desejo tudo de bom pra vcs, ou seja, que a vontade de Deus continue se cumprindo nesse relacionamento!

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    1. Amém Thaís! Farei igual a você: nada de folga para os filhos! Aprenderão desde cedo, você está certíssima! Beijão!

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  3. Parabéns Lívia! O tempo voa, e é uma delícia estar casada, compreendo bem tudo que vc passou e ainda tem passado,tbm tenho lutas semelhantes, apesar de já saber fazer coisas de casa antes de casar, tb vejo que tenho muito a aprender, o casamento revela realmente os nossos pecados e nos faz querer ser melhores e isso só conseguimos com a graça do bom Deus!um testemunho abençoado!Deus derrame mais e mais bênçãos sobre vcs!

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  4. Olá professora abençoadinha!É assim mesmo. Em Jesus morremos e nascemos todas as manhãs quando suas misericórdias se renovam sobre nós.És virtuosa sim, quando dizes "sou outra pessoa" já mudaste, estais aprendendo. Está disposta à mudança, se empenha para isso (Eu só aprendi a cozinhar quando meu primeiro filho, Jonny, nasceu, por uma necessidade imperiosa).

    O amor é dom supremo de Deus.A Palavra diz: Se não tiver amor, nada seremos.Ele é paciente, é benigno, tudo sofre, tudo crer, tudo suporta.Regozija-se com a verdade.

    Desejo que vocês vençam todas as dificuldades e que cada dia sejam lapidados em amor, por Jesus. Que na velhice estejam juntos e deem bons frutos ao Senhor.Parabéns. Deus os abençoe ricamente!!!

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    1. Amém tia! Obrigada pleo carinho de sempre e por suas preciosas orações!

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  5. Oie Livia, tudo bem?
    Tanto empo que não nos vemos né. Amei a sua iniciativa do Blog e gosto muito de ler e sentir toda a sua sensibilidade em como tentar melhorar cada situação vivida com os olhos em Cristo. Isso inspira!
    Esse post foi inscrível, pois você coloca em palavras o que muitas de nós passamos. A parte que você escreveu "fiz meu esposo chorar (essa parte me partiu o coração), meu Deus, como me identifiquei... Pq uma vez o fiz chorar e foi a pior dor que eu poderia ter sentido. Graças por termos um Deus que nos guia e nos auxilia, graças a Ele podemos dizer que nosso casamento está muito melhor e cada dia melhora mais um pouquinho. Felicidades flor. Bjs

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    1. Oi Kellynha! Saudades! Quanto tempo mesmo! Que bom que gostou! Ainda bem que temos um Deus que nos ensina sempre, pois, sem Ele, não conseguiríamos! Um beijão!

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  6. Como só vi essa postagem hj? Mas ainda a bem que vi! Que texto mais lindo, como nosso Deus é MARAVILHOSO! Vocês são referência pra minha vida... que Ele continue abençoando esse lar e seus filhos amados! Feliz de poder ver (msm de longe) a mulher que se tornou! Grande beijo minha amiga! ❤

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    1. Querida madrinha! Obrigada pelas palavras! Você é muito amada por nós! Um beijão!

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