Após 7 anos, voltei para a Educação Infantil. Comecei lá, então voltei às origens... Não vou mentir: me bateu um desespero quando fui escolher turma e só sobraram os pequenos, pois sempre achei que meu perfil era de meninos maiores.
Mas hoje estou me readaptando a essa diferente rotina e posso dizer que tem sido uma surpresa agradável... Há dias bem difíceis, mas eis algumas coisas que eu aprendi...
Ser professora de Educação Infantil é:
- Ficar louca nos primeiros dias de aula, não sabendo se recebe material dos pais e escuta seus recados, se escuta o que o aluno que não está chorando está te contando, se acode o aluno que está chorando, se senta e chora também, se sai correndo gritando socorro ou se só se descabela mesmo.
- Aliás, ter a impressão de ser atropelada todos os dias por um caminhão nas primeiras semanas e ter certeza de que o período de adaptação é para você também.
- Não sentar durante horas e não lembrar que você precisa ir ao banheiro.
- Brincar de massinha com seus alunos, fingindo que desmaiou ao ser picada pela cobra venenosa.
- Não ter coluna de tanto que você fica abaixada.
- Morrer de tensão quando eles estão no parque, com medo de que se machuquem.
- Entrar em pânico quando eles se machucam.
- Ganhar pelo menos 2 abraços de cada um por dia.
- Ver como são criativos enquanto brincam de massinha.
- Ter calo nos dedos de tanto recortar.
- Fazer uma festa a cada nova descoberta deles ou quando eles vêm mostrar algo, senão ficam tristes.
- Ganhar florzinhas que eles colheram no caminho pensando em você.
- Voltar para casa e achar fiapos de cola quente na calça e cabelos.
- Mesmo sem querer, apertar o “botão da fofura” que existe em você (é, ele existe, eu também achava que não tinha) e começar a falar como eles.
- Observar seus alunos correndo no parque e, de repente, vê-los parando a brincadeira para te dar um abraço.
- Perder as contas de quantas vezes eles pedem para ir ao banheiro.
- Querer "matar" sua chefe quando ela coloca bebedouros novos na escola, dos quais saem água quando você aperta o botãozinho, que hipnotizam seus alunos. Aí eles querem sair de sala toda hora para beber água, nunca vi tanta sede!.
- Escutar as palavras “tia”ou “professora” 2.459.138 vezes, pelo menos.
- É saber que nem sempre você fará os “frufrus”mais caprichados do mundo (enfeites de agenda, lembrancinhas, cartazes etc), pois você não é a pessoa mais habilidosa do universo, ou porque você não terá tempo, ou porque não acha necessário fazer algo tão complicado e minucioso naquele momento. Mas tudo bem, o importante é dar sempre seu melhor. Você não será uma professora pior ou menos dedicada por causa disso.
- Dizer: “Acabou o parque, fazendo fila Segundo Período. A Tia Lívia só fala uma vez”. E repetir essa mesma frase 5 segundos depois.
- Sair de casa toda arrumadinha, cabelinho ajeitado, sapatilha fofa ou saltinho, blusa nova, anel e colarzinho... E voltar descabelada, coçando a mão e pescoço com agonia das bijus, blusa e unhas todas sujas de tintas, tirar a sapatilha ou o saltinho e jogar longe, dizendo que nunca mais volta a usar aquele "trem" de tanta dor na perna que você teve.
- Ser uma exímia “andadora de costas” (só os fortes entenderão hehehe).
- E uma exímia “resolvedora de problemas”, porque quando um acontece, acontecem vários: o nariz do aluno sangra, uma faz xixi na roupa, o outro cai e machuca, o outro chora porque o colega bateu, o bilhete chega meio dia para você colar em 5 minutos nas mais de 20 agendas. E você tem que resolver todos ao mesmo tempo, mulher-maravilha e super-homem!
- Ficar rouca por ter de repetir várias vezes a mesma coisa, pois eles simplesmente não escutam!!!!
- Fazer exercício vocal para evitar a rouquidão e todos acharem que você está ficando louca quando começa a fazer o Zzzzzzz, Triiiiiiiiiiiiiiii, Jjjjjjjjjjjj.
Mas ainda assim...
- Morrer de saudade quando eles vão embora.
- Ter a certeza de que seus alunos são os mais lindos que existem. :-)
Nenhum comentário:
Postar um comentário