sexta-feira, 16 de março de 2012

Vontades

 Pessoal, quando eu trabalhava em uma escola particular (em 2009), estudei com as crianças um autor brasileiro. Foi-me indicado Elias José. Gostei bastante e, ao ver sua biografia, descobri que ele tinha uma filha com um nome lindíssimo. Adivinhem qual é? Hmmm Isso aí: Lívia! Minha xará!

  Então, o fato é que, meses depois, fui fazer um curso em uma instituição e vi em um mural uma poesia linda dele chamada “Vontades” (ela é do livro “Namorinho de portão”). Vou colocá-la abaixo. E não pensem que eu gosto muito muito muito dela só porque tem meu nome (ah, tah bom, é sim hehehehe).

VONTADES (Elias José)

Lívia vivia dizendo
que queria ser
 cegonha,
zebra,
peixe,
borboleta,
abelha,
gata,
ou passarinho.

Coruja não,
que é muito feia
e, coitada,
nem dorme direito.

Girafa não,
que é muito grande
e só tem pinta,
carne,
osso
e aquele imenso,
imenso pescoço.

Um dia,
Lívia sonhou
que virou sabiá.
Muito bonita era,
mas como sofria!
Toda noite
e todo dia,
pulando pra lá
e pra cá,
fechadinha na gaiola,
sem poder voar.

Lívia
acordou chorando.
E abriu a goela,
gritando pra mãe
que era duro
ser bicho
e agora queria ser
só ela.
  
   Brincadeiras a parte, penso muito em meus aluninhos quando leio esta poesia. A geração de agora (a de agora principalmente, mas é algo que atinge todos) não tem muita segurança de si. Não quero fazer disso aqui um tratado psicológico sobre a modernidade, o objetivo dos meus textos é ser simples. Mas isso é nítido: ninguém mais sabe quem é, não se conhece direito, se deixa abalar por tudo. É só olhar ao seu redor... E isso alcança nossas crianças. E, como educadores, não podemos fingir que não vemos.

   Quer uma sugestão? Trabalhe essa poesia com eles. Mostre que, por vezes, pensamos em ser como os outros, queremos ter suas qualidades, quem sabe até os invejamos. Mas pegue o gancho e mostre que bom mesmo é ser a gente! Não porque somos "alguém" ou somos melhores do que os outros... Mas porque Deus nos criou assim. E Ele sabe o que faz. E Ele não erra. E Ele nos ama desse jeitinho que somos, e não de outro que inventamos.

   Não há nada errado em querer mudar algo em você para sua melhora, mas querer ser outro faz com que digamos para Deus mais ou menos assim: “Não, desse jeito não funciona. O Senhor errou e pronto. As coisas são do jeito que eu quero”. Querido irmão, se você pensa assim, arrependa-se! Se alguma criança que está sob sua responsabilidade é assim, diga-lhe que se arrependa! Não deixe que os pequeninos cresçam pensando que são inferiores, sem se sentirem amados e o pior: querendo ser alguém que não são!

   Quer outra sugestão? Seja atento a cada um de seus alunos. Procure em cada um deles, dos que mais se destacam até aos que são quietos: no que eles são bons? Quem pinta bem? Quem tem mais facilidade em matemática, português, conhecimentos gerais? Quem é o líder? Quem é o simpático, o que cuida dos outros, que se importa com quem faltou? Quem é o bom de futebol, pula corda bem, é o melhor na amarelinha? Quem é o bom de papo, amigo do pessoal, brincalhão, com o sorriso mais encantador, a voz mais bonita?

   Então, após observar, elogie, faça a criança saber quem ela é, suas qualidades, para assim ela se valorizar. Claro que você, professor, não é o único responsável pela formação da autoestima deles, mas você pode contribuir demais ao ver certas nuances que em outros contextos não é possível. Incentive-os a melhorar no que precisam, mas incentive-os também a serem eles mesmos, afinal, são obra do Senhor! Foram desenhados por Ele, cada qualidade foi dada pelo Autor da vida com um propósito! E isso vale para você também, amigo educador! : ) Que Deus fale ao coração de cada um!

Desejo um bom final de semana a todos!

Nenhum comentário:

Postar um comentário